segunda-feira, 31 de outubro de 2016

Como vencer um debate político



Macetes para um candidato vencer,
no debate e na propaganda, uma eleição:

→ Quanto ao gestual, o candidato, ao falar na TV, deverá usar o recurso do “martelinho”. O martelinho é aquele gesto de punho cerrado, e bater na mesa com força para reforçar o discurso. A intenção e transmitir firmeza e determinação.

→ Outro recurso é ficar com os olhos fixos na tela ao expor as suas metas. Os olhos permanecem tão fixo que até parece que o candidato fala de improviso, tudo com a ajuda do teleprompter.

→ Os filmes a serem exibidos na TV, durante a campanha eleitoral, deverão ter campos floridos, extasiantes horizontes, gente sorridente. A música de fundo será idílica, e pode terminar triunfante com a estoca final de uma ária de Puccini.

→ As pessoas serão entrevistadas nas ruas, que serão centenas, mas na edição só serão colocadas as que falarem bem do candidato. Na edição final, os transeuntes não poupam louvações ao candidato. Como esse candidato é querido! É só sair à rua, uma câmera na mão e um microfone na outra, e chovem os testemunhos das suas boas qualidades (Os que falarem mal serão deletados).

→ Os filmes de propaganda na TV também exibirão crianças correndo alegres e soltas, jovens casais enlaçando-se sorridentes, mulheres grávidas contemplando confiantes a própria barriga. Para quem não sabe, fique sabendo que tanto as crianças como os jovens e as mulheres grávidas representam o futuro. No caso, o futuro de paz e felicidade que nos garantirá a eleição do nosso candidato.

→ Nos debates de TV, sempre que for atalhado por uma pergunta sobre um assunto polêmico. O candidato deverá contornar o assunto e deixar, mudando o rumo da conversa, o tempo passar.

→ Cabelo bem cortado, terno de marca famosa, gravata de grife com tudo combinando, conta ponto para o candidato. O olhar fixo no olho da câmera, suor controlado, marqueteiros de plantão sempre dando palpites sobre o ponto fraco do oponente, ajudam muito num debate. O Collor fez isso e ganhou a eleição. Ele, no fundo, sabia que era um engodo, mas sabia também que havia um monte de ingênuos que só votaria nele por medo dos outros candidatos. Gente que não tem nenhuma ideologia, só medo e preconceito. Então, deu no que deu...

→ Na próxima eleição, vai acontecer a mesma coisa. Os politizados já têm “o seu candidato”. Os outros só esperam ver quem serão os adversários. Não importa quem seja. Eles votam até no capeta e no Bin Ladem. Eles sempre são contra aquilo que o povo gosta e acredita, pois os seus candidatos já estão determinados pelos seus inconscientes coletivos, que já vem imposto de cima para baixo. Se é que me entendem...

Adendo Final:

→ O povo, essa identidade abstrata, que afinal somos todos nós: Trabalhadores, donas-de-casa, estudantes, intelectuais, civis, militares, jovens, velhos, enfim, qualquer pessoa que tenha um título de eleitor, é quem vai determinar o futuro de nossa nação. O candidato, que ganhar a eleição, deverá ter consciência da responsabilidade que caiará sobre os seus ombros. O presidente que vai sair sabe que a história irá desvendar e divulgar tudo de bom e de ruim do que ele fez durante o(s) ano(s) de seu(s) mandato(s).

→ Eu, particularmente, peço a Deus que o futuro presidente dê continuidade a tudo de bom que os presidentes anteriores fizeram por este país, que é o país que todos nós amamos do fundo de nossos corações.

(De um texto do Roberto Pompeu de Toledo, da Veja,
com leves modificações.) 


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