(1816 – 1916)
Maria Josephina Mathilde Durrocher,
a madame Durocher, nasceu em Paris em 1808 e chegou ao Brasil em 1816.
Graduou-se no curso de parteira na Academia Imperial de Medicina, tendo sido
diplomada em 1833. Morreu no Rio em 25 de dezembro de 1893.
Há 100 anos, no dia 8 de agosto de
1816, chegava ao Brasil, com 7 anos de idade, Maria Josephina Mathilde
Durrocher, nascida na França, que devia ser mais tarde a primeira mulher
matriculada em nossa
Academia de Medicina e a primeira parteira formada no Brasil.
No Rio, foi educada a princípio por
sua mãe, que abriu uma loja de fazendas francesas na rua dos Ourives.
Recebeu depois lições de humanidades
do professor Simpliano José de Souza. Em 1828 emancipou-se para poder ter
sociedade e dirigir a loja de sua mãe que morreu em 1829. Em 1832 vamos
encontrar madame Durocher já com dois filhos, com algum dinheiro, mas obrigada
a fechar sua loja que ia em
decadência. Foi então que resolveu matricular-se na Faculdade
de Medicina do Rio de Janeiro, obtendo diploma de parteira no fim do ano letivo
de 1833.
Data daí a notoriedade de madame
Durocher como profissional exímia, motivo por que foi nomeada parteira da Casa
Imperial e eleita membro titular da Academia de Medicina.
Madame Durocher fez cerca de oito mil
partos no Rio de Janeiro e não só pela classe médica, como por toda a nossa
sociedade, pela sua competência profissional e pelas suas qualidades de
espírito e de coração. Tinha uma curiosa maneira de vestir-se: colete e casaco
de homem, saia de merimó preto e chapéu preto à semelhança de cartola.
Teve dois filhos. Morreu pobre, quase
cega, com 85 anos, em dezembro de 1893. É a única mulher que pertenceu à
Academia de Medicina até hoje (1916), como seu membro titular.
Esta associação científica celebrou
no dia 10 de agosto de 1916, o centenário da sua chegada ao Rio de Janeiro, com
uma sessão solene, às 21 horas, no edifício Syllogen, falando como orador
oficial do Dr. Alfredo Nascimento.
(Correio do Povo de
1916 – publicado novamente,
após 100 anos, em 2016)
após 100 anos, em 2016)
A parteira Madame Durocher foi a primeira mulher
na Academia Nacional de Medicina
No museu da Academia Nacional de
Medicina (ANM), no Centro, a imagem de uma estranha figura chama a atenção.
Cabelos curtos, repartidos do lado, casacão e aspecto viril, aquela é, embora
não pareça, uma mulher: Maria Josefina Matilde Durocher, a primeira parteira a receber
licença para exercer o ofício no país e símbolo dessa atividade. Mais conhecida
como Madame Durocher, ela nasceu em Paris, em 1809, e veio para o Brasil aos 7
anos. No Rio, onde fixou residência, se tornou também a primeira mulher a
integrar a ANM, a mais antiga instituição de medicina do Brasil, que completa
180 anos hoje (2015). A curiosa história da primeira acadêmica revela também um
pouco mais sobre a evolução da medicina no Brasil.
– Ela usava trajes masculinos para
poder trabalhar, já que muitas vezes precisava sair à noite para atender a seus
pacientes ‒ explica Marcos Moraes, presidente da ANM. ‒ E naquela época,
mulheres sozinhas à noite eram tidas como prostitutas.
O trabalho que a tornou conhecida ‒
realizou mais de cinco mil partos ‒ não foi a primeira ocupação profissional de
Madame Durocher. Em 1829, depois da morte da mãe, a florista Ana Durocher, que
se estabeleceu aqui como comerciante, Maria Josefina passou a comandar a loja
da família.
D. Pedro II assistia às reuniões da ANM
Foi só após o assassinato do seu
companheiro, o negociante francês Pedro David, três anos depois, que Maria
Josefina matriculou-se no Curso de Partos da Faculdade de Medicina do Rio de
Janeiro.
A partir daí, passou a se dedicar aos
estudos e, depois, à profissão. Para exercê-la, usando o codinome Madame
Durocher, optou pelos trajes masculinos, que considerava confortáveis e
favoreciam o trânsito pela cidade.
– Ela atendia de escravas a princesas
e, em 1866, se tornou a parteira da Casa Imperial – lembra a museóloga Kátia
Costa e Silva, que cuida do acervo da ANM.
Em 1871, Madame Durocher – que
participou do nascimento da Princesa Leopoldina, filha de D. Pedro II – foi
convidada a ingressar na Imperial de Medicina, mais tarde, Academia Nacional de
Medicina. Ela passou a frequentar as reuniões da entidade, publicando também
diversos artigos sobre saúde. Sua influência ali foi tamanha que a academia
criou, em 1909, o Prêmio Durocher, dado até hoje a trabalhos de destaque em
obstetrícia e ginecologia.
(O Globo)
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