domingo, 17 de setembro de 2017

Histórias de chatos



Encontro de chatos

- Entra o chato no bar e se senta. Vem atendê-lo o garçom chato. Fala o chato:
- Me dá um copo d 'água.
Pergunta o garçom chato:
-  Mineral?
O chato responde:
- Natural!
E o garçom chato, se complicando:
- Natural?
E o outro:
- Natural que é mineral!
- Não entendi – disse o garçom chato. – O senhor quer água mineral ou natural?
- Mineral!
- Ah... mineral?
- Natural!
- Ai, meu Deus... Não entendi. O senhor está dizendo que quer um copo d'água natural, não é?
- Não! Eu quero um copo d'água mineral!
- Ah... O senhor quer um copo d'água mineral, não é isso?
- É natural!
- Natural???
- Chega!!! Não quero mais água nenhuma. O senhor complica tudo!
- Então o senhor quer o quê?
- Me traz um chope.
- Escuro?
- Claro!

Chato na rua...

Eu encontro um chato na rua, que eu nunca vi na minha vida, e ele me cutuca:
- E daí, cara, tu não és o Jorge Ivan, que todos conheciam como Fuca, lá de Uruguaiana?
- Não, meu amigo, não me chamo Jorge Ivan e sou de Santa Maria.
- Mas tu não ias nos bailes de carnaval do Gaúcho, ali na Praia de Belas...
- Não, meu amigo, carnaval eu só gosto de assistir na avenida, não sou de bailes...
- Mas tu não te formaste em Direito?
- Não, formei-me em Letras, fui professor...
- Quer dizer que não és o Jorge Ivan e não te formaste em Direito?
- É isso mesmo. Sou o Nilo Moraes e não me formei em Direto.
- Tu és o Nilo Moraes?
- Sou sim...
- Então é contigo mesmo que eu quero falar!

Copiando uma historinha do Álvaro Moreyra...

Vou caminhado pela Rua da Praia, quando alguém me cutuca, logo vi que se tratava de um chato, pois todo chato cutuca:
- E daí, meu irmão, o que há de novo?
- A nossa intimidade...

Chato em parada de lotação

Tarde da noite, estou esperando, cansado, o meu lotação para ir para o meu bairro, Ipanema, quando um chato puxa conversa:
- E daí, companheiro, o que tu esperas do novo prefeito?
- É cedo ainda para se esperar alguma coisa...
- E do governo do gringo de Caxias?
- Não espero nada ainda...
- Esperas alguma novidade neste verão?
- Não.
- Esperas alguma coisa do Trump.
- Nada.
- Esperas ir para o céu.
- Nunca.
- Afinal, o que o tu esperas com ardor nesta vida?
- A única coisa que espero nesta vida é que o lotação venha logo...

Mas o chato não desistiu:

- Tu és capaz de guardar um segredo?
Claro.
- Bem, estou precisando de cinquenta reais emprestados...
- Podes ficar tranquilo... Vou fazer de conta que nem ouvi...
Mas, mesmo assim, emprestei dinheiro e nunca mais o vi. E quer saber? Valeu a pena.
  
O pedido de um chato preciosista


O chato preciosista chegou na confeitaria e mandou fazer um bolo confeitado. Bem bonito, pedindo ao confeiteiro:

- Eu quero um bolo de aniversário. Escreve em cima: “Feliz Aniversário” . Fica pronto a que horas?

- Daqui a uns vinte minutos o senhor pode vir buscar.

Ele voltou vinte minutos depois. O bolo estava pronto. Ele olhou bem o bolo, examinou bem, afastou-se um pouco para olhar bem a obra de arte do confeiteiro e falou:

- Olha, eu queria mais bonito. Mais enfeitado, sabe, mais colorido. E olha: em vez de “Feliz Aniversário”, escreve: “Felicidades mil!” O senhor não acha que fica melhor?

- É, fica – disse o confeiteiro meio desanimado. Mas pode passar daqui a meia hora que estará pronto.

Meia hora depois, o chato voltou:

- Como é? Gostou? – perguntou o confeiteiro.

O chato examinou o bolo longamente, fechou os olhos, coçou o queixo, releu a frase:

- Faz o seguinte: bota mais umas flores em volta do bolo, mais cor. E aumenta aí a frase. O senhor não acha que pode ser uma frase mais expressiva?

- É... pode ser...

- Pois é. Põe aí: “Felicidades mil! Parabéns! Muito amor!” Isso: “Muito amor”, põe aí!

O confeiteiro conformou-se e fez todas as modificações. Algum tempo depois, o chato voltou.

- Ah, sim. Agora está lindo!

- Posso embrulhar? – perguntou o confeiteiro.

- Não, não precisa não. Eu vou comer aqui mesmo!

Barbeiro chato

Vou cortar o cabelo com um barbeiro terrivelmente chato. Ele corta e chateia o freguês o tempo todo. Sento na sua cadeira e ele me  pergunta:
- Como o senhor vai querer que eu corte o seu cabelo?
E eu, baixinho no seu ouvido
- Em silêncio...

Considerações sobre o chato:
   

Aquele chato era tão alienado que, quando caía em si, tirava o corpo fora.

Era um chato metido a intelectual tão colonizado que nos restaurantes da moda só pedia caldo de cultura.

O chato encontrou o teatro de portas fechadas: pregaram-lhe uma peça.

A notícia da morte daquele chato causou grande surpresa. Ninguém lembrava que ainda estava vivo.

Aquele chato era um jogador sem sorte. Em toda sua vida só acertou uma vez. Na roleta russa.

E aquele outro chato era considerado gente fina porque sempre fazia vista grossa.

O chato é o inteligente que não deu certo.

Nunca mande texto a um chato gramatical – ele procura e vê erro em tudo que é escrito e falado.

Há muitos tipos de chatos, sendo o mais famoso o chato-de-galochas, cujo nome provém do sujeito que calçava as galochas e saía de casa com chuva torrencial para atormentar alguém a domicílio. Hoje, seria o chato “on delivery”.

Há o chato autocrítico. Este chega com um sorriso constrangido e confessa: “Eu sei que sou chato... Mas dá pra levar um papo...”.

Notícia boa sobre chato: “Sabe do fulano? Que chato, morreu...”

Quando o chato chega em casa, a família dele finge que já está dormindo.

O Tom Jobim, uma das maiores autoridades em chatos, ensinou um truque que proclamava infalível: “Use óculos escuros. O chato fica desorientado, pois ele adora ver o próprio rosto refletido em seus olhos desesperados.”

Quando vamos ao cinema
Assistir a um filme lindo,
Um chato, na nossa frente,
Fica o tempo todo tossindo



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