quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

Uma história de amor e lealdade



Foto de Bobby

Os cães da raça Skye Terrier são oriundos da ilha de Skye e são conhecidos por sua lealdade e companheirismo.

Bobby, um cão Skye Terrier ainda novo, era o fiel companheiro de um policial chamado John Gray. John e o cão converteram-se em amigos inseparáveis, estavam sempre juntos, especialmente à noite quando o Bobby não arredava do tapetinho ao pé da cama de John, notadamente durante a doença do seu dono, acometido de tuberculose. Esta cumplicidade perdurou até o ano de 1858, quando John morreu e foi enterrado no cemitério Greyfriars. Seu cãozinho acompanhou o féretro do seu dono até terminar seu sepultamento.


Sepultura de Jonh Gray

A partir daquele dia, durante 14 anos, diariamente, Bobby dirigiu-se ao cemitério e permaneceu ao pé da sepultura de seu dono, durante a noite. Mesmo com chuva, frio e madrugadas nevadas, o fiel cãozinho nunca deixou de ir para perto do seu dono, nem a velhice, as doenças e a visão deficiente impediram-no de visitar o lugar que sabia guardar o que restava de John. E assim foi até sua própria morte em 1872. Bobby foi encontrado morto, deitado sobre o túmulo de John.


O Túmulo de Bobby

Mas, onde ficava e o que fazia Bobby durante o dia, após a morte do seu dono? Ora, não lhe faltaram amigos e pessoas que o alimentassem, pois se tornara um cãozinho famoso e querido devido à sua amizade e lealdade à memória de John. Além disso, o Castello de Edimburgo era um dos lugares favoritos de Bobby, resultando dessa sua preferência o surgimento de uma tradição que ligou o cãozinho ao Castelo de Edimburgo: trata-se do disparo de canhão que passara a ser dado diariamente às 13 h.

Conta a lenda que um capitão de marinha visitou Edimburgo em 1860. Quando voltou a seu lar, informou que tinha visto uma cidade maravilhosa, cheia de construções e monumentos esplêndidos, onde viviam homens sábios e belas mulheres. Tinha só um problema, ninguém sabia a hora correta do dia. Tinham suficientes relógios, mas nenhum deles indicava o mesmo horário.

Em 1861, a situação foi corrigida quando os servidores públicos da cidade decidiram que fosse feito um disparo de canhão todos os dias no castelo. Desse modo, todos os cidadãos poderiam ajustar seus relógios.

Ao mesmo tempo em que esta tradição começou, Bobby ficou amigo de um soldado nos quartéis do castelo, seu nome era Scott, que apresentou a Bobby a seus amigos e todos deram as boas-vindas ao novo camarada peludo. Uma das responsabilidades do sargento Scott era a de ajudar a disparar o canhão e Bobby sempre o seguia às rampas do castelo para ser testemunha da ação.

Imediatamente após o disparo, Bobby se dirigia a um restaurante chamado “The Eating House”, onde o dono regularmente lhe dava o seu almoço.

Logo ele se converteu em uma atração diária. Uma multidão frequentemente reunia-se nas portas do cemitério ou do restaurante para esperá-lo. Bobby não perdia tempo com sua comida. Nem bem terminava, corria para o cemitério para se sentar pacientemente ao lado da sepultura de John Gray.

O cãozinho é uma parte querida da história de Edimburgo, sua coleira e seu prato são preservados na Casa Huntly, o museu dedicado à história da cidade.

Após a morte de John Gray, Bobby não tinha dono oficial. Era amado e regularmente alimentado pelas famílias e comerciantes situados ao redor do cemitério, mas ninguém tinha pago a sua licença, motivo pelo qual, mais dia menos dia, seria levado pela carrocinha.

O Sr. James Brown que cuidava do cemitério, contou como encontrou Bobby deitado sobre o túmulo, à manhã seguinte do enterro. Como era proibido a permanência de cães no cemitério, o Sr. Brown perseguia o cãozinho até tirá-lo dali, mas na manhã seguinte ele voltava. Uma e outra vez Bobby foi afugentado até que o Sr. Brown ficou com pena e permitiu que ficasse.

Ainda nos dias de clima mais horrível, Bobby não abandonava sua posição, e com frequência latia naqueles que tentavam convencê-lo de que ficasse em suas casas.

Felizmente para Bobby, o prefeito da cidade, Sir William Chambers era um amante dos cães. Como chefe do município, era um homem poderoso e quando o assunto da licença de Bobby surgiu, pediu para conhecer o cãozinho. Sir William ficou encantado com ele e decidiu pagar por sua licença indefinidamente. Ele deu uma coleira a Bobby, a que se encontra hoje no museu, e um prato de bronze com a seguinte inscrição: “Greyfriars Bobby do Prefeito, 1867, autorizado”.

A área da cidade antiga por onde Bobby perambulava e agora se encontra sepultado, tem muitos exemplos de belos monumentos dos séculos XVII e XVIII.



 A estátua de Bobby


Um ano após a morte de Bobby, a Baronesa Burdett Coutts mandou esculpir uma estátua e uma fonte para comemorar a vida de um cão devoto e a história de uma amizade que superou a morte. A estátua está a poucos passos do cemitério e atrás dela, há um pub que leva o nome do cãozinho em sua honra.
  

(Do Blog Estórias que a História não conta)


3 comentários:

  1. Prezado Nilo,Sou um apaixonado por cães, e tudo que se refere a esses leais amigos do homem, me interessa.Tenho hoje um pastor alemão, o Lucky,companheiro de dias e dias, horas e horas.Esta bela deste cãozinho Bobby, e sua amizade a John Gray(Escócia) é mesma de Hachiko, um cão japonês da raça Akita, sobre um professor, que encontrou Hachiko, sendo que o cão passou a acompanhá-lo diariamente estação de trem onde embarcava para ir ao trabalho em Tóquio. O professor faleceu dando aula e não voltou. Mesmo assim, por longos dez ou onze anos Hachiko, voltava à estação na esperança de encontrar seu dono, até morrer. Nesse intervalo, como na história de Bobby, ficou conhecido pela vizinhança que passou a cuidar dele até sua morte em 1934, quando também lhe erigiram uma estátua, na praça da estação, onde Hachiko morreu.Duas histórias tão parecidas, e creio, ambas reais, pois cão é assim mesmo.
    Nos Estados Unidos, fizeram um filme, sobre o mesmo Hachiko, só que o professor era americano, estrelado por Richard Gere.Ambas têm tudo para serem verdadeiras. Pesquise e se possível me dê retorno.Evitando extremos, sou adepto do adágio "quanto mais conheço os homens (humanos)mais amo meu cachorro".(Um abraço.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Em tempo: "Esta bela HISTÓRIA deste cão.."

      Excluir
    2. Prezado amigo, em primeiro lugar, obrigado pelo belo comentário. Se não me engano, a história do cão de Shibuya está neste almanaque, se não estiver, vou colocar nele a suas comovente história.

      Excluir