Rio de janeiro, 11 de
dezembro de 1910
Rio de janeiro, 4 de maio de 1937.
Rio de janeiro, 4 de maio de 1937.
Noel Rosa, 1916, com
seis aninhos...
Versos verdes e imperfeitos de um jovem poeta
Violão meu amigo e conselheiro
Que sempre partilhou de minha dor
Na serenata sempre foi bom companheiro
Numa modinha, o meu melhor inspirador.
Nem bandolim nem violino bem
tocado
Nem mesmo um cavaquinho em boa
mão
Me fizeram ficar tão inspirado
Quanto fiquei com o som do meu
violão.
Ele quem me ditou o canto e a
rima
Ele quem a vibrar se acostumou
Soluça no bordão, geme na
prima...
É quem me anima e me seduz
Juro deixar o mundo alegremente
Desde que tenha o violão por
cruz.
Noel Rosa, o gozador
Noel Rosa, aluno do
Colégio São Bento.
Esta nova turma está destinada a ser
uma das melhores que já passaram pelo São Bento. Dela sairá gente fadada a
vencer: médico, engenheiro, almirante, general, brigadeiro, advogado,
professor, homem de empresa. E Noel Rosa. Que os novos colegas conhecem logo na
primeira aula do surdo Mário Barreto, ele se levanta lá do fundo para perguntar:
− Professor, posso mijar no seu bolso?
− Sim, mas não demore.
Noutro dia, convencido de que Barreto
está cada vez mais surdo, incapaz de distinguir o que sai de sua boca apenas
entreaberta, torna a se levantar, a mão direita para o alto:
− Professor, posso comer a sua mãe?
− Pode ir, mas rápido.
Ao ver que a
turma se une numa gargalhada, Barreto adverte:
− Não riam,
meninos. Afinal, qualquer um pode ter a mesma necessidade.
Noel e sua Carteira de Identidade
Versos proféticos
Eu nascendo pobre e feio,
ia ser triste o meu fim.
Mas, crescendo, a bossa veio.
Deus teve pena de mim.
Trechos do livro
“Noel Rosa uma biografia”,
de João Máximo e Carlos Didier.
de João Máximo e Carlos Didier.
O último desejo de Noel Rosa
Noel Rosa, já muito
doente, pouco antes de sua morte.
Ainda segundo João Máximo e Carlos
Didier, Aracy de Almeida* ouviu de Noel “Último desejo” no derradeiro encontro
entre os dois. Dias depois, também em sua casa, o parceiro Vadico foi chamado a
passá-lo para a pauta à medida que Noel lhe ditava os versos e a melodia dessa
obra-prima de seu final de vida, e Vadico prometeu ao compositor escrever
depois a parte de piano antes de encaminhá-la à editora. “Quero mais um favor
seu, Vadico. Gostaria que você desse uma cópia da letra a Ceci.” Vadico cumpriu
a promessa. A letra autobiográfica para uma melodia magistral terminava com um
último pedido a quem Noel mais amou.
*Aracy de Almeida gravou "Último desejo" em 1º de julho de 1937. Noel Rosa havia falecido em 4 de maio.
*Aracy de Almeida gravou "Último desejo" em 1º de julho de 1937. Noel Rosa havia falecido em 4 de maio.
Ceci, a musa de seu último desejo...
Último Desejo
Noel Rosa e Vadico
Nosso amor que eu não esqueço
E que teve o seu começo
Numa festa de São João.
Morre hoje sem foguete,
Sem retrato e sem bilhete,
Sem luar, sem violão.
Perto de você me calo,
Tudo penso e nada falo,
Tenho medo de chorar.
Nunca mais quero o seu beijo,
Mas meu último desejo
Você não pode negar.
Se alguma pessoa amiga
Pedir que você lhe diga
Se você me quer ou não.
Diga que você me adora,
Que você lamenta e chora
A nossa separação.
Às pessoas que eu detesto,
Diga sempre que eu não presto,
Que meu lar é o botequim.
Que eu arruinei sua vida.
Que eu não mereço a comida
Que você pagou pra mim.
Noel Rosa tinha apenas 26 anos de
idade
(Do livro “Copacabana
– A trajetória do Samba-canção”,
de Zuza Homem de Mello)
de Zuza Homem de Mello)
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