Sabendo que o vigário da paróquia
estava precisando de um sacristão, o Nicola o procurou para candidatar-se ao
lugar. Mas, por ser analfabeto, não foi aceito.
Tendo já por esse mesmo motivo
perdido outros empregos, resolveu finalmente ganhar a vida trabalhando por
conta própria, comprando aqui e vendendo ali tudo quanto lhe aparecia: frutas,
ferro velho, garrafas vazias etc.
Trabalhador ativo e extremamente
econômico, não lhe foi difícil acumular, em pouco tempo, um bom capital.
Com o passar dos anos, seus negócios
tornaram-se mais importantes. Comprava e vendia cereais em alta escala e fazia
grande movimento nos bancos. Tornou-se, enfim, um forte negociante no ramo a
que se dedicara.
Certo dia, foi ao banco, com o qual mantinha
grandes transações, para retirar alguns conhecimentos de embarque de café, que
havia caucionado. Depois de preparar o recibo para a devolução daqueles
documentos, o funcionário pediu-lhe que o datasse e assinasse, sobre as
respectivas estampilhas. E, enquanto desenhava com dificuldade a assinatura, o
Nicola ia dizendo:
‒ Eu assino
e depois o senhor completa o resto, porque só sei escrever o meu nome.
Admirado, o
funcionário comentou delicadamente:
‒ Mas, como é isso, seu Nicola? Então
o senhor, um homem tão rico como é, não sabe escrever?
‒
Felizmente! Pois se eu soubesse ler e escrever, até hoje ainda seria
sacristão...
*****
De Décio Valente, no
livro: “Anedotas e contos humorísticos’
P.S. Esta pequena história foi baseada no conto “O
Sacristão”, de Somerset Maugham.
Nenhum comentário:
Postar um comentário