Pesquisa identifica Machado de Assis
em foto histórica sobre abolição
em foto histórica sobre abolição
Foto histórica
ampliada 15 vezes,
revela que Machado de
Assis estava próximo da questão abolicionista.
→ A Brasiliana Fotográfica
divulgou no último domingo ter descoberto um registro fotográfico inédito de
Machado de Assis (1839-1908).
→ O site de fotografias
brasileiras do século 19 e do começo do 20 identificou a presença do escritor
em uma imagem sobre o fim da escravidão. Em 17 de maio de 1888, quatro dias
depois da assinatura da Lei Áurea, uma missa campal foi celebrada em São Cristóvão , no
Rio, em homenagem à abolição da escravatura.
→ Cerca de 30 mil pessoas
estiveram presentes. A missa foi retratada pelo fotógrafo Antônio Luiz
Ferreira. De uma posição um pouco acima do nível do chão, ele fez uma tomada
panorâmica que contemplou uma larga extensão do Campo de São Cristóvão. Na
imagem se misturaram negros recém-libertos, jornalistas, intelectuais,
representantes do império e da igreja. O escritor Lima Barreto, então com sete anos,
também esteve na missa. No canto esquerdo, está a princesa Isabel e seu marido,
o conde D’Eu.
→ Agora os pesquisadores da
Brasiliana Fotográfica notaram a presença de Machado, próximo ao casal real. A
fotografia da missa, ainda hoje pouco divulgada, integra a coleção do IMS
(Instituto Moreira Salles), instituição que, em parceria com a Biblioteca Nacional,
abastece a Brasiliana Fotográfica. A equipe do portal, lançado há um mês,
digitalizou a fotografia em alta resolução e se dedicou a examinar os detalhes
da cena.
→ O palco em que aparece a
princesa Isabel foi ampliado 15 vezes, o que revelou um homem bastante
semelhante ao escritor. Segundo o site, especialistas na obra do autor de “Dom
Casmurro”, como Eduardo Assis Duarte e Ubiratan Machado, confirmaram tratar-se
realmente de Machado.
→ É possível ver apenas uma parte
do rosto do escritor, atrás de um senhor de barba branca, não identificado. “A
foto é uma representação muito importante do contexto da época, e ainda
demonstra que Machado estava próximo da questão abolicionista”, diz Sergio
Burgi, coordenador de fotografia do IMS. Ao site da Brasiliana Fotográfica,
Ubiratan Machado, autor de “Dicionário de Machado de Assis”; e um dos
principais estudiosos da documentação machadiana, diz que a presença do
escritor na missa era “fato até hoje desconhecido pelos biógrafos”.
→ Machado, contudo, escreveu ao
menos duas crônicas sobre a missa, em que satiriza a classe política da época. Nas
primeiras décadas do século 20, Machado, mulato bisneto de escravos
alforriados, foi criticado por ser omisso em relação à escravidão. Estudos
posteriores, no entanto, mostraram que ele retratou com argúcia as contradições
sociais do país no século 19,
a escravidão entre elas.
→ Desde os anos 1870 Machado
escreveu diversas crônicas contra a escravidão na imprensa da época. “Não bato
o martelo de que é o Machado, mas realmente parece muito com ele”, diz Valentim
Facioli, professor aposentado da USP, dono da editora Nankin e pesquisador de
Machado há 50 anos.
→ “Se for realmente ele, é mais
uma prova para desqualificar as bobagens de que Machado era indiferente à
escravidão. Sempre foi um abolicionista, mas à moda dele, sem militar em grupos
ou comícios.” “Parece realmente o Machado daquele período”, diz o inglês John
Gledson, outro estudioso do autor.
→ “Me surpreende que ele
estivesse tão perto da princesa. Ele não era exatamente membro da elite, embora
já fosse famoso na época”.
(Do Blog Focus –
Escola de Fotografia)
Princesa Isabel e seus convidados ilustres
Missa Campal – 18 de
maio de 1888
→ Dois anos após a publicação da
fotografia produzida por Antônio Luiz Ferreira, Missa campal celebrada em ação
de graças pela Abolição da Escravatura no Brasil, realizada no Rio de
Janeiro, em 17 de maio de 1888,
a Brasiliana Fotográfica a republica com mais uma
identificação, dessa vez, do padre baiano José Alves Martins do Loreto (1845 –
1896), redator e sócio proprietário do jornal O Apóstolo. O reconhecimento foi
feito pelo leitor Pedro Juarez Pinheiro. Além das identificações iniciais, que
incluíram Machado de Assis (1839 – 1908), muitas outras já foram
realizadas a partir de indicações feitas pelos leitores desse portal, que
aceitaram o desafio de apontar outras pessoas presentes no evento. Mas ainda há
muito trabalho pela frente. Novos reconhecimentos são bem-vindos! Na silhueta
abaixo, o padre Loreto é o número 21.
01 – Princesa Isabel (1846-1921)
– princesa imperial do Brasil e três vezes regente do Império do Brasil. Ficou
conhecida como a Redentora por ter assinado a Lei Áurea.
02 – Luis Filipe Maria Fernando
Gastão de Orleans, o conde d´Eu (1842-1922) – príncipe do Brasil por seu
casamento com a princesa Isabel.
03 – Não identificada.
04 – Possivelmente o Marechal
Hermes Ernesto da Fonseca (1824-1891) – político e militar brasileiro, irmão do
general Deodoro da Fonseca, primeiro presidente do Brasil, e pai do futuro
presidente do Brasil, Hermes Rodrigues da Fonseca.
05 – Machado de Assis (1839-1908) – um dos maiores
escritores brasileiros de todos os tempos.
06 – Possivelmente José de
Miranda da Silva Reis, marechal de campo e Barão Miranda Reis (1824-1903) – foi
ajudante de campo e camarista do imperador Pedro II e participou da Guerra do
Paraguai. Exerceu importantes cargos, dentre eles foi ministro do Superior
Tribunal Militar e dirigiu a Escola Superior de Guerra e o Arsenal de Guerra do
Rio de Janeiro.
07 – Possivelmente José do
Patrocínio, encoberto por uma lança, (1854-1905) – escritor e jornalista, uma
das maiores figuras do movimento abolicionista. Na foto está segurando a mão de
seu filho primogênito, que ao fim da missa foi beijado pela princesa Isabel.
08 – Jornalista (?) não identificado.
09 – Possivelmente José Ferreira
de Souza Araújo, conhecido como Ferreira Araújo (1848-1900) – um dos mais
importantes jornalistas da época, foi diretor da Gazeta de Notícias e sob o
pseudônimo Lulu Sênior escreveu as muito populares colunas Macaquinhos no
Sótão, Balas de Estalo e Apanhados. Foi o vice-diretor da Comissão Central da
Imprensa Fluminense, formada para organizar e programar os festejos em torno da
Abolição.
10 – Thomaz José Coelho de
Almeida (1838-1895) – ministro da Guerra, integrante do Gabinete de 10 de março
de 1888.
11 – Rodrigo Silva (1833-1889) –
ministro dos Negócios da Agricultura e interino dos Negócios Estrangeiros, integrante
do Gabinete de 10 de março de 1888.
12 – José Fernandes da Costa
Pereira Júnior (1833-1899) – ministro do Império, integrante do Gabinete de 10
de março de 1888.
13 – João Alfredo Correia de
Oliveira (1835-1919) – presidente do Conselho de Ministros do Gabinete de 10 de
março de 1888.
14 – Maria José Velho de Avelar,
Baronesa de Muritiba (1851-1932) – dama do Paço e amiga íntima da princesa Isabel.
15 – Maria Amanda de Paranaguá
Dória, Baronesa de Loreto (1849-1931) – dama do Paço e amiga íntima da princesa
Isabel.
16 – Fernando Mendes de Almeida
(1845-1921) – na época, diretor e redator-chefe do Diário de Notícias. Era o
segundo secretário da Comissão Central da Imprensa Fluminense, formada para
organizar e programar os festejos em torno da Abolição.
17 – Jornalista (?) não identificado.
18 – Jornalista (?) não identificado.
19 – Senador ou deputado (?) não identificado.
20 – Possivelmente Ângelo
Agostini (1843-1910) – italiano, um dos primeiros e mais importantes
cartunistas do Brasil. Fez uma intensa campanha pela abolição da escravatura.
Fundou e colaborou com diversos jornais e revistas, dentre eles a “Revista
Illustrada”, que circulou entre 1876 e 1898.
21 – Padre José Alves Martins do Loreto (1845 – 1893),
redator e sócio proprietário do jornal “O Apóstolo”.
→ À esquerda da fotografia, estão
vários padres diante do altar, que ainda não conseguimos identificar. Dentre
eles, segundo a imprensa da época, estariam o celebrante da missa, padre
Cassiano Coriolano Collona, capelão do Exército e um dos fundadores da
Confederação Abolicionista, criada em 19 de fevereiro de 1888; o padre-mestre
Escobar de Araújo, vigário de São Cristóvão; os padres Castelo Branco e Telêmaco
de Souza Velho e o padre Loreto, agora identificado.
→ O missal usado na cerimônia, em
veludo carmezin, tinha a seguinte inscrição: “13 de maio de 1888 – Esse missal
foi o que serviu na missa campal, celebrada em 17 de maio de 1888, no campo de
São Cristóvão, em ação de graças pela promulgação da lei que extinguiu a
escravidão no Brasil”. O missal e a campainha utilizados foram, assim como a
garrafa de vinho Lacryma Christi, doados. Segundo a imprensa da época, formavam
as alas do altar as ordens terceiras de São Francisco de Paula, de São
Francisco da Penitência e de Nossa Senhora do Carmo, além das irmandades de São
Cristóvão e do Rosário com seus galões e candelabros. Estandartes de
associações e de escolas podem ser vistas na foto.
