La vaseline
Chez un pharmacien, place de
l'Opéra,
Un monsieur fort bien mis en coup
de vent entra:
“Vite, dit-il, donnez-moi de la
vaseline!”
Le potard (1), empressé, demande
à ce client
Impatient
A quel us il destine
Le gras ingrédient:
“Est-ce pour le visage? Il
en faut de la fine...
En voici
De ci
Pure
Que sur votre figure
Sans danger vous pouvez
l'étaler...
J'en ai de boriquée (2)... et je
la recommande...”
Le client, trépignant, répond:
“Belle demande!
Je m'en fous bougrement, car
c'est pour enculer!”
(1) étudiant en pharmacie
(2) solution aqueuse antiseptique
A vaselina
Praça da Ópera: por uma farmácia
adentro
Entra um senhor bem-posto feito
um pé-de-vento:
“Estou com pressa”, diz. “Eu
quero vaselina.”
Gentil, o boticário indaga do
cliente
Impaciente
A que se destina
O graxo ingrediente:
“Se for para o rosto; é melhor
levar da fina...
Qual?
Que tal
Este artigo
Que o senhor, sem perigo,
Pode no rosto usar?
Eu por mim recomendo sempre a
boricada.”
E o cliente, a bufar: “Mas que
papagaiada!
Pouco me importa qual, pois é
para enrabar!”
Autor: Guillaume Apollinaire
(1) estudante de Farmácia
(2) solução aquosa anti-séptica
Aula de amor
Mas, menina, vai com calma
Mais sedução nesse grasne:
Carnalmente eu amo a alma
E com alma eu amo a carne.
Faminto, me queria eu cheio
Não morra o cio com pudor
Amo virtude com traseiro
E no traseiro virtude pôr.
Muita menina sentiu perigo
Desde que o deus no cisne entrou
Foi com gosto ela ao castigo:
O canto do cisne ele não perdoou.
Autor: Bertolt Brecht
Amar dentro do peito
Amar dentro do peito uma donzela;
Jurar-lhe pelos céus a fé mais
pura;
Falar-lhe, conseguindo alta
ventura,
Depois da meia-noite na janela:
Fazê-la vir abaixo, e com cautela
Sentir abrir a porta, que
murmura;
Entrar pé ante pé, e com ternura
Apertá-la nos braços casta e
bela:
Beijar-lhe os vergonhosos, lindos
olhos,
E a boca, com prazer o mais
jucundo,
Apalpar-lhe de leve os dois
pimpolhos:
Vê-la rendida enfim a Amor
fecundo;
Ditoso levantar-lhe os brancos folhos;
É este o maior gosto que há no
mundo.
Autor: Bocage
Cuerpo de mujer…
Cuerpo de mujer, blancas colinas,
muslos blancos,
te pareces al mundo en tu actitud
de entrega.
Mi cuerpo de labriego salvaje te
socava
y hace saltar el hijo del fondo
de la tierra.
Fui solo como un túnel. De mí
huían los pájaros
y en mí la noche entraba su
invasión poderosa.
Para sobrevivirme te forjé como
un arma,
como una flecha en mi arco, como
una piedra en mi honda.
Pero cae la hora de la venganza,
y te amo.
Cuerpo de piel, de musgo, de
leche ávida y firme.
¡Ah los vasos del pecho! ¡Ah los
ojos de ausencia!
¡Ah las rosas del pubis! ¡Ah tu
voz lenta y triste!
Cuerpo de mujer mía, persistiré
en tu gracia.
Mi sed, mi ansia si límite, mi
camino indeciso!
Oscuros cauces donde la sed
eterna sigue,
Y la fatiga sigue, y el dolor infinito.
Autor: Pablo Neruda
Sugar e ser sugado pelo amor
Sugar e ser sugado pelo amor
no mesmo instante boca milvalente
o corpo dois em um o gozo pleno
Que não pertence a mim nem te
pertence
um gozo de fusão difusa
transfusão
o lamber o chupar o ser chupado
no mesmo espasmo
é tudo boca boca boca boca
sessenta e nove vezes boquilíngua.
Autor: Carlos
Drummond de Andrade
Nenhum comentário:
Postar um comentário