quarta-feira, 16 de agosto de 2017

Etiqueta no zapzap



→ Estabelecer regras de conduta é providência fundamental para que grupos de WhatsApp não virem uma terra sem lei, onde duelos se sucedem e abalam amizades. (L.B.)

→ A possibilidade de comunicar-se à distância com várias pessoas ao mesmo tempo, sem precisar interromper o que se está fazendo, mudou para sempre o alcance e a qualidade das relações sociais. Mas esse é um terreno novo e movediço em que as convenções ainda estão sendo traçadas. Portanto, erra-se muito. No ardor da conversa em que não se vê a cara do interlocutor, há grande risco de calcular mal palavras e reações. Os especialistas em etiqueta digital – sim, isso existe – advertem: num grupo, é sempre melhor levar a fama de lacônico que a tagarela. A seguir, um manual de sobrevivência no WhatsApp.


Os 5 Mandamentos

I

→ Nunca adicione uma pessoa a um grupo sem antes perguntar se ela quer participar.

II

→ Estabeleça regras de conduta (“Cuidado com os excessos de vídeos”, “Evite colar links”, “Não mande piadas picantes”).

III

→ Só poste mensagens que interessem a pelo menos metade do grupo.

IV

→ Não fale demais.

V

→ Fuja das polêmicas.

Ih, deu barraco!

→ Se seu nome for citado, aja rápido. Responda que aquele não é o lugar para discutir a questão e transfira o caso para uma conversa a dois. Se continuar a ser alvo do que considera ofensa ou ataques sistemáticos, saia do grupo ou alerte o administrador para remover o agressor. Guarde evidências e conversas, caso queira levar o caso à polícia.

→ Se você for espectador, mantenha distância. O melhor é ficar quieto. No máximo, sugira que os envolvidos levem a briga para contatos particulares.

Isso pode:

→ Desabilitar as duas flechinhas azuis que indicam se a mensagem foi lida, uma forma moderna de espionagem.

→ Desabilitar o recurso que mostra se a pessoa está on-line, outra ferramenta espiã.

→ Quem sabe português deve desativar também o corretor automático. Ele é um inimigo disfarçado, pronto para dar o bote em quem não relê o que escreve.

→ Esgotar o assunto em uma mensagem curta e direta. Repicar o texto em uma saraivada de posts confunde as respostas e resulta em uma conversa insana.

→ Postar selfies bacanas, que todo mundo vais gostar de ver. Foto treinando corrida não dá. Foto na chegada da maratona, com a medalha na mão, merece ser exibida. Nude NÃO pode.

→ Não responder. Se a conversa acabou ou você está cansado e sem paciência, o silêncio é a melhor resposta. Faça disso um hábito, e os outros não vão estranhar.

→ Usar o grupo para compartilhar avisos e informações de interesse geral. Só tenha antes certeza de que não é notícia falsa – tendo em mente que há abundância de notícia falsa por aí.

→ Sair do grupo. Sim, isso é possível. (Veja abaixo.)

Isso não pode:

→ Alongar-se naqueles assuntos em que o melhor é concordar em discordar. Os mais candentes são política, religião e futebol – não necessariamente nessa ordem.

→ Mandar correntes, charadas e mensagens motivacionais. São itens que abarrotam a caixa de mensagens, consomem memória do celular e desafiam a paciência dos membros do grupo.

→ Teclar com sono, ou depois de três cervejas (ou qualquer outra bebida alcoólica). O risco de escrever o que não se deve é enorme.

→ Discutir a relação, seja ela amorosa, de amizade ou de trabalho. Melhor fazer a dois.

→ Um emoji é bom, dois até pode, três é o máximo. Fileiras de carinhas acabam por não dizer nada.

→ Cuidado ao usar letras maiúsculas acionando a tecla CAPS LOCK. No cerimonial da internet, usa-se o recurso para GRITAR com alguém.

→ Quando for ridicularizar alguma coisa, tenha certeza de que isso não se aplica a um integrante do grupo. “Gente, o cara usa pochete!” pode ofender uma pessoa que também seja adepta do acessório.

→ O ministério do bom-senso informa: em grupos de WhatsApp, “Bom-dia” ao acordar e “Boa-noite” ao se recolher podem causar indigestão.

Como sair do grupo com elegância:

→ Alegue que o celular é seu instrumento de trabalho e que a quantidade de arquivos compartilhados está comprometendo a memória do aparelho. Coloque-se à disposição para contatos particulares. No limite, diga que vai sentir saudade.

→ Aproveite um momento de muita troca de mensagens e saia de fininho, torcendo para que não percebam. Se perceberem e cobrarem – “Ops, foi engano”.

→ Se não foi avisado de que seria de que seria adicionado ao grupo, você tem o direito de sair imediatamente, sem dar chance de que o gesto seja levado para o lado pessoal.

(Matéria da revista Veja, março de 2017)



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