sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017

Os acasos da Medicina

O acaso dos Raios-X

Wilhelm Konrad Röntgen


O acaso tem sido o berço de grandes descobertas. Em novembro de 1895, Wilhelm Konrad Röntgen, professor de Física da Universidade de Würzburg, Alemanha, notou que cristais de bário brilhavam na escuridão do laboratório quando a corrente elétrica passava por uma ampola de vidro, onde havia sido feito o vácuo.

Intrigado, pôs um livro entre a ampola e os cristais, que continuaram brilhando. Mesmo quando uma lâmina metálica foi interposta, o fenômeno se repetiu.

Röntgen decidiu então verificar se as chapas fotográficas virgens de uma caixa que havia no laboratório tinham sido afetadas. Quando as revelou, verificou que estavam veladas. Ao refazer a experiência, interpondo a sua mão entre a ampola e as chapas fotográficas, obteve a imagem de seus próprios ossos, ou seja, a primeira radiografia da história da ciência.

Em 1901, Röntgen ganhou o Prêmio Nobel de Física pela descoberta dos Raios-X, mas doou o dinheiro para a Universidade de Munique, onde passara a lecionar em 1900. Diferentemente do que ocorre hoje, naquele tempo os sábios acreditavam que o ideal da ciência era servir a humanidade e não engordar os próprios bolsos.

O acaso das Vitaminas

Chrstiaan Eijkman


Foi também o acaso que conduziu à descoberta das vitaminas. Em 1897, o médico holandês Christiaan Eijkman pesquisava o beribéri, doença que dizimava populações na Indonésia.

Eijkman observou que o beribéri atacava galinhas alimentadas exclusivamente com arroz polido, sem casca. Durante muito tempo, tentou salvá-las de várias maneiras, mas em vão. Nada detinha o curso da doença.

Em certo fim-de-semana, um jovem assistente de Eijkman, encarregado de alimentar as galinhas, ficou com preguiça de polir o arroz e o serviu com casca e tudo nas gamelas.

No dia seguinte, a surpresa: todas as galinhas estavam curadas.

A partir do acaso, Eijkman observou que pessoas atacadas de beribéri também tinham dieta em que predominava o arroz polido. Todas ficaram curadas quando passaram a consumir o arroz com casca.

Eijkman concluiu haver na casca do arroz uma substância que evitava o beribéri. A análise Química a identificou como pertencendo ao grupo das aminas. Posteriormente, recebeu o nome de vitamina, ou seja, a amina que preserva a vida.

Christiaan Eijkman, que um acaso fez descobrir as vitaminas, ganhou o Prêmio Nobel de 1929.
(Do livro “Notas Curiosas da Espécie Humana”,
de Jayme Copstein, Editora AGE)

E o que é Abreugrafia?


Dr. Manoel Dias de Abreu

→ Abreugrafia é um aparelho que revolucionou o diagnóstico e tratamento da tuberculose, através de um método de diagnóstico coletivo. Seu criador foi Manoel Dias de Abreu, o primeiro no mundo a falar sobre Densitometria Pulmonar.

→ O exame é utilizado no rastreamento da tuberculose e doenças ocupacionais pulmonares, e difundiu-se rapidamente pelo mundo graças ao baixo custo operacional e alta eficiência técnica.

→ Graças a Braeuning e Redeker descobriu-se que a tuberculose, em sua fase inicial, era assintomática, e que, consequentemente, os doentes deveriam ser procurados no seio dos grupos aparentemente sadios. Só a Manuel de Abreu ocorreu a ideia, de profundo alcance social, de aplicação da fotografia do ecran ao exame sistemático das coletividades (abreugrafia como hoje é denominada).

→ O Dr. Ary Miranda, presidente do I Congresso Nacional de Tuberculose realizado em maio de 1939, propôs que fosse utilizado o nome Abreugrafia para designar o método criado por Manuel de Abreu. Anos depois, em 1958, o prefeito de São Paulo Ademar de Barros determinou que as repartições públicas da Prefeitura deveriam obrigatoriamente usar o termo Abreugrafia e instituiu o dia 4 de janeiro, dia do nascimento de Manoel de Abreu, como o Dia da Abreugrafia, imitando o gesto do então Presidente da República, Juscelino Kubitschek de Oliveira.

Resumindo:

→ Abreugrafia é um tipo de exame que diagnostica precocemente a tuberculose. O método, descoberto em 1936 pelo médico brasileiro Manoel de Abreu, tornou-se conhecido graças ao seu baixo custo operacional e eficiência técnica. O Dia da Abreugrafia foi instituído em 1958 em homenagem ao nascimento de Manoel de Abreu. Antes de ser definido o termo abreugrafia, o exame recebeu nomes como fluorografia, fotofluorografia, radiografia e Roentgenfotografia.

→ Manoel Dias de Abreu nasceu na cidade de São Paulo em 4 de janeiro de 1892 (segundo Carlos da Silva Lacaz o ano seria 1894). Era o terceiro filho do casal Júlio Antunes de Abreu, português da província do Minho, e Mercedes da Rocha Dias, natural de Sorocaba (Estado de São Paulo). Até o ano de 1908, viveu entre o Brasil e Portugal. Casou-se, em São Paulo, em 7 de setembro de 1929, com Dulcie Evers.

→ Manoel Dias de Abreu destacou-se por sua valiosa contribuição à profilaxia da tuberculose, revolucionou os métodos da pesquisa radiológica (fotografia do écran fluoroscópio, hoje conhecido como abreugrafia), criou e aperfeiçoou vários aparelhos e métodos de exames (o meroscópio, a tomografia simultânea, a tomografia vibratória), e traçou novos caminhos para a radiografia pulmonar (princípios da radiogeometria, a quimografia), do coração e do mediastino.

→ Faleceu em decorrência de um câncer de pulmão, na Casa de Saúde São Sebastião, na cidade do Rio de Janeiro, em 30 de abril de 1962 (30 de janeiro segundo Carlos da Silva Lacaz), tendo sido enterrado na cidade de São Paulo.



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