terça-feira, 7 de novembro de 2017

Um mundo sem Negro


Madiagne Diallo


Um grupo de brancos decidiu mudar-se para um mundo sem negro. Entraram por um túnel escuro para sair num novo lugar na América, onde qualquer traço do passado tinha desaparecido.

Respiraram profundamente de alívio e exclamaram: “Enfim, nenhum negro!”. Mas logo, perceberam que esta nova América era somente uma terra árida e fértil. A boa agricultura sumiu, pois até então, o continente comia frutas, grãos e legumes, frutos do trabalho dos escravos negros nos campos. Não tinha cidades com arranha-céus, pois Alexandre Mills, um negro, inventou o elemento que garante a segurança dos elevadores. Sem tal invenção, não se poderia subir de um andar para um outro. Quase não tinha carros, pois Richard Spikes, um negro, inventou a transmissão automática. Joseph Gammel, um outro negro, inventou o sistema de alimentação para motores combustíveis internos, e um outro negro Garret A. Morgan inventou o semáforo que regula o trânsito. Não se encontrava os trens expressos urbanos, transway, pois seu inventor foi o negro Elbert R. Robinson.

As ruas estavam sujas de lixo acumulado, pois Charles Brooks, um negro, inventou o varredor elétrico. Tinha poucas revistas e livros, pois o negro John Love inventou o apontador de lápis, o negro William Purvis inventou canetas esferográficas recarregáveis; e o negro Lee Burridge inventou a máquina de escrever, sem contar com o negro W. A. Lovette e sua nova impressora. William Barry inventou o carimbo manual e Phillip Downing, o caixa de correios. A grama era pálida e seca, pois o negro Joseph Smith inventou o regador mecânico, e o negro John Burr, o cortador de grama.

Quando entraram em suas casas, as acharam escuras, sem surpresa para nós, pois o negro Lewis Latimer inventou a lâmpada elétrica, o negro Michael Harvey a lanterna, o negro Grantville T. Woods o interruptor regulador automático. As casas estavam sujas, pois o negro Thomas W. Seteward inventou o varredor e o negro Lloyds P. Ray, a lixeira. As suas crianças estavam descalças, com roupas amassadas e cabelos bagunçados, era de se esperar, pois o negro Jan E. Matzelinger inventou a máquina que dá forma a sapatos, o negro Walter Sammons, o penteador, a negra Sarah Boone inventou a tábua de repassar e o negro Georges T. Samon o secador de roupas. Ficaram com fome e queriam comer, sem chance, pois comida estragou por faltar uma geladeira da invenção do negro John Standard.

Não é estranho, um mundo moderno sem as contribuições dos negros?

Como dizia o Martin Luther King. Jr.:

“Saibam que ao se preparar para sair até chegar ao trabalho, mais da metade das coisas que encontram e de aparelhos que usam, foram inventados por negros.”

Caros amigos, tudo isso para somente ilustrar que a história dos negros não se resume à escravidão.

*****

Caderno de Estudos, Fórum Educação Afirmativa
Sankofa / Eliza Larkin Nascimento, Organizadora.
Rio de Janeiro: Ipeafro, 2010. XXX p: Il. pp. 34/35 (trecho).

Nenhum comentário:

Postar um comentário