→ A importância dos jornais do
Rio de Janeiro no processo da Abolição da Escravatura fica evidenciada na missa
campal por dois fatos: antes do início da cerimônia, o ministro da Guerra, Thomaz
José Coelho de Almeida (identificado na foto – número 10), “ergueu um viva à
imprensa nacional”; e, representando a imprensa, o jornalista Fernando Mendes
de Almeida (identificado na foto – número 16, vestindo uma toga) ajudou na
celebração da missa campal.
→ A missa campal do dia 17 de
maio de 1888 foi um dos festejos pela Abolição da Escravatura organizada pela
Comissão Central da Imprensa Fluminense. Possivelmente, seus integrantes estão
identificados na foto usando uma faixa na qual podemos ler a palavra imprensa.
A presença de Lima Barreto na Missa Campal
→ Apesar de não estar
identificado na fotografia de Antonio Luis Ferreira, o escritor e jornalista
Afonso Henriques de Lima Barreto (13/05/1881 – 1/11/1922), na época com 7 anos,
contou em uma crônica publicada na Gazeta de Tarde, de 4 de maio de 1911, que
esteve presente a esse momento histórico, levado por seu pai, João Henriques de
Lima Barreto. Escreveu: Houve missa campal no Campo de São Cristóvão. Eu fui
também com meu pai; mas pouco me recordo dela, a não ser lembrar-me que, ao
assisti-la, me vinha aos olhos a “Primeira Missa”, de Vítor Meireles. Era como
se o Brasil tivesse sido descoberto outra vez… A crônica de Lima Barreto foi
transcrita no blog
do Instituto Moreira Salles.
→ Uma curiosidade: Lima Barreto
nasceu justamente no dia em que foi abolida a escravatura no Brasil, 13 de maio
de 1881. Seus pais eram filhos de ex-escravizadas.
Abaixo, no lado esquerdo da foto, vemos
no altar da celebração, as figuras ilustres presentes nessa Missa Campal, ente
elas, Machado de Assis...
“Missa Campal
celebrada em ação de graças
pela Abolição da escravatura no Brasil”.
pela Abolição da escravatura no Brasil”.
Foto do plano geral
de Antonio Luiz Ferreira, 1888.
Lima Barreto e a Missa Campal
Lima Barreto e a Missa Campal
Estamos em maio, o mês das flores, o
mês sagrado pela poesia. Não é sem emoção que o vejo entrar. Há em minha alma
um renovamento; as ambições desabrocham de novo e, de novo, me chegam revoadas
de sonhos. Nasci sob o seu signo, a treze, e creio que em sexta-feira; e, por
isso, também à emoção que o mês sagrado me traz se misturam recordações da
minha meninice.
Agora mesmo estou a lembrar-me que,
em 1888, dias antes da data áurea, meu pai chegou em casa e disse-me: a lei da
abolição vai passar no dia de teus anos. E de fato passou; e nós fomos esperar
a assinatura no Largo do Paço.
Na minha lembrança desses
acontecimentos, o edifício do antigo paço, hoje repartição dos Telégrafos, fica
muito alto, um sky-scraper; e lá de uma das janelas eu vejo um homem que acena
para o povo.
Não me recordo bem se ele falou e não
sou capaz de afirmar se era mesmo o grande Patrocínio.
Havia uma imensa multidão ansiosa,
com o olhar preso às janelas do velho casarão. Afinal a lei foi assinada e, num
segundo, todos aqueles milhares de pessoas o souberam. A princesa veio à
janela. Foi uma ovação: palmas, acenos com lenço, vivas…
Fazia sol e o dia estava claro.
Jamais, na minha vida, vi tanta alegria. Era geral, era total; e os dias que se
seguiram, dias de folganças e satisfação, deram-me uma visão da vida
inteiramente festa e harmonia.
Houve missa campal no Campo de São
Cristóvão. Eu fui também com meu pai; mas pouco me recordo dela, a não ser
lembrar-me que, ao assisti-la, me vinha aos olhos a “Primeira Missa”, de Vítor
Meireles. Era como se o Brasil tivesse sido descoberto outra vez… Houve o
barulho de bandas de música, de bombas e girândolas, indispensável aos nossos
regozijos; e houve também préstitos cívicos. Anjos despedaçando grilhões,
alegorias toscas passaram lentamente pelas ruas. Construíram-se estrados para
bailes populares; houve desfile de batalhões escolares e eu me lembro que vi a
princesa imperial, na porta da atual Prefeitura, cercada de filhos, assistindo
àquela fieira de numerosos soldados desfiar devagar. Devia ser de tarde, ao
anoitecer.
