quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

Homem que matou Solano López



José Francisco Lacerda, o Chico Diabo

Na história brasileira, ele é tratado como herói. Em território paraguaio, no entanto, é vilão e assassino. São visões distintas sobre o cabo José Francisco Lacerda, responsável pela morte do ditador Solano López, em 1870, durante a Batalha de Cerro Corá, na Guerra do Paraguai. Chico Diabo, como era conhecido, avançou sobre os inimigos e desferiu um golpe fulminante de lança de Solano, encerrando o conflito, que completa 150 anos.

José Francisco Lacerda nasceu em Camaquã, em 1848. Ganhou o apelido de “diabinho” da própria mãe quando ainda era adolescente. Aos 15 anos, teve de se mudar com os pais para Bagé, na região da Campanha, no Rio Grande do Sul. Dois anos depois foi convidado pelo coronel Joca Tavares para integrar o contingente dos “Voluntários da Pátria” que lutariam na Guerra do Paraguai.

Assim começou a história mais conhecida de Chico Diabo que, cinco anos mais tarde, já promovido a cabo, foi o responsável por perseguir e matar Solano López, em março de 1870. Depois do golpe fatal de lança, o soldado João Soares acertou um tiro no ditador. Segundo relatos históricos, a última frase de Solano teria sido: “Morro pela minha pátria, com a espada na mão”.

Chico Diabo ficou com uma faca de ouro e prata de Solano López. Por coincidência, a arma tinha as mesmas iniciais do seu nome: FL. Como recompensa, recebeu cabeças de gado e teve seu nome popularizado com a quadrinha “o cabo Chico Diabo, do diabo Chico deu cabo”.

Casou-se com uma prima, teve filhos e deixou descendentes em Bagé. “A lembrança que tenho é o que está escrito na história, o que a gente cresceu ouvindo, né? Dizem que ele atravessou com o cavalo no meio dos inimigos para matar o Solano”, conta ao G1 a tataraneta Carmen Lacerda Vargas. Os restos mortais de Chico Diabo estão sepultados no cemitério da cidade gaúcha.

Mesmo sendo tratado como símbolo da Guerra do Paraguai, os próprios parentes têm dúvidas em relação às consequências do fato. “Não vejo ele como herói. Pela história sabemos que davam recompensa para quem capturasse Solano. Então, não acho que ele tenha sido um herói. Acho que ele queria o dinheiro, na verdade. Mas também não acho que ele tenha sido o vilão da história. Eram coisas da época”, reflete Carmen, tataraneta de Chico Diabo.




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