Roberto Carlos X Tarso de Castro
Sylvia Amélia, em
1969 no Rio, antes de virar baronesa /Foto: Evandro
→ Está radicada em Paris há mais de 40 anos,
desde que se casou com o barão francês Gérard de Waldner, primo do banqueiro David
de Rothschild, a baronesa Sylvia Amélia de Waldner, neta do grande sanitarista
Carlos Chagas, descobridor da doença de Chagas.
→ Musa de estilistas como Yves
Saint Laurent, Valentino e Givenchy, ela ficou conhecida no soçaite carioca
pelo apelido de “pantera”, dado pelo colunista Ibrahim Sued nos anos 70 em
referência à sua beleza arrebatadora. E põe um ponto final na especulação de
que teria sido a musa inspiradora de Roberto Carlos no hit ‘Detalhes’, que,
segundo o biógrafo Paulo César de Araújo, o cantor teria composto para
conquistá-la. “Nunca fomos nem amigos. Seria uma honra, mas só o conheço como
fã e ouvinte”.
Tarso de Castro: 1941-1991 (o outro cabeludo).
A tática da conquista
→ No fundo, no fundo, era
variação de tática aplicada ainda em sua coluna na Última Hora para conquistar
a socialite Sílvia Amélia Chagas Marcondes Ferraz, neta do sanitarista Carlos
Chagas: “Estou a 200
metros de Silvia Amélia”. “Hoje, fiquei apenas 50 metros ”. “Hoje, estou
a 10 metros ”.
Houve uma disputa entre Tarso e Roberto, que teria inspirado a canção Detalhes.
O rei da censura às biografias nega que Tarso seja o cara do trecho ”Se um
outro cabeludo aparecer na sua rua”. O certo é que os dois tiveram cada qual
seu romance com a Pantera de Ibrahim Sued. Silvia Amélia hoje é baronesa Silvia
Amélia de Waldner. Vive em Paris, casada com o herdeiro de uma das famílias
mais tradicionais da França.
(Texto do Blog do
Tarso)
Detalhes
(Erasmo Carlos e
Roberto Carlos)
Não
adianta nem tentar me esquecer,
Durante
muito tempo em sua vida,
Eu
vou viver.
Detalhes
tão pequenos de nós dois
São
coisas muito grandes pra esquecer,
E
a toda hora vão estar presentes,
Você
vai ver.
Se
um outro cabeludo aparecer na sua rua,
E
isso lhe trouxer saudades minhas,
A
culpa é sua.
O
ronco barulhento do seu carro,
A
velha calça desbotada ou coisa assim,
Imediatamente
você vai, você vai lembrar de mim.
Eu
sei que um outro deve estar falando ao seu ouvido.
Palavras
de amor como eu falei, mas eu duvido!
Duvido
que ele tenha tanto amor,
E
até os erros do meu português ruim,
E
nessa hora você vai, você vai lembrar de mim.
À
noite envolvida no silêncio
Do
seu quarto,
Antes
de dormir você procura o meu retrato,
Mas
da moldura não sou eu quem lhe sorri,
Mas
você vê o meu sorriso mesmo assim,
E
tudo isso vai fazer você, você lembrar de mim.
Se
alguém tocar seu corpo como eu,
Não
diga nada.
Não
vá dizer meu nome sem querer
À
pessoa errada.
Pensando
ter amor nesse momento,
Desesperada
você tenta até o fim,
Mas
até nesse momento você vai,
Você
vai lembrar de mim.
Eu
sei que esses detalhes vão sumir
Na
longa estrada,
Do
tempo que transforma todo amor
Em
quase nada.
Mas
“quase” também é mais um detalhe,
Um
grande amor não vai morrer assim.
Por
isso, de vez em quando você vai...
Você
vai lembrar de mim...
Não
adianta nem tentar me esquecer,
Durante
muito, muito tempo em sua vida,
Eu
vou viver
Não,
não adianta nem tentar,
Me
esquecer...
Silvia Amélia Chagas
por Tom Cardoso
→ A lenda da baronesa de Waldner,
que vive discretamente em paris e teria inspirado “Aquela canção do Roberto”
nos anos 70 (Detalhes).