Ela me parecia loura, muito loura,
maternal, com um olhar doce e apiedado. Nunca mais a vi e o imperador nunca
vi, mas me lembro dos seus carros, aqueles enormes carros dourados, puxados por
quatro cavalos, com cocheiros montados e um criado à traseira.
Eu tinha então sete anos e o
cativeiro não me impressionava. Não lhe imaginava o horror; não conhecia a sua
injustiça. Eu me recordo, nunca conheci uma pessoa escrava. Criado no Rio de
Janeiro, na cidade, onde já os escravos rareavam, faltava-me o conhecimento direto
da vexatória instituição, para lhe sentir bem os aspectos hediondos.
Era bom saber se a alegria que trouxe
à cidade a lei da abolição foi geral pelo país. Havia de ser, porque já tinha
entrado na consciência de todos a injustiça originária da escravidão.
Quando fui para o colégio, um colégio
público, à Rua do Resende, a alegria entre a criançada era grande. Nós não
sabíamos o alcance da lei, mas a alegria ambiente nos tinha tomado.
A professora, Dona Teresa Pimentel do
Amaral, uma senhora muito inteligente, a quem muito deve o meu espírito, creio
que nos explicou a significação da coisa; mas com aquele feitio mental de
criança, só uma coisa me ficou: livre! livre!
Julgava que podíamos fazer tudo que
quiséssemos; que dali em diante não havia mais limitação aos propósitos da
nossa fantasia.
Parece que essa convicção era geral
na meninada, porquanto um colega meu, depois de um castigo, me disse: “Vou
dizer a papai que não quero voltar mais ao colégio. Não somos todos livres?”
Mas como ainda estamos longe de ser
livres! Como ainda nos enleamos nas teias dos preceitos, das regras e das leis!
Dos jornais e folhetos distribuídos
por aquela ocasião, eu me lembro de um pequeno jornal, publicado pelos
tipógrafos da Casa Lombaerts. Estava bem-impresso, tinha umas vinhetas
elzevirianas, pequenos artigos e sonetos. Desses, dois eram dedicados a José do
Patrocínio e o outro à princesa. Eu me lembro, foi a minha primeira emoção
poética a leitura dele. Intitulava-se “Princesa e Mãe” e ainda tenho de memória
um dos versos:
Houve um
tempo, senhora, há muito já passado…
São boas essas recordações; elas têm
um perfume de saudade e fazem com que sintamos a eternidade do tempo.
Oh! O tempo! O inflexível
tempo, que como o Amor, é também irmão da Morte, vai ceifando aspirações,
tirando presunções, trazendo desalentos, e só nos deixa na alma essa saudade do
passado às vezes composta de coisas fúteis, cujo relembrar, porém, traz sempre
prazer.
Quanta ambição ele não mata! Primeiro
são os sonhos de posição: com os dias e as horas e, a pouco e pouco, a gente
vai descendo de ministro a amanuense; depois são os do Amor ‒ oh! como se
desce nesses! Os de saber, de erudição, vão caindo até ficarem reduzidos ao
bondoso Larousse. Viagens… Oh! As viagens! Ficamos a fazê-las nos nossos pobres
quartos, com auxílio do Baedecker e outros livros complacentes.
Obras, satisfações, glórias, tudo se
esvai e se esbate. Pelos trinta anos, a gente que se julgava Shakespeare, está
crente que não passa de um “Mal das Vinhas” qualquer; tenazmente, porém,
ficamos a viver, esperando, esperando… o quê? O imprevisto, o que pode acontecer
amanhã ou depois. Esperando os milagres do tempo e olhando o céu vazio de Deus
ou deuses, mas sempre olhando para ele, como o filósofo Guyau.
Esperando,
quem sabe se a sorte grande ou um tesouro oculto no quintal?
E maio volta… Há pelo ar blandícias e
afagos; as coisas ligeiras têm mais poesia; os pássaros como que cantam melhor;
o verde das encostas é mais macio; um forte flux de vida percorre e anima
tudo…
O mês augusto e sagrado pela poesia e
pela arte, jungido eternamente à marcha da Terra, volta; e os galhos da nossa
alma que tinham sido amputados – os sonhos enchem-se de brotos muito verdes, de
um claro e macio verde de pelúcia, reverdecem mais uma vez, para de novo
perderem as folhas, secarem, antes mesmo de chegar o tórrido dezembro.
E assim se faz a vida, com desalentos
e esperanças, com recordações e saudades, com tolices e coisas sensatas, com
baixezas e grandezas, à espera da morte, da doce morte, padroeira dos aflitos e
desesperados…
(Do Blog IMS –
Instituto Moreira Salles)
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