Pois um dia, Donald,
(o dono da mundo) resolveu ir caçar patos, acompanhado de quatro de seus amigos
mais íntimos e também experts no esporte: John, Paul, Peter e Roger. E
aí estão, acampados num pântano, os cinco amigões armados até os
dentes esperando aparecer no horizonte o primeiro pato.
Ei-lo que surge, o pato,
grasnante e solitário, alvo privilegiado para qualquer pontaria. Os amigos de Donald
deixaram a ele a primícia do tiro. Donald ergueu sua arma à altura da mancha
volátil, fixou bem o bicharoco, colocou bem no centro de sua alça de mira e,
pum! Não aconteceu nada! O pato continuou voando impávido, asas pandas ao
vento, sem mudar a rota nem dar a mínima para o espoco.
Donald baixou a arma
sem olhar em volta, preparando-se para novo pato e novo tiro, escutando os
comentários, fingindo que não.
John: - Nessa hora e nessa
contraluz não é possível acertar em nada.
Paul: - Esses patos daqui são
muito traiçoeiros. A gente calcula que vão alterar o voo e eles nos enganam –
continuam sempre em linha reta.
Peter: - Realmente essa indústria
bélica nacional não é o que dizem. Se fosse uma espingarda russa não falharia
nunca.
Roger: - Senhores, tenho a
impressão de que não perceberam que, neste instante, assistimos a um milagre –
pela primeira vez na história estamos vendo um pato morto continuar voando.
(História de Millôr Fernandes, com "leves" adaptações.)
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