segunda-feira, 19 de março de 2018

Donald, o tiro certeiro



Pois um dia, Donald, (o dono da mundo) resolveu ir caçar patos, acompanhado de quatro de seus amigos mais íntimos e também experts no esporte: John, Paul, Peter e Roger. E aí estão, acampados num pântano, os cinco amigões armados até os dentes esperando aparecer no horizonte o primeiro pato.

Ei-lo que surge, o pato, grasnante e solitário, alvo privilegiado para qualquer pontaria. Os amigos de Donald deixaram a ele a primícia do tiro. Donald ergueu sua arma à altura da mancha volátil, fixou bem o bicharoco, colocou bem no centro de sua alça de mira e, pum! Não aconteceu nada! O pato continuou voando impávido, asas pandas ao vento, sem mudar a rota nem dar a mínima para o espoco.

Donald baixou a arma sem olhar em volta, preparando-se para novo pato e novo tiro, escutando os comentários, fingindo que não.

John: - Nessa hora e nessa contraluz não é possível acertar em nada.

Paul: - Esses patos daqui são muito traiçoeiros. A gente calcula que vão alterar o voo e eles nos enganam – continuam sempre em linha reta.

Peter: - Realmente essa indústria bélica nacional não é o que dizem. Se fosse uma espingarda russa não falharia nunca.

Roger: - Senhores, tenho a impressão de que não perceberam que, neste instante, assistimos a um milagre – pela primeira vez na história estamos vendo um pato morto continuar voando.

(História de Millôr Fernandes, com "leves" adaptações.)

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