→ A música “Conversa de
botequim” foi feita por um fato que ocorreu com Noel Rosa em um barzinho
em que frequentava, onde tinha um garçom que, quando ele chegava, ia limpar a
mesa (um modo de dizer na época que o cliente não era bem vindo).
→ O telefone (344333) citado na
música “Conversa de Botequim” teve tanto sucesso que a empresa telefônica
da época comprou o número para fazer uma propaganda.
→ Noel Rosa era muito boêmio.
Certo dia, foram chamá-lo para participar de uma reunião de sambistas. Sabem o
que a mãe dele fez? Escondeu a roupa dele todinha, assim, ele não poderia sair.
Daí, ele fez o samba famoso: “Com que Roupa”.
→ Noel Rosa mudou os rumos da
Música Popular Brasileira. Colocou na medida exata, o peso da poesia nas composições.
Tudo o que aconteceria em nossa música nas décadas seguintes teria, de alguma
forma, sua marca ou sua influência.
→ Noel Rosa foi alfabetizado pela
mãe e, aos 13 anos, entrou para o colégio Maisonnette, cursando depois o São
Bento, onde ficou até 1928, conhecido pelos colegas como Queixinho.
→ Tudo indica, que Noel Rosa não
percebeu de início o potencial da música “Com que Roupa”, pois, além
de mantê-la inédita por um ano, vendeu-lhe os direitos pela quantia de 180
mil-réis, irrisória já na época.
→ Casou-se em 1934 com Lindaura, mas era apaixonado mesmo por Ceci, a dama do cabaré.
→ Casou-se em 1934 com Lindaura, mas era apaixonado mesmo por Ceci, a dama do cabaré.
→ Noel nasceu de um parto difícil
em que o uso do fórceps pelo médico causou-lhe um afundamento da mandíbula que
o marcou por toda a vida.
→ Criado no bairro carioca de
Vila Isabel, filho do comerciante Manuel Garcia de Medeiros Rosa e da
professora Martha de Medeiros Rosa, Noel era de família de classe média.
→ Adolescente, aprendeu a tocar
bandolim de ouvido e tomou gosto pela música – e pela atenção que ela lhe
proporcionava. Logo, passou ao violão e cedo se tornou figura conhecida da
boemia carioca.
→ Entrou para a Faculdade de
Medicina, mas logo o projeto de estudar mostrou-se pouco atraente diante da
vida de artista, em meio ao samba e noitadas regadas à cerveja.
→ Noel foi integrante de vários
grupos musicais, entre eles o Bando de Tangarás, ao lado de João de Barro (o
Braguinha), Almirante, Alvinho e Henrique Brito.
→ Noel também foi protagonista de
uma curiosa polêmica travada através de canções com seu rival Wilson Batista.
Os dois compositores atacaram-se mutuamente em sambas agressivos e
bem-humorados, que renderam bons frutos para a música brasileira, incluindo
clássicos de Noel como “Feitiço da Vila” e “Palpite
Infeliz”.
→ Noel Rosa foi apresentado ao
compositor e pianista paulista Vadico (Osvaldo Gogliano) por Eduardo Souto em
1932, quando no mesmo dia Vadico mostrou a Noel seu último samba. Noel gostou
tanto que colocou letra dando assim origem
à primeira composição das dez que os dois fizeram juntos: “Feitio
de oração”. Esta letra Noel escreveu em homenagem à Julinha, uma de suas
muitas namoradas. Também em sua homenagem Noel compôs: "Pra
esquecer", "Cor cinza", "Meu barracão" e "Vai pra
casa" esta com Francisco Matoso.
→ Foi nos braços de Lindaura que
Noel Rosa faleceu em 4 de maio de 1937, na mesma casa onde nasceu, aos 27 anos.
→ Diário da Noite, 5 de maio de
1937: “Morreu Noel Rosa”. Após alguns minutos, a cidade inteira já sabia. Noel o
popular cantor e compositor dos morros da cidade que sempre se destacou pelas
suas producções, deixa a vida para ir de encontro a um novo mundo. De algum
tempo para cá, Noel deixou de aparecer nos meios radiophonicos e recolheu-se a
um sanatorio atacado por terrivel enfermidade. Os seus "fans"
reclamaram; porém, Noel não podia attendê-los por ter necessidade de absoluto
repouso. Suas melhores producções, alías, a que lhe deu nome, foi ha alguns
annos o samba "Com Que Roupa". Depois, seguiram-se outros, e
ultimamente "João Ninguem", "De Babado Sim" e outros.
Encerra-se com o autor de "Pierrot Apaixonado", "Feitiço da
Villa", "Palpite Infeliz" e outras composições populares, uma
etapa verdadeiramente brilhante do samba de nossa terra. Noel morreu subitamente
em consequencia de um colapso cardiaco, quando na rua Theodoro da Silva n. 382,
o querido compositor encontrava-se em companhia de sua progenitora, esposa e
alguns amigos palestrando recostado no leito. (...) Cerca de 23 1/2 horas, o
"sambista philosopho" pediu que fosse tocada uma das suas
composições, no que foi attendido promptamente. Então, cantando "De Babado
Sim", Noel repentinamente deixou de viver desapparecendo da vida e
deixando saudades. Porém, suas musicas não serão esquecidas e a sua memória
será tão venerada como a dos nossos maiores compositores da musica popular. O
seu enterro será realizado hoje á tarde, saindo o feretro da rua Thedoro da
Silva nº 382 em Villa
Isabel.
Do Blog Letras.com.br
Em algum ponto de 1934, Noel Rosa foi
ao consultório do médico de toda vida – literalmente. O doutor Graça Mello
fizera seu parto, a fórceps, do que resultou o queixo deformado que marcava a
face do compositor. E recebeu uma má notícia: tinha tuberculose, doença então
mortal. A resposta foi imediata:
– Prefiro
viver intensamente que extensamente.
Saiu do consultório, voltou para o
que lhe interessava: Ceci, dançarina de cabaré por quem andava apaixonado. A
paixão se traduzia por noites inteiras de conversas regadas a muitos cigarros,
cervejas (a base de sua alimentação) e sexo. Como subproduto disso, para pagar
as contas, muitos sambas. São dessa safra Dama do Cabaré e Último Desejo, por
exemplo.
A essa altura da vida, Noel Rosa
tinha 24 anos e algumas dezenas de sambas de sucesso em três anos e pouco de
carreira – o que dá uma medida mais exata do que pode significar em seu caso a
palavra “intensamente”.
Noel Rosa foi tão genial, que deixou epitáfio
à altura: “Quando eu morrer/não quero choro nem vela/quero uma fita
amarela/gravada com nome dela”. Seu velório, em maio de 1937, foi um verdadeiro
Carnaval. No meio da festa, alguém roubou o dinheiro reservado para pagar o
enterro. E todos cantaram Noel no féretro – e daí para diante.
Jorge Caldeira
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