Os navios que constituíam a frota de
Vasco da Gama – São Gabriel, São Rafael, Berrio e São Miguel – estavam prontos
para a viagem maravilhosa que permitiria encontrar o caminho para a Índia.
A beira do rio, enorme multidão
aguardava, naquela luminosa manhã de julho de 1497, a hora da partida.
Soou o sinal, e logo os marinheiros, cheios de fé e entusiasmo, levantaram
ferro e içaram as velas.
Passado o Equador, os navegantes
portugueses tudo observam: “trovoadas temerosas, negros chuveiros, noites
tenebrosas”, o Fogo de Santelmo e Tromba marítima. Chegam a Sofala,
Moçambique, Mombaça e Melinde. Guiados por hábil piloto mouro, Vasco da Gama e
sua gente navegam direto a Calicut (Calcutá). Por erro do piloto, a frota surge
diante de Capocate, pequeno porto situado duas léguas ao sul da cidade que
procuram. Aparecem muitos e ligeiros barcos da terra, e logo o engano se torna
evidente.
Após a viagem de dez meses e duas
semanas, Vasco da Gama chega a Calicut, na Índia, e o Samori recebe-o no palácio. O Rei está em uma camilha coberta de
pano de seda e ouro; na cabeça traz em uma espécie de mitra de brocado e cheia
de pérolas e pedraria. Um velho, ajoelhado, de quando em quando lhe serve o betel, folha de “erva ardente”, que ele
masca e lhe torna a saliva cor de sangue, saliva que um grande cuspidor dourado
recolhe sem impedimento de pragmática.
Decorridos dois anos de viagem, a
armada regressa a Lisboa, com as tripulações reduzidas por doenças várias: de
170 homens que partiram da praia do Restelo, em julho de 1497, apenas 55 voltam
para narrar as suas aventuras através de mares e terras desconhecidos.
A ciência e a audácia dos Portugueses
realiza o mais grandioso cometimento dos tempos modernos!
(Do Almanaque do
Diário de Notícias – 1956)
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