Cercada de brancos hostis, a
estudante negra Elizabeth Eckford, de 15 anos, recebe pelas costas o insulto
racista da também adolescente Hazel Bryan. O momento preciso é registrado assim
por Dorrit Harazim no livro O Instante Certo: “Vai pra casa, negrona! Volta para a Á – clique – “frica!”
O instante que uniu o destino de
Elizabeth e o de Hazel é uma das imagens-símbolo da luta pelos direitos civis
dos negros americanos. Foi feito em 1957 por Will Counts, jovem fotógrafo que
cobria para um jornal local o tenso primeiro dia de aula de nove estudantes
negros em uma escola segregacionista de Little Rock, capital do Arkansas,
forçada a aceitá-los por decisão da Suprema Corte.
Em maio de 1947, uma bela residente
de Nova York chamada Evelyn McHale, de 23 anos, atirou-se do Empire State
Building, então o edifício mais alto do mundo, e imprimiu no capô de uma
limusine estacionada 86 andares abaixo um ninho de metal onde seu corpo
estranhamente composto não perdeu a elegância. Estampada em página inteira na
revista Life, a foto do estudante de fotografia Robert C. Wiles, que passava
pelo local, é espantosa. Nada mais se soube dele, como pouco se sabe de Evelyn.
Execução em Saigon
Eddie Adams foi o autor das fotos
mais emblemáticas da Guerra do Vietnã. Quando o general sul-vietnamita aproxima
o revólver da cabeça de um vietcongue que chora de pavor, o momento decisivo é
aquele que, no cinema, ficaria um fotograma antes do disparo. Adams ganhou o Pulitzer
com essa imagem, mas a odiava. “O chefe de polícia, general Nguyen Ngoc Loan,
matou um vietcongue e eu matei o general com minha câmera”, torturou-se até
morrer, em 2004, em 2004, aos 71 anos. “Duas vidas foram destruídas, e eu era
um herói.”
(Parte da matéria da
revista Veja, junho de 2016,
“Instante de Humanidade”, de Sérgio Rodrigues)
A foto acima, que mostra a execução
do capitão vietcongue Nguyen Van Leme pelo general vietnamita Nguyen Ngoc Loan,
no dia 1º de fevereiro de 1968, rendeu-lhe o prêmio Pulitzer Prize 1969 de
fotografia e mais de 500 prêmios. Eddie Adams estava cobrindo a Guerra do
Vietnã quando fez esta foto. O capitão vietcongue Nguyen Van Lem caiu nas mãos
do general Loan, aliado dos Estados Unidos, e foi executado por ele numa rua de
Saigon.
O que impressiona é a frieza do
fotógrafo que dá o primeiro clique com sua câmera, registrando a cena e,
imediatamente, ouve o segundo saindo da pistola do general. Será que Loan fez
pose para a foto ou foi o repórter quem capturou a cena?
Essa foto representa tudo o que havia
de mal no Vietnã. O exército dos EUA não era capaz de controlar seus aliados do
Vietnã do Sul, tão sanguinários quanto o inimigo, o Vietnã do Norte. Uma
completa situação política contida numa única foto. Dois personagens: o
executor e a vítima. Movimentos pacifistas tomaram a imagem como a
representação da brutalidade de uma guerra sem sentido.”.
(Adendo final do Blog
Vírus da Arte & Cia)
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