Não foi apenas o radialista
Floriano Faissal que (inutilmente) tentou impor normas de comportamento às
macacas-de-auditório. A própria Revista do Rádio sugeriu às fãs de programas de
auditório uma série de regras que, é claro, também não foram atendidas.
Auditório da Rádio
Nacional
• Elevar o nome do astro preferido.
• Aplaudir, sim; vaiar nunca.
• Sempre que o artista estiver cantando, silêncio. Nada de
gritos histéricos.
• Cuidado com as faixas. Não
enfaixe demais o seu ídolo. E mais cautela com os dizeres das faixas. Olhar a
redação, a ortografia, o português.
• Espere o seu ídolo na porta da rádio, mas... deixe que ele
saia livremente e apenas bata palmas.
• Nada de rasgar a roupa do ídolo. As roupas custam caro.
• Se você gosta do artista que está cantando... Silêncio!
• Quando passar por um cantor ou cantora que não é de seu
agrado, fique caladinha.
• Pode entrar para os fãs-clubes de seus ídolos, mas
lembre-se... olhe os afazeres de casa.
• Respeite as fãs que são fãs dos outros.
Uma piada
O diálogo que se segue foi extraído
do livro de Rosa Nepomuceno (1999) e mostra o tipo de humor que prevalecia na
década de 1920, marcado, sobretudo, pela ingenuidade.
− Ô cumpadi. Sabe que lá na minha
cidade fizeram uma torre tão arta, mas tão arta, que tiveram que virá a ponta
dela?
− Pra quê,
cumpadi?
− Pra lua
pode passa, porque tava enganchada!
− Ô cumpadi! Na minha terra tem um
trem tão ligeiro, tão ligeiro, que quando ocê entra nele já tem que compra o
bilhete de vorta!
− Que mentira, cumpadi! Trem ligeiro
tem na minha terra! O sujeito brigou com o chefe da estação, foi dá um tapa
nele e acerto no chefe da outra estação, distante 30 quilômetros .
Piadas do Manduca
O programa retratava uma sala de aula
improvisada na casa da professora Dona Teteca (interpretada por Lígia Sarmento)
e de seu marido (Renato Murce). Os alunos não podiam ser mais impagáveis:
Manduca (Lauro Borges), Seu Ferramenta (Castro Barbosa) e Coronel Fagundes
(Brandão Filho). A produção e o texto do programa eram de Renato Murce.
− Manduca!
− Sinhô.
− Dê o
exemplo de uma coisa escura.
− Mas bem
escura?
− Isso
mesmo. Escura, bem escura, vamos.
− Bem escura... É o Leônidas,
contrastando com o Maneco, dentro de um túnel, chupando jabuticaba, os dois
vestidinhos só com uma tanguinha preta.
(Leônidas da Silva, que atuava no
Flamengo, e Maneco, meia-direita do América, eram afro-descendentes).
Como elas eram chamadas
Ademilde Fonseca → a Rainha do
Chorinho
Ângela Maria → a Sapoti (apelido
dado por Getúlio Vargas) ou a Estrela do Brasil
Dalva de Oliveira → a Estrela
Dalva do Brasil
Emilinha Borba → a Favorita da
Marinha
Carmélia Alves → a Rainha do
Baião
Neusa Maria → a voz doçura do
Brasil ou a Rainha do jingle
Olivinha Carvalho → a mais
brasileira das cantoras portuguesas
Como eles eram chamados
Almirante → a Maior Patente do
Rádio
Luis Gonzaga → o Rei do Baião
Vicente Celestino → a Voz Orgulho
do Brasil
Ivon Cury → o Chansonnier
Ruy Rey → o Rei do Mambo
Manezinho Araújo → o Rei da Embolada
Alvarenga e Ranchinho → os
Milionários do Riso
Maestro Chiquinho → o Maestro da
Simpatia Popular
Roberto Silva → o Príncipe do Samba
Blecaute → o General da Banda
Déo → o Ditador de Sucessos
Cyro Monteiro → o Cantor de Mil e
Uma Fãs
Sílvio Caldas → o Caboclinho
Querido
Carlos Galhardo → o Cantor que
Dispensa Adjetivos
Orlando Silva → o Cantor das
Multidões
Francisco Carlos → o Cantor
Namorado do Brasil
Francisco Alves → o Rei da Voz
Jorge Veiga → o Caricaturista do
Samba
Albertinho Fortuna → o
Menino-Revelação
de Ronaldo Conde Aguiar)
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