quinta-feira, 1 de junho de 2017

Letra maluca de Noel Rosa e Lamartine Babo

A.B.Surdo é uma avacalhação ao chamado movimento futurista, vanguarda artística fundada pelo poeta italiano Filippo Tommaso Marinetti. Música gravada em 1931 por Olga Jacobino e Lamartine Babo.

Nasci na Praia do Vizinho, 86,
Vai fazer um mês.
(Vai fazer um mês)
Que minha tia me emprestou cinco mil réis
Pra comprar pastéis.
(Pra comprar pastéis)

É futurismo, menina,
É futurismo, menina,
Pois não é marcha
Nem aqui nem lá na China.(bis)

Depois mudei-me para a Praia do Caju
Para descansar.
(Para descansar)
No cemitério toda gente pra viver
Tem que falecer.
(Tem que falecer).

É futurismo, menina,
É futurismo, menina,
Pois não é marcha
Nem aqui nem lá na China. (bis)

Seu Dromedário é um poeta de juízo,
É uma coisa louca.
(É uma coisa louca)
Pois só faz versos quando a lua vem saindo
Lá do céu da boca.
(Lá do céu da boca)

É futurismo, menina,
É futurismo, menina,
Pois não é marcha
Nem aqui nem lá na China.

Futurismo

O futurismo é um movimento artístico e literário surgido oficialmente em 20 de fevereiro de 1909, com a publicação do Manifesto Futurista, do poeta italiano Filippo TommasoMarinetti, no jornal francês Le Figaro. A obra rejeitava o moralismo e o passado. Apresentava um novo tipo de beleza, baseado na velocidade e na elevação da violência.

O slogan do primeiro manifesto futurista de 1909 era “Liberdade para as palavras”, e considerava o design tipográfico da época, especialmente em jornais e propaganda. A diferença entre arte e design passa a ser abandonada e a propaganda é escolhida como forma de comunicação.

O novo é uma característica tão forte do movimento, que este chegou a defender a destruição de museus e de cidades antigas. Considerava a guerra como forma de higienizar o mundo.

O futurismo desenvolveu-se em todas as artes, influenciando vários artistas que posteriormente instituíram outros movimentos modernistas. Repercutiu principalmente na França e na Itália, onde vários artistas, entre eles Marinetti, se identificaram com o fascismo.

O futurismo enfraqueceu após a Primeira Guerra Mundial, mas seu espírito rumoroso e inquieto refletiu no dadaísmo, no concretismo, na tipografia moderna e no design gráfico pós-moderno.

A pintura futurista recebeu influência do cubismo e do abstracionismo, mas utilizava-se de cores vivas e contrastes e a sobreposição das imagens com a pretensão de dar a ideia de dinamismo.

Na literatura, as principais manifestações ocorreram na poesia italiana, que se dedicava às causas políticas. A linguagem é espontânea e as frases são fragmentadas para exprimir a ideia de velocidade.

Por Patrícia Lopes

Filippo Tommaso Marinetti


Escritor, poeta, jornalista e ativista político egípcio-italiano nascido na cidade egípcia de Alexandria, Egito, um dos criadores do movimento estético denominado de futurismo. Filho de um rico comerciante, fez seus estudos em sua cidade natal, e também em Paris, Pádua e Gênova, onde se formou em direito e viveu muito tempo. Suas primeiras obras foram poemas que escreveu para revistas literárias e mais tarde para sua própria revista, Poesia. Publicou no jornal Le Figaro (1909), de Paris, um famoso manifesto em que mostrou sua oposição às fórmulas tradicionais e acadêmicas, expondo a necessidade de abandonar as velhas fórmulas e criar uma arte livre e anárquica, capaz de expressar o dinamismo e a energia da moderna sociedade industrial, que é considerado o texto fundador do movimento futurista.

