Bonde ornado com flores para a última
emocionante viagem...
Dia oito de março de 1970 é uma data
importante na Cia. Carris. Um dos motivos é a comemoração do Dia Internacional
da Mulher que é sempre lembrado na empresa com a realização de homenagens às
colegas trabalhadoras. Outro motivo é a lembrança de que foi num dia oito de
março a última vez que os bondes elétricos circularam pelas ruas de nossa
cidade.
Há quarenta sete
anos, no dia oito de março de 1970, ocorreu a última viagem de bonde elétrico
da Cia. Carris. Consultando o livro: “Memória
Carris: Crônicas de uma História Partilhada
com Porto Alegre”, temos a seguinte descrição do ocorrido:
“(...) O bonde circulou pela última
vez em Porto Alegre ,
depois de 98 anos de serviço prestado à comunidade, em 8 de março de 1970. O
dia foi um misto de luto, saudosismo e euforia. Trajando suas melhores roupas,
pais, filhos, curiosos, ricos, pobres e pessoas das cidades vizinhas se
acotovelavam na frente da sede da Carris, na Avenida João Pessoa, e nas paradas
esperando a última viagem de bonde. Houve solenidade de despedida, à qual
compareceram o Prefeito, o secretariado, autoridades civis, militares e
eclesiásticas. O Sindicato dos Metroviários hasteou a bandeira do pavilhão a
meio-pau, em sinal de luto. Circularam pela cidade, neste triste dia, as linhas
G ‒ Gasômetro, T ‒ Teresópolis, e P ‒ Partenon. Toda a população pode usufruir
do serviço dos elétricos gratuitamente. Às 20h30min, o último elétrico foi
recolhido ao depósito de bondes. Alguns motorneiros e tripulação choravam
solitários na frente da sede da Carris (...)”*.
A partir do texto, podemos constatar
que este foi um dia de muita emoção. Um misto de entusiasmo com o futuro e
saudades e apego pelo passado que se despedia. Quando saímos com o nosso ônibus
memória, muitas pessoas nos perguntam o porquê do fim da circulação dos bondes.
Depois da leitura de vários textos e da conversas com pessoas que viveram
aquela época, constatamos que a união de vários motivos diferentes justificaram
a substituição total do sistema de bondes pelo uso de ônibus. Interesses
econômicos e a própria visão da população da época, que associava os bondes ao
passado e o transporte rodoviário ao futuro, influenciaram nessa decisão. A
verdade, entretanto, é que os bondes elétricos continuam muito presentes na
lembrança dos porto-alegrenses mais antigos.
*SILVA, Cinara Santos da/ MACHADO,
João Timotheo Esmerio, “Memória Carris: Crônicas de uma História Compartilhada
com Porto Alegre”. Porto Alegre, Prefeitura Municipal, 1999. Pags; 75-76.
Fotos dos últimos bondes a circular em Porto Alegre
Última viagem do
bonde da linha Partenon.
Última viagem de
bonde da linha Gasômetro.
Na porta, o jornalista Archimedes Fortini.
Na porta, o jornalista Archimedes Fortini.
No centro da foto, de
camisa branca sem mangas,
Telmo Thompson Flores, o prefeito que acabou
com os bondes.
Adendo final:
Várias capitais europeias e até algumas cidades dos Estados Unidos (São Francisco) possuem bondes. O Rio Janeiro tem até hoje o famoso bondinho de Santa Tereza.
Porto Alegre deveria ter mantido o Circular que fazia a linha do Gasômetro. Seria a mais linda linha turística da cidade: o bonde sairia do Chalé da Praça XV, passaria defronte à Prefeitura, entraria na Rua Sete de Setembro, passando pelo Santander Cultural, MARGS e o antigo prédio dos Correios. Ao lado do QG do Exército, dobraria para a Rua da Praia, passando pela Igreja das Dores, Casa de Cultura Mário Quintana. Subiria a Rua Duque de Caxias, passando pelo Palácio Farroupilha, Palácio Piratini, Catedral Metropolitana e o Museu Júlio de Castilhos. Desceria a Rua Marechal Floriano, cruzando a Rua da Praia, e, novamente, terminaria o passeio no Chalé, defronte ao Mercado Público. Não seria fantástico?
Bonde no Chalé da Praça XV:
o início e o fim da viagem...
O termino dos Bondes é o efeito da modernização do transporte público. É a consequência dos novos tempos, contudo é importante dizer que era possível ter preservado algum espaço na cidade, não só pelo que significou, mas, e principalmente, como memória para as gerações que não tiveram a oportunidade de conhecê-los. O turismo seria um dos elementos a ser estudado, a história da cidade um outro motivo. Creio que uma linha que circulasse pela borda (orla) do nosso Guaíba seria muito interessante. Penso em uma linha turística do centro até Ipanema, quem sabe mais além. Mas isso deveria estar em alguma pauta de um desses administradores (Prefeitos) que desde 1972, lá se vão 50 anos, no mínimo uma dúzia desses, não tiveram a sensibilidade de resgatar essa história, qualquer desculpa desses é só estórias.....!
ResponderExcluirA linha Duque (Gasômetro) já tinha os trilhos e a parte elétrica que fazia os bondes andarem. Não haveria custos extras para o município era só manter e preservar...
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