Envelhecer
Bastos Tigre*
Entra pela velhice com cuidado,
Pé ante pé, sem provocar rumores
Que despertem lembranças do passado,
Sonhos de glória, ilusões de amores.
Pé ante pé, sem provocar rumores
Que despertem lembranças do passado,
Sonhos de glória, ilusões de amores.
Do que tiveres no pomar plantado,
Apanha os frutos e recolhe as flores
Mas lavra ainda e planta o teu eirado
Que outros virão colher quando te fores.
Apanha os frutos e recolhe as flores
Mas lavra ainda e planta o teu eirado
Que outros virão colher quando te fores.
Não te seja a velhice
enfermidade!
Alimenta no espírito a saúde!
Luta contra as tibiezas da vontade!
Alimenta no espírito a saúde!
Luta contra as tibiezas da vontade!
Que a neve caia! O teu ardor não
mude!
Mantém-te jovem, pouco importa a idade!
Tem cada idade a sua juventude.
Mantém-te jovem, pouco importa a idade!
Tem cada idade a sua juventude.
Envelhecer (II)
Bastos Tigre
Boa noite, velhice, vens tão
cedo!
Não esperava, agora, a tua vinda.
Eu tão despreocupado estava, ainda,
Levando a vida como num brinquedo…
Não esperava, agora, a tua vinda.
Eu tão despreocupado estava, ainda,
Levando a vida como num brinquedo…
Tens tão meigo sorriso e um ar
tão ledo;
Nos teus cabelos como a prata é linda!
Ao meu teto, velhice, sê bem-vinda!
Fica à vontade. Não me fazes medo.
Nos teus cabelos como a prata é linda!
Ao meu teto, velhice, sê bem-vinda!
Fica à vontade. Não me fazes medo.
E ela assim me falou, em tom
amigo:
- Estranha me supões, mas, em verdade,
Há muito tempo que, ao teu lado, eu sigo.
- Estranha me supões, mas, em verdade,
Há muito tempo que, ao teu lado, eu sigo.
Mas, da vida na estúrdia
alacridade,
Não me viste viver, seguir contigo…
Eu sou, amigo, a tua mocidade.
Não me viste viver, seguir contigo…
Eu sou, amigo, a tua mocidade.
Soneto da velhice
Nildo Cordel
Passa o tempo de segundo em segundo
Vai ficando nossa idade tão comprida!
Vai diminuindo com ele nossa vida
E a nossa passagem pelo mundo.
Vai sumindo a inocência de criança
Vão morrendo os amigos preferidos
E por nós vão sendo esquecidos
Os tão lindos tempos da infância...
Resistentes, abraçamos a velhice,
Não há mais quem queira nos amar
E o que faremos chamarão de caduquice...
O que nos resta então é lamentar
Pois quando chega a nossa natalice
Ninguém lembra de parabéns nos desejar.
Vai
Vai diminuindo com ele nossa vida
E a nossa passagem pelo mundo.
Vai sumindo a inocência de criança
Vão morrendo os amigos preferidos
E por nós vão sendo esquecidos
Os tão lindos tempos da infância...
Resistentes, abraçamos a velhice,
Não há mais quem queira nos amar
E o que faremos chamarão de caduquice...
O que nos resta então é lamentar
Pois quando chega a nossa natalice
Ninguém lembra de parabéns nos desejar.
Velhice solitária
Cristina Lima
Ela carregava nos ombros, o peso
da idade.
Caminhava devagar, com passos atrasados,
deixando para trás a longínqua mocidade,
e seguindo a estrada sem tempo para os atalhos.
Levava em suas tralhas, velhos pensamentos,
que só lhe era possível lembrar, graças aos retratos
entulhados num canto, que lhe serviam de unguento,
nas horas solitárias em cubículos fechados.
Mas nada a deixava fraquejar,
pois tudo em sua face era forte e consistente.
Há muito, deixara para trás o sorriso inocente.
Agora só lhe resta velhas lembranças
de tempos idos e novas feridas,
estampadas no rosto como cartão de visitas.
Caminhava devagar, com passos atrasados,
deixando para trás a longínqua mocidade,
e seguindo a estrada sem tempo para os atalhos.
Levava em suas tralhas, velhos pensamentos,
que só lhe era possível lembrar, graças aos retratos
entulhados num canto, que lhe serviam de unguento,
nas horas solitárias em cubículos fechados.
Mas nada a deixava fraquejar,
pois tudo em sua face era forte e consistente.
Há muito, deixara para trás o sorriso inocente.
Agora só lhe resta velhas lembranças
de tempos idos e novas feridas,
estampadas no rosto como cartão de visitas.
Velhice
Amaro Vaz
Tantos pardais, - nenhuma
andorinha-
Vejo nas praças da minha velhice
Vem a saudade, eu vôo à meninice
E ao voar, tremula a velha asinha.
Cresci, envelheci, eu sei... dignamente
Por isso eu me orgulho do passado
Até aquele antigo passo errado
Promove o conhecer-me plenamente.
Voltando às andorinhas de outrora
Eu tento descobrir o dia e a hora
Do voo cego... da minha despedida.
Espero, que não me expulsem, os pardais
Sou uma velha andorinha, nada mais...
Deixe-me, em paz, dizer adeus à vida.
Vejo nas praças da minha velhice
Vem a saudade, eu vôo à meninice
E ao voar, tremula a velha asinha.
Cresci, envelheci, eu sei... dignamente
Por isso eu me orgulho do passado
Até aquele antigo passo errado
Promove o conhecer-me plenamente.
Voltando às andorinhas de outrora
Eu tento descobrir o dia e a hora
Do voo cego... da minha despedida.
Espero, que não me expulsem, os pardais
Sou uma velha andorinha, nada mais...
Deixe-me, em paz, dizer adeus à vida.
Nenhum comentário:
Postar um comentário