Por vezes o gaúcho rude,
despreocupado com as coisas da alma, envolvido pelo ambiente de intempéries que
o cerca, acaba esquecendo o que é o amor e fica até meio sestroso em prosear do
assunto.
Na verdade, isto é temporário, pois, por mais arredio a palavras e atos de carinho, porquanto tenha crescido na intensa lida, o gaúcho é por demais romântico.
E quem tinha a dolência das tardes
interioranas, mas viu um mundo novo nas retinas de rapaz e saiu a buscá-lo, na
força e na coragem, não pode padecer de desamor.
Quem olhou para seus pais com a mesma ternura da mãe que bombeia o filho que se vai, não tem direito de negar o afeto.
Quem retrata
em seu corpo o telurismo do solo nativo, há que ser um poeta do amor!
Mas então, gaúcho, o que é o
amor?
‒ Não é o ímpeto a um olhar
sotreta lhe clamando “vamos que depois veremos”.
‒ Não são lonjuras quando está
tão perto o braço antigo que, por só, se cansa.
‒ Não!
‒ Não é o fogo nem o beijo
ardente que se apagarão logo ali na frente...
‒ O amor é sim um tropel de
ânsias entre passos firmes de um andar perene.
‒ O amor é o rancho, as aves, o
vento. É o sonhar de dois, é o cruzar de tempos.
‒ E... se hay quem diga que o
amor falece, então não me conhece!
‒ Eu sofro a dor dos injustiçados. Isto é amor! Eu tenho o frio dos desabrigados. Isto é amor! Eu tenho apego às coisas da terra. Isto é amor! Eu vejo o brilho dos teus olhos claros. Isto é amor!
‒ O amor é...
a memória moça num rosto de rugas, é humanizar um mundo desumanizado.
‒ O amor é... ouvir murmúrios do
coração magoado enquanto a razão grita em altos brados.
Não existe solidão, quando lemos bons livros e textos, a leitura é uma viagem, para perto ou para muito longe, agradeço ao ACB.Por tantas leituras, parabéns a VOCÊ, que faz a seleção e nos presenteia com tanta informação. FELIZ NATAL
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