Casimiro de Abreu
(1839-1860)
O
poema “A Valsa” foi escrito por
Casimiro de Abreu e conta o amor de um homem ao ver uma bela moça valsando. Ela
sorria, mas ele sabia que o sorriso não era para ele. Enquanto a moça fazia
todos os passos da dança, o rapaz ficou hipnotizado, na esperança que ela
também sentisse por ele “as dores de amor” que estava sentindo naquele momento.
Tu,
ontem,
Na
dança
Que
cansa,
Voavas
Co'as
faces
Formosas
De
Lascivo
Carmim;
Na
valsa
Tão
falsa,
Corrias,
Fugias,
Ardente,
Contente,
Tranquila,
Serena,
Sem
pena
De
mim!
Quem dera
Que sintas
As dores
De amores
Que louco
Senti!
Quem dera
Que sintas!...
– Não negues,
Não mintas...
– Eu vi!...
Que sintas
As dores
De amores
Que louco
Senti!
Quem dera
Que sintas!...
– Não negues,
Não mintas...
– Eu vi!...
Valsavas:
–
Teus belos
Cabelos,
Já
soltos,
Revoltos,
Saltavam,
Voavam,
Brincavam
No
colo
Que
é meu;
E
os olhos
Escuros
Tão
puros,
Os
olhos
Perjuros
Volvias,
Tremias,
Sorrias,
P'ra
outro
Não
eu!
Quem dera
Que sintas
As dores
De amores
Que louco
Senti!
Quem dera
Que sintas!...
– Não negues,
Não mintas...
– Eu vi!...
Que sintas
As dores
De amores
Que louco
Senti!
Quem dera
Que sintas!...
– Não negues,
Não mintas...
– Eu vi!...
Meu
Deus!
Eras
bela
Donzela,
Valsando,
Sorrindo,
Fugindo,
Qual
silfo
Risonho
Que
em sonho
Nos vem!
Nos
Mas
esse
Sorriso
Tão
liso
Que
tinhas
Nos
lábios
De
rosa,
Formosa,
Tu
davas,
Mandavas
A
quem?!
Quem dera
Que sintas
As dores
De arnores
Que louco
Senti!
Quem dera
Que sintas!...
– Não negues,
Não mintas,..
– Eu vi!...
Que sintas
As dores
De arnores
Que louco
Senti!
Quem dera
Que sintas!...
– Não negues,
Não mintas,..
– Eu vi!...
Calado,
Sózinho,
Mesquinho,
Em
zelos
Ardendo,
Eu
vi-te
Correndo
Tão
falsa
Na
valsa
Veloz!
Eu
triste
Vi
tudo!
Mas
mudo
Não
tive
Nas
galas
Das
salas,
Nem
falas,
Nem
cantos,
Nem
prantos,
Nem
voz!
Quem dera
Que sintas
As dores
De amores
Que louco
Senti!
Quem dera
Que sintas!...
– Não negues
Não mintas...
– Eu vi!
Que sintas
As dores
De amores
Que louco
Senti!
Quem dera
Que sintas!...
– Não negues
Não mintas...
– Eu vi!
Na
valsa
Cansaste;
Ficaste
Prostrada,
Turbada!
Pensavas,
Cismavas,
E
estavas
Tão
pálida
Então;
Qual
pálida
Rosa
Mimosa
No
vale
Do
vento
Cruento
Batida,
Caída
Sem
vida.
No
chão!
Quem dera
Que sintas
As dores
De amores
Que louco
Senti!
Quem dera
Que sintas!...
– Não negues,
Não mintas...
– Eu vi!
Que sintas
As dores
De amores
Que louco
Senti!
Quem dera
Que sintas!...
– Não negues,
Não mintas...
– Eu vi!
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