domingo, 25 de setembro de 2016

Medidas




O Visconde tossiu três pigarros e disse:

‒ Medir é uma das coisas mais importantes da vida humana. A base da vida dos negócios e a medição. Acontece que tempos atrás cada país tinha suas próprias medidas e isso provocava uma trapalhada muito grande. Veio, então, a ideia de se organizarem medidas que servissem para todos os povos – e os sábios começaram a estudar a questão. Primeiro, trataram de achar a melhor medida para as coisas que têm comprimento: o metro. Depois, para medir as superfícies, arranjaram o metro quadrado e, para medir os volumes, criaram o metro cúbico. Faltavam, ainda, uma medida de capacidade, isto é, para as coisas líquidas ou esfareladas, e uma medida para o peso. Para medir a capacidade, inventaram o litro; para a pesagem, arranjaram o quilo ou quilograma, que se divide em mil gramas.

‒ E para medir terrenos? – perguntou Pedrinho.

‒ Medição de terreno é medição de superfície. Um terreno é uma superfície de chão. A medida de superfície é, como eu já disse, o metro quadrado. Para facilitar as coisas, os sábios deram a um metro quadrado o nome de are.

‒ E as medidas antigas, Visconde, não vai falar sobe elas?

‒ Não. Quem quiser medir coisas, use o Sistema Métrico Decimal arranjado pelos sábios. O mais é bobagem. Para que estar enchendo a cabeça de vocês com coisas que já morreram?

‒ Bravos, Visconde! Nós não somos cemitérios – concluiu Emília.



(Do livro Emília no País da Gramática e Aritmética, de Monteiro Lobato) 




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