→ Estabelecer regras de conduta é
providência fundamental para que grupos de WhatsApp não virem uma terra sem
lei, onde duelos se sucedem e abalam amizades. (L.B.)
→ A possibilidade de comunicar-se
à distância com várias pessoas ao mesmo tempo, sem precisar interromper o que
se está fazendo, mudou para sempre o alcance e a qualidade das relações
sociais. Mas esse é um terreno novo e movediço em que as convenções ainda estão
sendo traçadas. Portanto, erra-se muito. No ardor da conversa em que não se vê
a cara do interlocutor, há grande risco de calcular mal palavras e reações. Os
especialistas em etiqueta digital – sim, isso existe – advertem: num grupo, é
sempre melhor levar a fama de lacônico que a tagarela. A seguir, um manual de
sobrevivência no WhatsApp.
Os 5 Mandamentos
I
→ Nunca adicione uma pessoa a um
grupo sem antes perguntar se ela quer participar.
II
→ Estabeleça regras de conduta
(“Cuidado com os excessos de vídeos”, “Evite colar links”, “Não mande piadas
picantes”).
III
→ Só poste mensagens que interessem a pelo menos metade do
grupo.
IV
→ Não fale demais.
V
→ Fuja das polêmicas.
Ih, deu barraco!
→ Se seu nome for citado, aja
rápido. Responda que aquele não é o lugar para discutir a questão e transfira o
caso para uma conversa a dois. Se continuar a ser alvo do que considera ofensa
ou ataques sistemáticos, saia do grupo ou alerte o administrador para remover o
agressor. Guarde evidências e conversas, caso queira levar o caso à polícia.
→ Se você for espectador, mantenha
distância. O melhor é ficar quieto. No máximo, sugira que os envolvidos levem a
briga para contatos particulares.
Isso pode:
→ Desabilitar as duas flechinhas
azuis que indicam se a mensagem foi lida, uma forma moderna de espionagem.
→ Desabilitar o recurso que
mostra se a pessoa está on-line, outra ferramenta espiã.
→ Quem sabe português deve
desativar também o corretor automático. Ele é um inimigo disfarçado, pronto
para dar o bote em quem não relê o que escreve.
→ Esgotar o assunto em uma mensagem
curta e direta. Repicar o texto em uma saraivada de posts confunde as respostas
e resulta em uma conversa insana.
→ Postar selfies bacanas, que todo mundo vais gostar de ver. Foto treinando
corrida não dá. Foto na chegada da maratona, com a medalha na mão, merece ser
exibida. Nude NÃO pode.
→ Não responder. Se a conversa
acabou ou você está cansado e sem paciência, o silêncio é a melhor resposta.
Faça disso um hábito, e os outros não vão estranhar.
→ Usar o grupo para compartilhar
avisos e informações de interesse geral. Só tenha antes certeza de que não é
notícia falsa – tendo em mente que há abundância de notícia falsa por aí.
→ Sair do grupo. Sim, isso é
possível. (Veja abaixo.)
Isso não pode:
→ Alongar-se naqueles assuntos em
que o melhor é concordar em
discordar. Os mais candentes são política, religião e futebol
– não necessariamente nessa ordem.
→ Mandar correntes, charadas e
mensagens motivacionais. São itens que abarrotam a caixa de mensagens, consomem
memória do celular e desafiam a paciência dos membros do grupo.
→ Teclar com sono, ou depois de
três cervejas (ou qualquer outra bebida alcoólica). O risco de escrever o que
não se deve é enorme.
→ Discutir a relação, seja ela
amorosa, de amizade ou de trabalho. Melhor fazer a dois.
→ Um emoji é bom, dois até pode, três é o máximo. Fileiras de carinhas
acabam por não dizer nada.
→ Cuidado ao usar letras
maiúsculas acionando a tecla CAPS LOCK. No cerimonial da internet, usa-se o
recurso para GRITAR com alguém.
→ Quando for ridicularizar alguma
coisa, tenha certeza de que isso não se aplica a um integrante do grupo.
“Gente, o cara usa pochete!” pode ofender uma pessoa que também seja adepta do
acessório.
→ O ministério do bom-senso
informa: em grupos de WhatsApp, “Bom-dia” ao acordar e “Boa-noite” ao se
recolher podem causar indigestão.
Como sair do grupo com elegância:
→ Alegue que o celular é seu
instrumento de trabalho e que a quantidade de arquivos compartilhados está
comprometendo a memória do aparelho. Coloque-se à disposição para contatos
particulares. No limite, diga que vai sentir saudade.
→ Aproveite um momento de muita
troca de mensagens e saia de fininho, torcendo para que não percebam. Se
perceberem e cobrarem – “Ops, foi engano”.
→ Se não foi avisado de que seria
de que seria adicionado ao grupo, você tem o direito de sair imediatamente, sem
dar chance de que o gesto seja levado para o lado pessoal.
(Matéria da revista Veja, março de 2017)
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