Esta versão atualizada da
Declaração Universal dos Direitos do Homem é a propósito de um original muito
conhecido da boca pra fora e que andou circulando nas mãos de um sorridente
presidente americano, que o exibiu como modelo de teoria e até como cunha em
negociações internacionais. Omiti alguns artigos apenas por falta de espaço e
não, como fazem certos países, por falta de interesse neles.
→ Todos os homens nascem livres e
iguais em dignidade e direito. Mas não podem morrer assim.
→ Todo homem tem capacidade para gozar os direitos e as liberdades estabelecidas na Declaração original, desde que esteja disposto a correr o risco.
→ Ninguém será mantido em escravidão ou servidão. A não ser por vínculo
empregatício.
→ Ninguém será submetido a tortura nem a tratamento ou
castigo cruel que não possa aguentar.
→ Todos são iguais perante a lei. Isto é, todos tremem.
→ Todo homem tem direito à vida, à liberdade e à segurança.
Sem exageros.
→ Todo homem tem direito a
receber remédio efetivo para os atos que violem os direitos fundamentais:
mercurocromo, gase, esparadrapo.
→ Ninguém será arbitrariamente preso, detido ou exilado,
salvo honrosas exceções.
→ Todo homem tem direito a um julgamento justo e imparcial
de vez em quando.
→ Todo homem é inocente até prova em contrário, forjada ou
não.
→ Todo homem tem direito à vida
privada e à proteção. Nem que para isso tenha que ir parar numa cela.
→ Todo homem, quando perseguido,
tem direito a procurar asilo em outros países que perseguem menos.
→ Todo homem tem direito a uma nacionalidade, embora isso não lhe traga direito
algum.
→ Todo homem tem direito à propriedade ou, pelo menos, ao
aluguel dela.
→ Todo homem tem direito à liberdade de pensamento. Mas que
isso não lhe suba à cabeça.
→ Todo homem tem direito à liberdade de expressão. Corporal,
bem entendido.
→ Todo homem tem direito ao trabalho, mesmo que não queira.
→ Todo homem tem direito à instrução. Inclusive quem ensina.
→ Todo homem tem direito de
participar do governo do seu país. De preferência votando ou sendo votado.
(Texto do livro Punidos Venceremos, e
criado em 1977 em parceria com o meu amigo dramaturgo Carlos Carvalho, para uma
peça que teve sua leitura impedida pela Censura na ocasião. Republicado porque
o autor está em férias e também porque é sempre bom lembrar o que é ruim de
esquecer.)
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