Paulo Roberto Gaefke
Observando algumas formigas no
jardim aqui de casa, percebi que todas seguiam uma mesma rota carregando folhas
maiores que elas mesmas. Mas seguiam firme em direção ao formigueiro que descobri
poucos passos adiante, o que para elas deveria representar uma grande viagem.
De repente, percebo que uma delas está com uma folha exageradamente grande nas
costas. Deveria ser pelo menos vinte vezes maior que ela, e seu esforço era
notado a distância. Fiquei ali imaginando o orgulho dessa formiga presunçosa,
carregando aquela folha gigantesca... e como ela deveria estar ansiosa em
mostrar a formiga rainha como ela era forte, como ela era capaz, quem sabe até
ganharia uma promoção.
Enquanto a fila de formigas
seguia em direção ao formigueiro, essa formiga girava em volta de si mesma, sem
conseguir sair do lugar, seu esforço era tão grande que mal avançava um passo,
voltava dois para trás. Estava tão cega, tão entretida na sua luta de carregar
aquele mundão nas costas que nem percebeu que todas as formigas largaram as
folhas para escapar do pé de um menino que vinha correndo atrás de uma bola. As
formigas escaparam por pouco, mas nossa amiguinha não teve a mesma sorte...
morreu esmagada, agarrada à sua folha gigante.
Assim como a formiga, nós, seres
humanos inteligentes e sensíveis, de vez em quando, queremos carregar mais
coisas em nossas costas do que podemos suportar. Os problemas dos outros, as
dores do mundo e a ganância de querer sempre mais, de ser mais e melhor e
quando acordamos para a realidade estamos esmagados pelo peso de nossa
insensatez.
Cuide mais de você, o dia passa,
as pessoas passam, o tempo passa, mas você fica, você será a sua eterna companhia.
Todos podem até fugir de você, mas você não pode fugir desse encontro com você
mesmo, com a sua paz interior, com a sua felicidade. Por amor a você, carregue
apenas a sua mala, e de preferência, o mais vazia possível!
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