Esta é a origem de todos os males: A Boceta de
Pandora!
Pandora, a primeira mulher mortal,
foi um presente de Zeus - presente de grego, diga-se - a Prometeu, que
desconfiado, declinou o regalo por temer ser uma vingança da divindade, afinal,
entregara aos homens o poder de controlar o fogo, e, por conta disso zangou-se
Zeus.
Epimeteu - o irmão - afeiçoou-se pela
rapariga, que carregava consigo o que há de melhor nas mulheres, e, obviamente,
de mais perigoso: a beleza e a inteligência, juntas, além da astúcia e a arte
da sedução! Portanto, Zeus inventou o capeta!
Para quem não sabe, Prometeu
significa: “aquele que vê antes”, e, Epimeteu: “aquele que vê depois”.
Pois Epimeteu, entrou em comunhão
carnal com Pandora, que tinha uma Boceta - dada por Zeus - e lhe foram
advertidos que não abrissem a pequena caixa! Em sono profundo e exausto pelo
entrevero das curvas, peles, cheiros e gostos, descuidou-se aquele que vê
depois.... curiosa, e se aproveitando do descuido de seu conúbio, a ragazza não
aguentou-se, e abriu o bocete - tal como previra o deus grego - e foram
liberadas doenças e sentimentos ruins que seriam o tormento na existência dos
homens. Assustada, Pandora fechou a boceta, e sem tempo para sair, ficou lá,
escondida, confinada, a esperança!
Quando Pandora abriu a caixa e quase
todos os males que estavam lá dentro foram libertos, coisas tão ruins a
amedrontaram fazendo-a fechar a caixa, porém, o último e mais importante
permanecera dentro da caixa, o destruidor da esperança, que na verdade era
outra mulher esperando para trazer a desgraça ao mundo.
Por isso, a mulher ficou conhecida como o grande mal da humanidade. Todavia, previu ainda Nostradamus que, no fim dos tempos, Eva trocará a maçã pela Boceta de Pandora, destruindo, assim, todo o universo, tornando tudo novamente numa grande bola de energia, que esperará outra mulher explodi-la novamente.
*****
→ Boceta: caixinha redonda, oval ou oblonga, feita de materiais
diversos e usar para guardar pequenos objetos.
→ Pandora: segundo a mitologia grega, caixa que continha todos os
males; Pandora a abriu e todos os males escaparam e começaram a afligir os homens.
A expressão «boceta de Pandora»
Vasco Botelho do Amaral, no seu Glossário
Crítico das Dificuldades do Idioma Português (Porto, Ed. Domingos Barreira,
1947, pp. 53-54), registra a expressão «boceta de Pandora» como «uma poética
imagem [...] muito empregada pelos literatos», simbolizando todos os males
trazidos por Pandora e que se espalharam pela terra.
Essa expressão tem a sua origem na
mitologia, segundo a qual Zeus enviou Pandora ‒ a primeira mulher, fruto do
contributo de todos os deuses, sob a ordem de Zeus ‒, dentro de uma boceta,
como presente a Epimeteu, irmão de Prometeu: «Darei de presente aos homens, diz
Zeus, um mal com que todos, do fundo do seu coração, desejarão rodear de amor a
sua infelicidade» (Jean Chevalier e Alain Gheerbrant, Dicionário dos Símbolos,
Lisboa, Teorema, 1994).
Pandora é, assim, «num mito
hesiódico, a primeira mulher, criada por Hefesto e por Atena, com o auxílio de
todos os outros deuses, por ordem de Zeus. Cada um deles lhe atribuiu um dom:
recebeu assim a beleza, a graça, a destreza manual, a capacidade de persuadir e
outras qualidades. Mas Hermes colocou no seu coração a mentira e a astúcia.
Hefesto fê-la à imagem das deusas imortais, e Zeus destinou-a à punição da raça
humana, à qual Prometeu tinha acabado de dar o fogo divino. Foi esse o presente
que todos os deuses ofereceram então aos homens, para lhes causar a desgraça»
(Pierre Grimal, Dicionário da Mitologia, Lisboa, Difel, 1992).
Trata-se, portanto, de uma expressão simbólica, de sentido figurado,
atestada pelos dicionários, que representa a «origem de todos os males» (Grande
Dicionário da Língua Portuguesa, Porto Editora, 2010).
É de referir que o nome/substantivo boceta
‒ «do francês antigo boucette, diminutivo de boce ou bosse, "vasilha"
[...], de que há registro no séc. XIV : “... que fosse feyto boceta de alabaustro
de jnguentos bem cneyrantes”» (Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa,
de José Pedro Machado)» ‒, embora pouco usado isoladamente, faz parte do léxico
português, designando «pequena caixa redonda ou oval, para guardar objetos
pessoais; caixa de rapé».
Não podemos deixar de assinalar que,
no Brasil, este termo é considerado grosseiro ou ofensivo na maioria dos
contextos, figurando entre os chamados palavrões, por estar associado ao «órgão
sexual feminino» (Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, 2010; Grande
Dicionário da Língua Portuguesa, op. cit.). Demarca-se, portanto, como termo
tabu, sendo substituído por «caixa» na expressão «caixa de Pandora». Por essa
razão, não é aconselhável o emprego desta palavra em situações que possam
abranger o universo brasileiro, de forma a evitar-se interpretações
desagradáveis.
No entanto, não devemos esquecer-nos,
também, de que o uso da expressão «boceta de Pandora» é revelador de marca
cultural, de conhecimento da mitologia, assinalando o domínio de uma linguagem
simbólica que se adequa na perfeição a situações em que nos queiramos referir a
qualquer realidade que, «debaixo da sua aparência sedutora, é a origem de todos
os males» (Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea, da Academia das
Ciências de Lisboa, 2001).
Eunice Marta 15 de
maio de 2012
(Do Blogue
Ciberdúvidas da Língua Portuguesa)
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