sexta-feira, 2 de fevereiro de 2018

A calçada de Copacabana



O desenho perpendicular foi mantido até o final dos anos 20.

→ Em 1906, as ondas do calçadão se dirigiam para o mar… O desenho foi trazido pelos calceteiros portugueses. Observando a foto acima dá para perceber que as ondas eram bem mais estreitas.

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Impressionado com o que viu na Europa, o prefeito Pereira Passos ordenou a importação de pedras para forrar a calçada que separava a areia da via pública.

Usadas para pavimentação em Lisboa, datam de 1842, quando, por iniciativa do engenheiro militar português Eusébio Furtado, foram instaladas as primeiras calçadas com pequenas pedras brancas e pretas formando um zigue-zague em volta da fortaleza do castelo de São Jorge e seus arredores. Apesar de considerada irreverente, a ideia foi tão bem-aceita que se propagou para outras ruas da capital portuguesa especialmente na praça do Rossio em 1848, onde o desenho ondulado, alcunhado Mar do Lago, representava o encontro das águas do rio Tejo com as do oceano Atlântico, numa homenagem aos Descobrimentos Portugueses. Os originais calçamentos espalharam-se por outros locais lisboetas, como o Cais do Sodré em 1877 e o Chiado em 1894, e mais tarde por ruas e praças em Coimbra, no Alentejo, alastrando-se aos Açores, à ilha da Madeira e a Moçambique. Dessa maneira surgiram e proliferaram as calçadas portuguesas em mosaicos cujo assentamento exigia uma técnica especial da qual os lusitanos eram os únicos detentores. Para que não se perdessem aqueles conhecimentos sobre o artesanato de calcetar foi criado em 1986, na capital portuguesa, a Escola de Calceteiros.

Como foi dito, por iniciativa do prefeito Pereira Passos é que nasceu, em 1906, a primeira calçada de Copacabana em curvas pretas e brancas que, mais até que as do Rossio, iriam projetar sua referência visual. Dispostas perpendicularmente ao sentido da praia, tiveram que ser refeitas após uma grande ressaca ao final da década de 1920, mas já com pedra extraída de uma jazida descoberta no Rio de Janeiro. Além de mais sinuosa que as anteriores, evocando o movimento contínuo das ondas do mar, o novo desenho das curvas sofreu mais tarde uma rotação de noventa graus: a direção das ondas foi mudada no sentido longitudinal, a fim de acompanhar a orientação da praia. Daí resultaria o marcante símbolo da praia de Copacabana, o logotipo curvilíneo em preto e branco que a identifica em todo o mundo e que, obviamente, também receberia um apelido indispensável, naquela arte em que os cariocas são insuperáveis: o calçadão.

Do livro “Copacabana A trajetória do samba-canção (1929-1958)”,
de Zuza Homem de Mello


→ Em 1919, houve uma reurbanização e as ondas passaram a ser longitudinais, como nas fotos acima. Anos depois, por conta das constantes ressacas, o calçadão foi refeito e as ondas voltaram a ser perpendiculares. Mas a reforma, na década de 40 – para construção dos postos de salvamento −, selou definitivamente o formato longitudinal das ondas… Esse formato foi mantido após as obras de duplicação da avenida, nos anos 70, e resiste até hoje, como na foto abaixo.


7 Curiosidades sobre o Calçadão de Copacabana

1. O original fica na Praça do Rocio em Lisboa


→ O traçado do Calçadão é baseado no da Praça do Rossio em Lisboa, representando o encontro das águas doces do Tejo com o Oceano Atlântico. Na Praça tem uma estátua de D. Pedro IV, digo, D. Pedro I.

2. O Calçadão tem 4,15 km


(Foto de Hermán Maglione)

→ O calçadão de Copa tem cerca de 4,15 Km e percorre as praias do Leme e de Copacabana.

3. Foi construída pelo Prefeito Pereira Passos em 1906


→ As ondas eram perpendiculares ao comprimento da calçada. Somente com a reforma da década de 70 é que ganharam o sentido atual, paralelo à calçada.

4. As pedras foram importadas de Portugal


→ Foram usadas calcita branca e basalto negro importados de Portugal, também de lá veio um grupo de calceteiros (profissional utilizado até hoje para manutenção das calçadas com pedras portuguesas).

5. As Pedras do Calçadão de Copa foram usadas na Rio Branco


(Foto de Luiz Fernando)

→ Foram tantas pedras que foram utilizadas também para calçar toda a Avenida Rio Branco. Logo depois da importação foram descoberta jazidas destas pedras por todo o Brasil, mas ainda as chamamos de pedras portuguesas.

6. O estilo curvilíneo atual é de 1970


→ O estilo curvilíneo do calçadão atual só foi delineado a partir de 1970 com o aumento da faixa de areia e o alargamento das pistas da orla e com o trabalho de Burle Marx. Ele manteve o desenho original mas aumentou as curvas.

7. Em Tocantins também há uma idêntica ao Calçadão de Copacabana


→ É um monumento da Cidade de Palmas, capital do Tocantins, em homenagem aos 18 do Forte.

(Do Blog Diário do Rio.com)




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