O município de Antônio Prado, na
encosta superior da serra gaúcha, tem sorte com o número nove. Em 1899, a colônia – na época,
Quinto Distrito de Vacaria – foi elevada à categoria de vila e conquistou
autonomia. Nesse mesmo ano, foi eleito o primeiro intendente municipal. Em
1929, Getúlio Vargas esteve na cidade, que demonstrou apoio ao futuro
presidente do Brasil. A Revolução de 1930 se tornou um marco no desenvolvimento
do município. Foram criadas as condições para, em 1946, se instalar o Moinho do
Nordeste, a principal indústria moageira da região.
Uma das grandes preocupações dos
diversos governos municipais foi relacionada com o transporte. A dificuldade de
acesso ao município, cercado por rios e arroios, isolou Antônio Prado por
muitos anos. Isso retraiu o comércio e favoreceu o êxodo da cidade. Mas as
casas residenciais e comerciais construídas no início do século, com
arquitetura típica italiana, permaneceram preservadas.
Em 1989, o município foi
redescoberto. O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional tombou o
maior acervo de arquitetura urbana em madeira da imigração italiana no Brasil.
São 48 edificações de madeira e alvenaria que hoje formam o centro histórico de
Antônio Prado. Esse conjunto de casas, com muitas janelas, porões e sótãos, se
impõe há um século na Avenida Valdomiro Bocchese e na Avenida dos Imigrantes,
principalmente. É um emocionante testemunho da formação da antiga colônia,
fundada em 1886. O nome foi dado em homenagem a Antônio da Silva Prado,
ministro da Agricultura que favoreceu a instalação de núcleos coloniais no Rio
Grande do Sul.
Em 1999, outro ano com final nove.
Antônio Prado está em
festa. Todos os habitantes comemoram o centenário do
município. Com exposições, concursos e provas esportivas, além da música e da
comida típica, os pradenses mantêm intacta a herança deixada pelos primeiros
imigrantes. O casario bem conservado foi cenário para O Quatrilho, reproduzindo Caxias do Sul em 1910. Quem aplaudiu o
filme viu as casas do centro histórico e muitos habitantes como figurantes na
produção que concorreu ao Oscar.*
O escritor José Clemente Pozenato,
autor do romance que deu origem ao filme, é apaixonado pela cidade de Antônio
Prado:
“Essa cidade teve a fortuna de
preservar uma imagem que não existe mais em nenhum outro lugar. Com isso quero
dizer que Antônio Prado não representou apenas Caxias do Sul: representou todas
as cidades construídas com o sangue e o suor dos imigrantes e dos seus filhos
por todas as montanhas desta região. É um papel que só pode ser invejado”.
Carlos Urbim,
no livro "Rio Grande do Sul - Um Século de História"
Fotos de Antônio Prado
Uma avenida de
Antônio Prado
transformada para ser a Caxias do Sul de 1910
Casario tombado em foto de Renê Hass
Antônio Prado atual,
mantendo seu casario colonial
*O Quatrilho, filme de Bruno Barreto, foi filmado em 1995 e concorreu ao Oscar de melhor filme
estrangeiro de 1996, perdendo para a produção holandesa “Antonia”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário