segunda-feira, 22 de agosto de 2016

Como Nasrudin criou a verdade


(Khawajah)


‒ As leis não fazem com que as pessoas fiquem melhores – disse Nasrudin ao Rei. – Elas precisam, antes, praticar certas coisas de maneira a entrar em sintonia com a verdade interior, que se assemelha apenas levemente à verdade aparente.

O Rei, no entanto, decidiu que ele poderia, sim, fazer com que as pessoas observassem a verdade, que poderia fazê-las observar a autencidade e assim o faria.

O acesso a sua cidade dava-se através de uma ponte. Sobre ela, o Rei mandou que fosse construída uma forca.

Quando os portões foram abertos, na alvorada do dia seguinte, o Chefe da Guarda estava a postos em frente de um pelotão para testar todos os que ali passassem. Um edital fora imediatamente publicado: “Todos serão interrogados. Aquele que falar a verdade terá seu ingresso na cidade permitido. Caso mentir, será enforcado.”

Nasrudin, na ponte entre alguns populares, deu um passo à frente e começou a cruzar a ponte.

‒ Onde o senhor pensa que vai? – perguntou o Chefe da Guarda.

‒ Estou a caminho da forca. – respondeu Nasrudin, calmamente.

‒ Não acredito no que está dizendo!

‒ Muito bem, se eu estiver mentindo, pode me enforcar.

 Mas se o enforcamos por mentir, faremos com que aquilo que disse seja verdade!

‒ Isso mesmo. – respondeu Nasrudin, sentindo-se vitorioso. – Agora vocês sabem o que é a verdade: é apenas a sua verdade.

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O Mullá Nasrudin (Khawajah A-Din) escreveu, no século XIV, em que viveu, histórias onde ele mesmo era personagem. O texto acima foi publicado no livro “Histoires de Nasrudin”, e extraído do livro “Os 100 melhores contos de humor da literatura universal, organização de Flavio Moreira da Costa.


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