Alfred Dreyfus (1839-1935)
“Ser um homem honesto
não consiste apenas em ser incapaz de roubar uns tostões do bolso do vizinho;
ser um homem honesto, eu digo, é poder sempre olhar-se no espelho, que não
esquece, que tudo vê, que tudo conhece, é poder encarar, numa palavra, a
própria consciência, com a certeza de ter cumprido com seu dever, sempre e em
qualquer lugar. Esta certeza eu a tenho.”
Alfred Dreyfus
Para um judeu francês de origem
camponesa, Dreyfus era uma raridade. Superara grandes obstáculos para tornar-se
um oficial de carreira, no Estado-Maior do Exército. A França, de 1890,
fervilhava de agitação interna. E foi nesse caldeirão de incerteza que Martin
Brucker, um espião para a seção de estatística do Estado-Maior, lançou uma
tremenda bomba: uma carta assinada com a inicial “D” e roubada da Embaixada
Alemã. O documento indicava claramente que havia um espião operando dentro do
próprio Estado-Maior Francês.
Do Ministro da Guerra, General
Auguste Mercier, aos oficiais de patente mais baixa, ninguém tinha a menor
ideia da identidade do espião. E era inconcebível procurar o espião entre os
oficiais franceses, bem-nascidos. Assim, Alfred Dreyfus era o perfeito bode
expiatório. Era um estranho, um judeu... e seu nome começava com a letra “D”.
A Corte Marcial
O julgamento começou a 19 de dezembro
de 1894, num velho palácio de iluminação a gás, na Rue Cherche-Midi. Estavam
presentes sete oficiais superiores, atuando como juízes, além do General
Charles Gonse, Subchefe do Estado-Major, Major Du Paty de Clam, Major Georges
Picquart, observador para Auguste Mercier, Alfred Dreyfus e seu advogado, Edgar
Demange. A acusação: alta traição. A prova: mentiras, rumores e uma carta
supostamente escrita por Dreyfus.
Picquart advertiu a Mercier que as
provas da acusação não resistiriam à contestação. Mercier ficou preocupado. A
seção estatística começou a trabalhar. Foi preparado um “arquivo secreto”, que
continha provas irrefutáveis de homens em altos postos no governo, cujos nomes
não podiam ser revelados, por uma questão de segurança nacional. O documento
forjado era tão bem feito e foi tão dramaticamente apresentado no julgamento
que a decisão dos juízes foi unânime, Alfred Dreyfus foi declarado culpado e
condenado à prisão na Ilha do Diabo.
Os jornais
ficaram deliciados. Pelas ruas de Paris, ecoavam as vozes do povo francês:
– Traidor! Covarde! Morte ao judeu nojento!
Depois de 12 anos de incessantes esforços
da esposa de Dreyfus, Lucy, do irmão dele, Mathieu, do político francês Georges
Clemenceau, do escritor Èmile Zola (Eu Acuso) e de outros, Dreyfus foi
finalmente absolvido.
O Significado
A corte marcial de Alfred Dreyfus
demonstrou o poder dos militares de condenar injustamente. Apesar de muitas
reformas terem sido efetuadas desde então, as palavras famosas de Clemenceau
ainda são válidas:
“A justiça
militar é para a justiça o que a música militar é para a música.”
(Do livro “Almanaque
Para Todos”,
de Irving Wallace & Davi Wallechinsky)
de Irving Wallace & Davi Wallechinsky)
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