O povo san, os primeiros habitantes
do sul da África, acreditava que depois da morte o espírito humano se
defrontava com quatro caminhos. Três dos quatro caminhos eram estradas
magníficas com chão liso, sombreadas por árvores altas, que levavam ao Inferno.
O quarto caminho era uma estrada calcinada de pedras soltas que levava ao
Paraíso. O espírito precisava escolher, e a sua escolha não era entre o Inferno
e o Céu, era entre o caminho e o destino. Andar por uma das três estradas
largas e prazerosas engrandeceria o espírito, mesmo que levasse à perdição.
Escolher o caminho mais difícil castigaria o espírito, mas o levaria à
salvação. O que era uma opção para os mortos era um enigma para os vivos: vale
mais a viagem ou seu fim? O que se aproveita da vida se ela for apenas uma
provação para a alma?
(Trecho de uma
crônica de Luís Fernando Veríssimo,
em ZH, em 19.07.2010)
em ZH, em 19.07.2010)
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