Este foi o único movimento italiano de vanguarda, no entanto o mais radical de todos, por pregar ruidosamente a antitradição. Indicava que as artes demolissem o passado e tudo o mais que significasse tradição, e celebrassem a velocidade, a era mecânica, a eletricidade, o dinamismo, a guerra. Juntaram-se a este "maluco idealista", Umberto Boccioni, Luigi Russolo e Carlo Carrà, autores do Manifesto dos pintores futuristas (1910) no mesmo ano em que Boccioni redigiria o Manifesto técnico da pintura futurista. Com a guerra (1914), o futurismo morreu com artistas como Boccioni mortos em combate, e outros vencidos pela tradição. Alguns jovens artistas tentaram reavivá-lo depois da guerra, mas sem sucesso, porém, sua influência sobre os outros movimentos modernos foi importante e duradoura. 

Radicou-se definitivamente na Itália e glorificou a I Guerra Mundial, como o mais belo poema futurista, alistou-se no exército italiano, defendeu a intervenção italiana naquela guerra e ingressou no Partido Fascista (1919). Politicamente foi um ativo militante fascista e chegou a afirmar que a ideologia fascista representava uma extensão natural das idéias futuristas. Entre obras teatrais, romances e textos ideológicos de sua autoria citam-se Le Roi bombance (1909), Mafarka le futuriste (1910), Guerra sola igiene del mondo (1915), Futurismo e fascismo (1924). Morreu em 2 de novembro (1944), em Bellagio.

(Do Blog Brasil Escola)

Sobre o futurismo representado por Graça Aranha, versejou o filólogo Carlos de Laet, a propósito duma conspiração abortada (segundo Idel Becker, Graça Aranha enviara a São Paulo um telegrama cifrado, anunciando o imediato estouro dum movimento revolucionário. Dizia o telegrama: “Tumor mole virá a furo esta noite”. A polícia traduziu corretamente; e prendeu o Graça Aranha. Laet comentou, então: “O Aranha publicou um livro simbólico, Canaã, que ninguém compreendeu... Agora faz um telegrama secreto, que todo o mundo decifrou. Obscuro, quando quer a claridade; diáfano, quando busca o mistério. Que estilista!”

Soneto futurista

Noite. Calor. Concerto nos telhados.
Cubos esferoidais. Gatas e gatos.
Vênus. Graças. Aranhas. Carrapatos.
Melindrosas. Poetas assanhados.

Rabanetes azuis. Sóis encarnados.
Comida no alguidar. Cuspo nos pratos.
Três rondas a cavalo. Mil boatos.
Prosa sesquipedal. Tropos safados.

Avenida deserta. Bondes. Grama.
Chopes Fidalga. Leite. Pão de ló.
Carros de irrigação. Salpicos. Lama.

Vacas magras. Esfinge. Triste. Só.
Tumor mole. São Paulo. Telegrama.
Dois secretas. Cubismo. Xilindró.

Poema futurista

É domingo: folga. - O dia todo em casa.
Acordo... Ar puro, liberdade.
Televisão, telefone sem fio, computador.
Ah! Liberdade... O mundo bem pertinho.

Não!? O computador não ligou,
O telefone está mudo. Liga televisão, liga! Vai!
Faltou luz, faltou energia, não há eletricidade.
Estou só: há um silêncio.

O computador está em silêncio.
A televisão está em silêncio.
O telefone está em silêncio.
O que fazer? Aonde ir?

Não sei conversar.
Sei digitar, clicar, ligar.

Uma caminhada para passar o tempo, quem sabe?
Ah! A esteira funciona à energia.
Caminhar lá fora é perigoso, têm pessoas.
Pessoas de verdade, de carne: elas desejam mal!

Que falta de ar, de energia, de ar... Estou morrendo.
Ando pra cá, pra lá. Que agonia, estou sufocado.
Estou fraco, morrendo, morren.. .morr... mo...

A luz acendeu! Há barulho: músicas lá fora.
A televisão liga... O computador liga... A vida continua.

Por Isaac Sabino

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