Pablo Neruda
Aqui eles trouxeram os fuzis
repletos
de pólvora, eles comandaram o acerbo extermínio,
eles aqui encontraram um povo que cantava,
um povo por dever e por amor reunido,
e a delgada menina caiu com a sua bandeira,
e o jovem sorridente girou a seu lado ferido,
e o estupor do povo viu os mortos tombarem
com fúria e dor.
de pólvora, eles comandaram o acerbo extermínio,
eles aqui encontraram um povo que cantava,
um povo por dever e por amor reunido,
e a delgada menina caiu com a sua bandeira,
e o jovem sorridente girou a seu lado ferido,
e o estupor do povo viu os mortos tombarem
com fúria e dor.
E não, no lugar
onde tombaram os assassinados,
baixaram as bandeiras para se empaparem do sangue
onde tombaram os assassinados,
baixaram as bandeiras para se empaparem do sangue
para se erguerem de novo diante
dos assassinos.
Por estes mortos, nossos mortos,
peço castigo.
peço castigo.
Para os que salpicaram a pátria
de sangue,
peço castigo.
peço castigo.
Para o verdugo que ordenou esta
morte,
peço castigo.
peço castigo.
Para o traidor que ascendeu sobre
o crime,
peço castigo.
peço castigo.
Para o que deu a ordem de agonia,
peço castigo.
peço castigo.
Para os que defenderam este
crime,
peço castigo.
peço castigo.
Não quero que me deem a mão
empapada de nosso sangue.
Peço castigo.
empapada de nosso sangue.
Peço castigo.
Não vos quero como Embaixadores,
tampouco em casa tranquilos,
quero ver-vos aqui julgados,
nesta praça, neste lugar.
Quero castigo.
*****
Pablo Neruda
Canto Geral
Tradução de Paulo Mendes Campos
Revista por Maria José de Queiroz
Difel/Difusão Editorial – edição 1979
Difel/Difusão Editorial – edição 1979
*Pablo Neruda: Chile 12.07.1904 – Chile 23.09.1973 - Prêmio Nobel de Literatura de 1971.
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