“Quem sabe o mal que se esconde nos corações humanos?
O Sombra sabe! Ah! Ah! Ah! Ah! Ah! Ah!”
→ Esse personagem tão temido,
entretanto, é um homem de carne e osso como todos nós, mas como nenhum de nós
possui um poder sobrenatural: há muitos anos na Índia, ele conquistou, através
do ocultismo, a invejável faculdade de se tornar invisível – prendendo os
inimigos no mais flagrante delito, não raro empenhando-se em brigas
perigosíssimas para si e para quem conhece sua noiva, a linda Margot Lane, a
única aliás que conhece o segredo de o Sombra. Esse homem de carne e osso não é
outro senão Lamont Craston, jovem rico e elegante, possuidor de excelente
ilustração e praticante de esportes como todo bom americano.
Fonte: Acervo
particular de Frederico Jorge Barwinkel.
E quem interpretou O Sobra no Brasil foi:
→ Saint-Clair Lopes* foi locutor,
ator, apresentador, noticiarista, produtor de programas, animador e uma
referência jurídica na área de radiodifusão. Seu maior sucesso foi o seriado 'O Sombra',
na Rádio Nacional, atual Nacional do Rio.
→ O personagem Sombra**,
interpretado por Saint-Clair, era muito popular nos anos 1940, numa versão
brasileira do seriado americano que veio no pacote da chamada 'Política da Boa
Vizinhança' entre os Estados Unidos e os países sul-americanos. O programa já
fazia sucesso, nos anos 1930, na América do Norte na voz de Orson Welles.
→ Algumas frases do seriado
ficaram na memória dos ouvintes por muito tempo. As principais: sempre que o
Sombra perguntava: “Quem sabe o mal que se esconde nos corações humanos?”,
vinha a resposta: “O Sombra sabe!”, e vinha uma gargalhada sinistra: “Ah! Ah!
Ah! Ah!”.***
→ No quadro 'O rádio faz
história' do programa Todas as Vozes, a jornalista e professora da faculdade de
comunicação da PUC-RJ, Rose Esquenazi, conta como a atração repercutia nas
famílias brasileiras a mostra as vozes de Saint-Clair Lopes e Orson Welles na
interpretação do personagem O Sombra.
→ O programa Todas as Vozes vai
ao ar de segunda a sexta, das 7h05min às 10h na Rádio MEC AM do Rio de Janeiro,
com apresentação do jornalista, radialista e professor Marco Aurélio Carvalho.
*Saint-Clair Lopes nasceu no Rio de
Janeiro, em 1906. Ao contrário de muitos radioatores que se acomodaram, ele
decidiu estudar Direito e Jornalismo. Por essa razão, era sempre chamado para
criar leis e defender os interesses da radiodifusão que estava crescendo no
país. Foi professor de radiojornalismo na Faculdade de Filosofia da UFRJ e na
PUC. Foi comentarista de assembleias da ONU, em 1947, sendo a sua palavra
ouvida através da Rádio Nacional. Exerceu também a consultoria jurídica da
ABERT, dos empresários do rádio. Escreveu livros sobre a história do rádio,
como Radiodifusão, hoje e divulgou a jurisprudência da radiodifusão.
→ Antes da Rádio Nacional, ele
passou por várias estações. A primeira foi na Rádio Philips, onde fez um teste
para o programa Hora do Outro Mundo, de Renato Murce. Era uma atração criativa,
já que, supostamente, era irradiada de Marte para a Terra. Depois, trabalhou na
Rádio Educadora do Brasil, Transmissora e, finalmente, na Rádio Nacional, onde
ficou 33 anos. Foi ali que Saint-Clair Lopes mostrou todo seu talento. Com
aquela voz tão poderosa chegou a apaixonar uma fã que, ao morrer, deixou toda a
fortuna para ele. A mulher de Saint-Clair não gostou nada daquilo.
→ Para o livro do amigo Renato
Murce, Bastidores do Rádio (Ed. Imago, 1976), seu padrinho no rádio,
Saint-Clair fez uma pequena biografia que terminou assim: “Entrei pobre para o
rádio e saí dele pouco menos pobre, mas rico, muito rico de realizações que
confortam e com a consciência tranquila do dever cumprido”.
* Saint-Clair
Lopes morreu em 6/3/1980, aos 73 anos.
** O Sombra ficou no
ar por seis anos na Rádio Nacional do Rio de Janeiro.
*** A gravação da vinheta que apresentava o programa, está
disponível na Internet.
É realmente uma pena que não se ache mais esse programa pra poder escutar. Eu sou um que adoraria escutar todos os episódios.
ResponderExcluirConcordo, esse programa prendia a atenção dos ouvintes de todo o Brasil numa época pré-televisão. Quem conseguia, de alguma parte do Brasil, sintonizar a Rádio Nacional do Rio de Janeiro, ouvia pérolas com as aventuras do d´O Sombra.
ResponderExcluirNão sou da época, mas meu pai, que era de 1931 me contava sobre o programa de rádio.
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