→ Tratamento do glaucoma ganha
novo aliado com prótese minúscula que pode ser implantada no olho sem efeito
colateral.
→ Os pacientes brasileiros com
glaucoma, considerada a principal causa de cegueira irreversível do mundo,
acabam de ganhar mais uma opção no tratamento da doença: o implante de um
microdispositivo dentro do olho, mais especificamente no canal de Schlemm, para
estabilizar a pressão intraocular. A prótese funciona como um auxílio para o
olho drenar o humor aquoso, um líquido transparente que tem como objetivo
nutrir as estruturas internas do órgão. No caso das pessoas que sofrem com
glaucoma, essa drenagem não ocorre de maneira natural, o sistema entope, a
pressão intraocular aumenta e com o tempo causa danos graves ao nervo óptico.
Até então, os pacientes tinham três opções para o tratamento: colírios, que
causam efeitos colaterais, cirurgias a laser, que não são de fácil acesso, ou a
trabeculectomia, que, apesar de ter ótimo resultado, compromete a estrutura
ocular.
→ Em compensação, o implante do
microdispositivo, além de oferecer uma recuperação mais rápida, mantém a
conjuntiva intacta para outros procedimentos. “É uma opção principalmente para
pacientes com glaucoma primário de ângulo aberto (GPAA), de leve a moderado”, diz
a oftalmologista Regina Cele. Embora possa ocorrer em crianças, o GPAA é a
forma mais comum da doença e costuma se manifestar depois dos 40 anos. “O ideal
é que seja feita junto com a cirurgia de catarata ou após, porque o resultado é
melhor quando você tem a cirurgia combinada”. De acordo com a médica, é
possível que o paciente receba mais de uma prótese. “Estudos americanos e
europeus mostram que no implante da segunda prótese você tem uma redução bem
significativa da pressão intraocular”, afirma.
Sem colírio
→ A nova técnica é a esperança de
Jeanete Dias Marques, 71 anos, que está de cirurgia marcada para os próximos
dias. Há trinta anos a aposentada faz tratamento com colírios, mas sem sucesso.
Além de ser alérgica ao medicamento e, por isso, sofrer com o olho vermelho e
dores de cabeça diárias, a pressão do olho dela não diminuiu. “Estou bem
esperançosa para a cirurgia, para não precisar mais usar o colírio”, diz ela.
Em um estudo de caso realizado em 27 hospitais dos Estados Unidos, 73% dos
pacientes que receberam a prótese puderam permanecer sem uso de medicação por
pelo menos um ano, sendo que apenas 50% dos indivíduos que foram submetidos
exclusivamente à cirurgia de glaucoma mantiveram-se sem o colírio, pelo mesmo
período.
→ O dispositivo, já liberado pela
Anvisa, só pode ser aplicado por cirurgiões que passaram por um treinamento, já
que a técnica exige bastante precisão. O Istent é colocado por meio de um
aparelho semelhante a uma caneta. O paciente é submetido a uma leva sedação e a
anestesia ópica, sem o uso de agulha. A rápida recuperação exige no máximo uma
semana de repouso. A cirurgia sai por cerca de R$ 6 mil.
(Revista IstoÉ –
agosto de 2017)
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