(Khawajah)
‒ As leis não fazem com que as
pessoas fiquem melhores – disse Nasrudin ao Rei. – Elas precisam, antes,
praticar certas coisas de maneira a entrar em sintonia com a verdade interior,
que se assemelha apenas levemente à verdade aparente.
O Rei, no entanto, decidiu que ele
poderia, sim, fazer com que as pessoas observassem a verdade, que poderia
fazê-las observar a autencidade e assim o faria.
O acesso a sua cidade dava-se através
de uma ponte. Sobre ela, o Rei mandou que fosse construída uma forca.
Quando os portões foram abertos, na
alvorada do dia seguinte, o Chefe da Guarda estava a postos em frente de um
pelotão para testar todos os que ali passassem. Um edital fora imediatamente
publicado: “Todos serão interrogados. Aquele que falar a verdade terá seu
ingresso na cidade permitido. Caso mentir, será enforcado.”
Nasrudin, na ponte entre alguns
populares, deu um passo à frente e começou a cruzar a ponte.
‒ Onde o senhor pensa que
vai? – perguntou o Chefe da Guarda.
‒ Estou a caminho da forca.
– respondeu Nasrudin, calmamente.
‒ Não acredito no que está
dizendo!
‒ Muito bem, se eu estiver
mentindo, pode me enforcar.
‒ Mas se o enforcamos por mentir, faremos com que aquilo que
disse seja verdade!
‒ Isso mesmo. – respondeu
Nasrudin, sentindo-se vitorioso. – Agora vocês sabem o que é a verdade: é
apenas a sua verdade.
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O Mullá Nasrudin (Khawajah
A-Din) escreveu, no século XIV, em que viveu, histórias onde ele mesmo era
personagem. O texto acima foi publicado no livro “Histoires de Nasrudin”, e
extraído do livro “Os 100 melhores contos de humor da literatura universal,
organização de Flavio Moreira da Costa.
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