Não é coisa de criança: a maioria
das pessoas vai se queixar de sintomas de refluxo durante a vida adulta.
O refluxo é uma das doenças mais
comuns do sistema digestivo e, pode parecer clichê, diz muito sobre a sociedade
moderna. A sensação de queimação causada por uma falha no esfíncter, válvula
que impede que o suco gástrico suba do estômago para o esôfago, está
relacionada à obesidade, hábitos alimentares ruins e aumento no nível de
estresse. “Cerca de 80% dos adultos em algum momento vão ter queixa de refluxo,
mas nos últimos 40 anos observamos um aumento na incidência da doença”, explica
o cirurgião do aparelho digestivo Marcelo Salem, do Hospital e Maternidade São
Luiz Itaim.
Ao contrário do estômago, que tem
proteção natural contra o ácido que ajuda na digestão dos alimentos, a parede
do esôfago não está preparada para esse contato. Daí a sensação de ardência ou
queimação no peito quando a válvula deixa escapá-lo para fazer caminho inverso.
Por causa da agressão da acidez, tosse e
inflamação na garganta são outros sintomas. Se não tratado, o refluxo pode
causar lesões mais graves, como úlceras e esofagites.
Em geral, o tratamento consiste em
diminuir comportamentos ou fatores de risco que podem provocar refluxo. O
principal deles é a obesidade, que aumenta a pressão dentro da barriga e ajuda
a “empurrar” o ácido para cima. Na hora de comer, é bom evitar alimentos
gordurosos (mais difíceis de digerir) e os que irritam o estômago e atrapalham
ainda mais o funcionamento do esfíncter, como café e álcool. Comer e deitar em
seguida também não é uma boa ideia, visto que a gravidade dá uma forcinha para
manter tudo no lugar.
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