Em 1888, foram diplomadas as
primeiras doutoras – médicas e advogadas – do Rio de Janeiro, acontecimento que
França Júnior glosou, com espírito conservador, em sua comédia. O título deste
comentário versificado, publicado no O País de outubro daquele ano.
Se
já na vida caseira
Gosta
a mulher de chicana,
O
que será, imaginem,
Vestindo
a toga romana!
Calculem
se há promotor
Que
alguma vez se aventure
A
replicar-lhes a arenga
Num
julgamento do júri!...
Jesus!
Vai ser o dilúvio!
Vira
o mundo pelo avesso!
O
marido entra mais tarde,
A
mulher... arma um processo!
A
esposa, dócil outrora,
Pede
um chapéu, um vestido;
Não
consegue? Isto é sumário:
Processo
contra o marido!
Se
um noivo, por qualquer coisa
Roer
a corda à conquista,
Ela
embarga a bilontragem
E
ganha... em grau de revista!
Se
o marido, entrando em casa,
Acha
caras diferentes,
Não
desconfia da esposa...
Com
certeza... são clientes!
E
se uma sogra é formada
Em
ciência judiciária,
Pode
o genro, em pouco tempo,
Gozar...
de uma ação sumária!
Desta
vez é que são elas!
Crise
imprevista, não tardas!
Agora
é que vamos ver-nos
Metidos
em calças pardas!
(Do livro “Antologia de humorismo e
sátira”. De R Magalhães Júnior)
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