“Meu querido filho, e meu imperador.
Muito lhe agradeço a carta que me escreveu, eu mal a pude ler porque as
lágrimas eram tantas que me impediam a ver; agora que me acho, apesar de tudo,
um pouco mais descansado, faço esta para lhe agradecer a sua, e para
certificar-lhe que enquanto vida tiver as saudades jamais se extinguirão em meu
dilacerado coração.
Deixar filhos, pátria e amigos, não pode haver maior sacrifício; mas levar a
honra ilibada, não pode haver maior glória. Lembre-se sempre de seu pai, ame a
sua e a minha pátria, siga os conselhos que lhe derem aqueles que cuidarem na
sua educação, e conte que o mundo o há de admirar, e que me hei de encher de
ufania por ter um filho digno da pátria. Eu me retiro para a Europa: assim é
necessário para que o Brasil sossegue, o que Deus permita, e possa para o
futuro chegar àquele grau de prosperidade de que é capaz. Adeus, meu amado
filho, receba a bênção de seu pai que se retira saudoso e sem mais esperanças
de o ver.”
D. Pedro de Alcântara
Bordo da Nau Warspite
12 de abril de 1831
Nota:
Em 7 de setembro de 1822, D. Pedro I proclamou a Independência, tornando-se o
primeiro imperador do Brasil. O reconhecimento internacional da Independência,
em decorrência dos tratados firmados com Portugal (1825) e Inglaterra (1826),
assim como a perda da Província Cisplatina, que se tornou o estado independente
do Uruguai, afetaram as finanças do Império e contribuíram para o desgaste
político do imperador. Paralelamente, com a morte de D. João VI (1826),
cresciam os embates em torno da sucessão ao trono português, entre D. Pedro,
herdeiro legítimo, e seu irmão D. Miguel.
D.
Pedro I abdicou em favor de sua filha, Maria da Glória, afastando assim os
temores de uma nova união entre Brasil e Portugal. Esses acontecimentos
contribuíram para que D. Pedro I abdicasse ao trono brasileiro, no dia 7 de
abril de 1831, partindo para Portugal. Aqui ficou seu filho Pedro de apenas
cinco anos de idade como futuro imperador.
D. Pedro II aos 22 anos
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