José Maria de Abreu e
Luiz Peixoto
Num sarau,
Na rua Itapiru,
Em casa das Novais,
O calor está abrasador,
E tem gente demais,
E tome polca!
Num sofá,
A Dona Jacintinha
Faz bolas de papel,
E na janela, de papelotes,
A Berenice namorisca o Furriel.
A reclamar silêncio,
Surge o Seu Fulgêncio,
Rotundo e bom comendador.
Sim, porque, nesta altura,
Chega o padre cura
Com o corregedor.
“Hã, hã, senhorita,
A honra desta dança
Acaso me quer dar?”
“Oi, cavalheiro!
A honra é toda minha,
Porém já tenho par!”
E tome polca!
Entra o Sousa,
Que vem pisandoem ovos
Com as botas de verniz,
Enquanto a esposa,
De olhos em alvo,
Fica torcendo
Na rua Itapiru,
Em casa das Novais,
O calor está abrasador,
E tem gente demais,
E tome polca!
Num sofá,
A Dona Jacintinha
Faz bolas de papel,
E na janela, de papelotes,
A Berenice namorisca o Furriel.
A reclamar silêncio,
Surge o Seu Fulgêncio,
Rotundo e bom comendador.
Sim, porque, nesta altura,
Chega o padre cura
Com o corregedor.
“Hã, hã, senhorita,
A honra desta dança
Acaso me quer dar?”
“Oi, cavalheiro!
A honra é toda minha,
Porém já tenho par!”
E tome polca!
Entra o Sousa,
Que vem pisando
Com
Enquanto a esposa,
De olhos em alvo,
Fica torcendo
Os cabelinhos do nariz.
Por trás de uma cortina,
Vê-se a Minervina,
Que é mais preta que um tição,
E diz entre risadas:
“Quebra, Dona Alice!
Quebra, Seu Beltrão!”
Atenção!
Acordes da Dalila,
Seu Gil vai recitar:
Formam roda,
E o moço, encalistrado,
Começa a gaguejar.
To-to-Tome polca!
Vem o chá,
Bolinhos de polvilho
E outros triviais.
São onze horas,
Apague o gás,
E assim termina
O bailarico das Novais.
E tome polca!
Por trás de uma cortina,
Vê-se a Minervina,
Que é mais preta que um tição,
E diz entre risadas:
“Quebra, Dona Alice!
Quebra, Seu Beltrão!”
Atenção!
Acordes da Dalila,
Seu Gil vai recitar:
Formam roda,
E o moço, encalistrado,
Começa a gaguejar.
To-to-Tome polca!
Vem o chá,
Bolinhos de polvilho
E outros triviais.
São onze horas,
Apague o gás,
E assim termina
O bailarico das Novais.
E tome polca!
Polca
Dança de salão em compasso
binário, geralmente em tom maior e andamento alegreto, originária da Boêmia
(parte do império austro-húngaro, depois Thecoslováquia e atualmente República
Theca). Chegou a Paris em meados dos anos de 30 do século XIX, difundindo-se
daí para todo o mundo ocidental e tornando-se nele a principal dança de salão.
Chegou ao Brasil na noite de 3 de julho de 1845, quando foi mostrada pela
primeira vez no teatro São Pedro, (atual João Caetano), no Rio de Janeiro,
pelos casais Felipe e Carolina Catton e de Vecchi e Farina. Foi tão grande o
sucesso que, três dias depois, o casal Catton abriu um curso de polca. Três
meses após, o jornal humorístico “Charivari” dizia que “se dançava à polca,
andava-se à polca, trajava-se à polca, enfim tudo se fazia à polca”. Em 1846,
criou-se a Sociedade Constante Polca, que anunciava bailes carnavalescos com a
quadrinha:
Chegai, senhores, chegai!/Vinde o
adeus receber/Da polca que será nossa/Mesmo depois de morrer! Literatos,
compositores e chorões concordavam em elogiar a nova dança. Machado de Assis,
numa crônica, disse: “A polca é eterna, enquanto não houver mais nada, nem sol,
e tudo tornar às trevas, os últimos dois ecos da catástrofe derradeira usarão
ainda, no fundo do infinito, esta polca, oferecida ao criador: Derruba, meu
Deus. Derruba.” Pixinguinha, por sua vez, falando ao Museu da Imagem e do Som,
confirmou: “Quando eu fiz o Carinhoso (por volta de 1916 ou 1917), era uma
polca. Polca lenta. Naquele tempo, tudo era polca, qualquer que fosse o
andamento.” O velho chorão Alexandre Gonçalves Pinto, no livro “O Choro”, de
1935, juntou sua voz popular ao coro: “A polca é como o samba – uma tradição
brasileira. A polca é a única dança que encerra nossos costumes, a única que
tem brasilidade.” Esses elogios encontravam razão de ser na fusão dos elementos
da polca com os afro-brasileiros do lundu, e na aceitação da rítmica daí
resultante pelos conjuntos populares de flauta, cavaquinho e violão, gerando
gêneros como o tango (brasileiro), o maxixe e, posteriormente, o próprio choro.
Essa aceitação chegou a atingir o meio rural, criando um tipo de polca
sertaneja, cujo caráter melódico e rítmico se afasta do original estrangeiro, e
um outro tipo denominado puladinho. (Arthur de Oliveira)
(Do Dicionário Cravo
Albin da Música Popular Brasileira)
Qual o crédito das imagens? Ano, autor e mídia?
ResponderExcluirImagens da internet, sem os nomes dos autores.
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