terça-feira, 7 de novembro de 2017

Brizoletas



Brizola por Xico Carlos

Quando o engenheiro Leonel Brizola foi eleito governador do Rio Grande do Sul* nas eleições de 1958, tinha apenas 36 anos. No governo do Estado, a ousadia de algumas das suas atitudes foi, muitas vezes, atribuída a arroubos de um jovem político.

Seu comportamento audacioso ficou mais evidente e conhecido quando encampou empresas norte-americanas e quando, resistindo ao golpe militar – após a renúncia do Presidente Jânio Quadros, em 1961 –, liderou a Campanha da Legalidade, garantindo a posse do vice João Goulart.

Um desses atrevimentos, pouco lembrado, foi cometido pelo jovem engenheiro nos primeiros meses de governo, em julho de 1959, quando ele, respaldado pela Assembleia Legislativa, emitiu letras do Tesouro do Estado que ficaram conhecidas como as “brizoletas”.


Sem dinheiro no caixa sequer para pagar os funcionários públicos, quem diria para levar adiante algum projeto novo, como o plano da escolarização (Nenhuma Criança Sem Escola, no Rio Grande do Sul), Brizola fez como fizeram alguns países, inclusive o Brasil em 1942, em tempos de guerra: lançou as letras ou Brizoletas. Elas eram o equivalente a bônus de guerra. A população passou a usar brizoletas como usava as cédulas de cruzeiros: para pagar as compras, abastecer o carro e tudo o mais. Hoje, são raridade e procuradas por colecionadores de cédulas.


Essa que ilustra esta página foi ganha por João Curio de Carvalho, como parte do pagamento do seu salário de ferroviário. João é pai do chargista Marco Aurélio e foi presidente do Nacional Atlético Clube, um clube de futebol porto-alegrense extinto em 1958 e fundado por funcionários da Viação Férrea.

*(1959/1962)




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