Alceu
Wamosy
Ó tu, que vens de longe, ó tu, que vens
cansada,
entra, e, sob este teto encontrarás carinho:
Eu nunca fui amado, e vivo tão sozinho,
vives sozinha sempre, e nunca foste amada...
A neve anda a branquear, lividamente, a estrada,
e a minha alcova tem a tepidez de um ninho.
Entra, ao menos até que as curvas do caminho
se banhem no esplendor nascente da alvorada.
E amanhã, quando a luz do sol dourar, radiosa,
essa estrada sem fim, deserta, imensa e nua,
podes partir de novo, ó nômade formosa!
Já não serei tão só, nem irás tão sozinha:
Há de ficar comigo uma saudade tua...
Hás de levar contigo uma saudade minha...
entra, e, sob este teto encontrarás carinho:
Eu nunca fui amado, e vivo tão sozinho,
vives sozinha sempre, e nunca foste amada...
A neve anda a branquear, lividamente, a estrada,
e a minha alcova tem a tepidez de um ninho.
Entra, ao menos até que as curvas do caminho
se banhem no esplendor nascente da alvorada.
E amanhã, quando a luz do sol dourar, radiosa,
essa estrada sem fim, deserta, imensa e nua,
podes partir de novo, ó nômade formosa!
Já não serei tão só, nem irás tão sozinha:
Há de ficar comigo uma saudade tua...
Hás de levar contigo uma saudade minha...
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Filho de José Afonso Wamosy, de
origem húngara, e de Maria de Freitas, foi poeta simbolista. Publica seu
primeiro livro Flâmulas, poemas, em 1913, quando já escreve para o jornal A
Cidade, fundado por seu pai em Alegrete, Rio Grande do Sul.
Adquire em 1917 o jornal O
Republicano, no qual permanece até a morte. No ano de publicação do seu Coroa
de Sonhos, no qual enfeixa sua única contribuição relevante à nossa literatura
“Duas Almas”, envolve-se ardentemente na Revolução de 1923, sendo ferido a bala
e vindo a falecer em um “hospital de sangue” na companhia da mãe e da esposa,
com a qual esposa casa-se in extremis.
É Patrono da Cadeira N.° 40 da
Academia Rio-Grandense de Letras; aclamado patrono da Feira do Livro de Porto
Alegre de 1967.
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