→ No começo da década de 70, um
jornalista e um cantor travaram uma batalha fratricida pelo coração da mulher
mais bonita e elegante do Rio de Janeiro. As armas foram escolhidas. Tarso de
Castro, o jornalista, valeu-se do reconhecido e infalível charme, o mesmo com
que laçara Leila Diniz, Ana Maria Magalhães e Norma Bengell. Já o cantor,
Roberto Carlos, muniu-se do talento para escrever canções de amor, o que lhe
conferia uma certa vantagem. Com o olhar pidão de sempre, decerto cantou sua
nova canção no ouvido da musa inspiradora. “Se um outro cabeludo aparecer na
sua rua/ E isso lhe trouxer saudades minhas/ A culpa é sua...”.
→ Mas nem o rei Roberto, nem
Tarso, o cabeludo, a fisgaram. O escolhido foi um barão. E francês. A moça e o
jovem Gérard de Waldner, herdeiro de uma das mais tradicionais famílias da
França, casaram-se em 1973, em Paris, onde vivem felizes até hoje e, provavelmente,
para sempre. Tarso foi chorar as mágoas com Paulo Francis e Jaguar, seus
colegas de “O Pasquim”. Roberto Carlos seguiu se apaixonando e escrevendo
canções de amor, sem jamais esquecer “os detalhes tão pequenos” daquela tórrida
paixão.
→ Silvia Amélia Chagas valia por
uma guerra inteira. Era linda, rica e bem-nascida, neta de Carlos Chagas, o
renomado médico sanitarista que combateu no Brasil a tripanossomíase (conhecida
popularmente, por sua causa, como Doença de Chagas). Foi a alegria de todos os
colunistas sociais de sua época, de Jacinto de Thormes a Ibrahim Sued, que a
transformou em “A Pantera”. “Não havia no Rio de Janeiro uma mulher que
chegasse aos pés de Silvia Amélia. Ela sabia disso. Era cortejada por todos os
grandes partidos da cidade, inclusive por meu irmão [o economista Roniquito de
Chevalier], mas nunca se deslumbrou, não levantava o nariz para ninguém”, diz a
atriz e jornalista Scarlet Moon de Chevalier.
→ Discreta, só por alguns anos se
entregou a badalações e à vida boêmia da Ipanema dos anos 70 ‒ exatamente no
intervalo do fim do primeiro casamento com o empresário Paulo Marcondes Ferraz
e a vida de baronesa em Paris, quando Tarso e Roberto (e metade dos homens da
zona sul carioca) queriam tê-la nos braços.
Entrevista pelo
correio
→ Silvia Amélia, 64, não gosta de
falar do passado. É ela própria quem atende à ligação da reportagem de
Serafina, de sua mansão no oitavo distrito, uma das regiões mais elegantes de
Paris. Estava de malas prontas para mais uma viagem pelo sul da França, onde a
família Waldner tem uma série de propriedades, incluindo um suntuoso castelo, o
mesmo onde o príncipe Charles foi flagrado nu por um paparazzo, em 2004 ‒ o
ex-marido de Diana é afilhado da baronesa Louise de Waldner, sogra da
ex-Pantera de Ibrahim.
→ A conversa com a baronesa durou
alguns segundos. Silvia Amélia pediu para que o repórter enviasse as perguntas
pelo correio ‒ não o de e-mail, mas o convencional. Prometeu, sem muita
segurança, que, quando chegasse de viagem, as responderia. Despediu-se
educadamente, sem antes ouvir:
‒ Foi para a senhora que Roberto Carlos compôs “Detalhes”?
‒ Não.
→ O próprio Roberto e o
historiador Paulo César Araújo, autor da biografia proibida pelo rei, negam que
“Detalhes” tenha nascido do efêmero caso de amor. Há controvérsias. A canção,
de 1971, foi feita na mesma época em que o cantor e a socialite eram vistos
quase todas as tardes na suíte presidencial do Copacabana Palace. Se Roberto
não escreveu a canção para Silvia Amélia, quem seria a homenageada? Para a mãe,
Lady Laura, é que não foi. E o cabeludo, que vivia aparecendo pela bandas da
Vieira Souto, onde moravam os Chagas, provavelmente era Tarso. Desde os tempos
de colunista da “Última Hora”, ele anunciava, otimista: “Estou a 200 metros de Silvia
Amélia”. “Hoje, fiquei apenas a 50 metros ”. “Hoje, estou a 10 metros ”.
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