e Zumbis
Texto de Luís
Fernando Veríssimo
Li que faz sucesso um livro chamado “Orgulho,
Preconceito... e Zumbis”, uma versão do romance “Orgulho e Preconceito”, da
Jane Austen, com, aparentemente, alguns personagens a mais. Não sei se isto é o
começo de uma tendência literária, paralela à nova moda dos vampiros, mas, se
for, aqui estão algumas sugestões para outros títulos.
“Guerra e Paz... e Zumbis” - As
tropas de Napoleão, invadindo a Rússia, são cercadas por estranhos seres com o
olhar parado que riem quando são espetados por baionetas e enterram os soldados
de ponta-cabeça na neve. O próprio Napoleão recebe a visita de zumbis na sua
tenda e enlouquece, convencendo-se de que é outro Napoleão.
“Romeu, Julieta... e Zumbis” - Depois
de se matarem, os namorados voltam como zumbis e começam a atormentar as suas
famílias, passando temporadas ora na casa dos Montequios, ora na casa dos
Capuletos, assustando os empregados, recusando-se a arrumar o seu quarto, etc.
“Dona Flor e Seus Dois Maridos... e
Zumbis” -
Dona Flor é obrigada a comprar uma cama maior.
“Os Três Mosqueteiros, Os Irmãos
Karamazov, Os Sete Samurais, Os Maias... e Zumbis” - Um romance compilatório
em que os diversos personagens se encontram e se desencontram, brigam e se amam
em uma Lisboa
imaginária, e em que os zumbis só entram para aumentar a confusão.
“Ulisses... e Zumbis” - Zumbis
seguem um personagem em Dublin durante um único dia. No fim encurralam o
personagem, pedem que ele diga para onde tudo aquilo está levando e ouvem a
resposta: “O quê? Eu estou perdido desde a primeira linha!”.
“Dom Quixote de La Mancha... e Zumbis” - Dom
Quixote convoca os zumbis para serem a sua guarda pessoal e o seguirem numa
carga contra um rebanho de bois, que confundiu com guerreiros vikings. Os
zumbis se entreolham, dão uma desculpa e se afastam, lentamente, comentando: “E
dizem que nós é que somos estranhos...”.
“O Ser, o Nada... e Zumbis” - Um
grupo de zumbis invade o café Les Deux Magots, cerca a mesa do Jean-Paul Sartre
e propõe uma nova filosofia, baseada no não-ser ou no ser nada, que Sartre
aprova e que toma conta de Paris durante 20 minutos.
“O Velho, o Mar, Moby Dick... e
Zumbis” -
Outra compilação. A história de um velho pescador, Santiago, que pega uma
baleia cinzenta. Quando a baleia vê os zumbis, que nunca fica bem explicado
porque estão no barco com o pescador, fica branca.
Texto publicado na
Donna, de ZH, de 26 de setembro de 2010
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