Eurico Almeida Lara da Fonseca nasceu
em 24 de janeiro de 1898, no interior no município de Uruguaiana. Apesar de ter
sido contratado pelo Tricolor para substituir o ídolo Kunz, primeiro goleiro
gaúcho a defender a Seleção Brasileira e depois se transferiu para o Flamengo.
Lara chegou a atuar como centroavante e centromédio. Isso ainda em Uruguaiana,
honrando as cores dos times do Esperança, do Militar e da equipe do próprio
Uruguaiana.
Militar do 8° Regimento de Cavalaria,
no esquadrão de comando, Lara gostava da vidinha que levava por lá. O
“calavera”, como era conhecido – também o chamavam de Índio Xucro –, era
anspeçada, uma patente do exército entre soldado e cabo. Com farda lavada, comida
quente e uma cama macia, Lara não queria saber de mais nada. Isso até o
uruguaio Maximo Laviaguerre comentar para os dirigentes do Grêmio que todo
mundo que gosta de futebol já ouviu falar alguma vez na vida: “Lá em Uruguaiana
tem um goleiro que quando joga, o seu time não perde”. Não deu outra. O
presidente Aurélio de Lima Py encarregou o zagueiro Luiz Assumpção de buscá-lo
de trem em uma exaustiva viagem de 24 horas. E quem disse que Lara queria ir?
Retraído, o homenzarrão de 1,91m e 83 quilos fingiu estar doente para não
deixar Uruguaiana. Após muita conversa daqui, conversa dali e o Grêmio mexer
alguns pauzinhos, o arqueiro chegou a Porto Alegre. Tinha 22 anos e era o ano
de 1920. O resto está registrado em jornais da época e no Memorial do clube. Até
1935, ano de sua morte, Lara foi titular por 16 anos, atuando em 215 jogos de
um total de 315 com as cores gremistas. Abocanhou 16 títulos, sendo 11 da
capital e cinco do Estado. Chegou a ter uma rápida saída para jogar no Porto
Alegre, de onde voltou rápido, e também defendeu a seleção gaúcha e o time do
exército. Em Gre-Nais, Lara esteve em campo na Baixada em 25 clássicos. Venceu
13, empatou quatro e perdeu oito. Obteve uma sequência de cinco vitórias diante
do Inter entre 1931 e 1933. Na baixada, ele era o responsável por cuidar do
material esportivo e do próprio estádio, ou seja, aparava e molhava a grama.
Também treinava, às vezes, sozinho. Jogava a bola contra a parede e defendia a
pelota na volta. Quando salvava o time, atuava como árbitro e era muito bom no
apito.
Lara - 1926
Casado com Maria Cândida Pereira e
pai de Odessa, o mito teve como principal título o Gre-Nal Farroupilha de 1935,
conquistado contra o Inter. Nesse jogo, já doente, Lara saiu no intervalo. Não
foi direto da Baixada para a Beneficência Portuguesa como muitos dizem até
hoje. Chegou a participar de programas de rádio e esteve nos dias seguintes em
alguns lugares, inclusive apitando jogos. Morreu às 7h10min de 6 de novembro de
1935. Causa: sífilis e aneurisma da aorta descendente. O caixão, que iria ser
trasladado de carro, acabou nos braços do povo. “A pé! A pé! A pé!”, gritavam
os presentes. Seu velório aconteceu na Baixada e o sepultamento ocorreu no
cemitério São Miguel e Almas.
Talvez mais fatos pudessem ser ditos
sobre o lendário ex-goleiro, como sua amizade com o político Oswaldo Aranha ou
a única vez em que cobrou um pênalti e, acreditem, errou.
Consta nos autos que, em 1935,
Lara, já doente de tuberculose e sem condições de jogar futebol, resolveu que
ia entrar em campo para disputar um Gre-nal válido pelo campeonato
porto-alegrense daquele ano, chamado “Campeonato Farroupilha”. O Grêmio
precisava vencer para ser campeão e, com magnífica atuação de Lara, venceu. Um
esforço absurdo para ajudar o time em que jogava. O goleiro saiu no intervalo e
foi direto para o hospital. Dois meses depois, morria. Embora esse seja o fato
correto e verdadeiro, muitos preferem a história que ele pegou um pênalti e
morreu em campo, com a bola incrustada em seu peito. A verdadeira ou a falsa?
Não importa. São duas grandes histórias que fazem jus ao gremismo de Eurico
Lara.
Parte da letra do Hino
Lara, o Craque Imortal.
Soube o seu nome elevar.
Hoje, com o mesmo ideal,
Nós saberemos te honrar!
Lara, o Craque Imortal.
Soube o seu nome elevar.
Hoje, com o mesmo ideal,
Nós saberemos te honrar!
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