(Adaptação de Gibi)
Num bairro elegante de Sidney,
Austrália, vivia Garret Ponsonley, homem de boa situação financeira, que todos
julgavam bastante rico. Realmente a suposição era acertada, mas as fontes de
renda de Ponsonley é que não eram muito normais.
Garret era um refinado vigarista que,
sempre com habilidade, conseguia escapar à ação da polícia.
Vejamos um
de seus golpes.
Num sábado, pouco depois do meio-dia,
Ponsonley, impecavelmente vestido, entrou numa joalheria da rua Hunter. Queria
comprar um anel para presente e escolheu um de 300 libras . Não tinha na
hora a quantia necessária e, como era sábado, os bancos já estavam fechados.
Diante disso, a loja aceitou um cheque.
Minutos
depois, Garret entrou num restaurante próximo e pediu um almoço.
Quando o
garçom veio com a comida, Ponsonley lhe fez a seguinte proposta:
– Ouça, – disse-lhe, mostrando o
anel. Comprei este anel da Joalheria Safires há dez minutos por 300 libras e paguei com
um cheque. Preciso de dinheiro imediatamente e vendo a você por 50 libras .
E botou a
joia na mão do garçom.
– Examine.
Veja se vale ou não o dinheiro.
O garçom
compreendeu logo que o anel valia várias vezes a quantia que o freguês pedia.
– Como é? – insistiu Garret. – Eu
preciso do dinheiro com urgência. Me dê 40 libras e fique com o
anel.
– Já dou a
resposta, – replicou o garçom, indo até a cozinha,
Lá, contou a história ao dono do
restaurante, que imaginou logo tratar-se de um vigarista que tinha pago o anel
com um cheque sem fundos. Resolveu imediatamente telefonar para a joalheria.
O joalheiro, alarmado com a
possibilidade de perder a joia ou o dinheiro, comunicou-se com a polícia.
Quando chegou o detetive, o dono da
joalheria, Senhor Parkinson, levou-o apressadamente ao restaurante onde
Ponsonley almoçava. Acompanhados do garçom, dirigiram-se resolutamente à mesa
onde ele continuava comendo tranquilamente.
– É esse o homem? – perguntou
Parkinson exaltadíssimo ao garçom. – É este o homem que lhe quis vender por 40 libras o anel que
comprou por 300, na minha joalheria, pagando com um cheque sem fundos?
– É este
mesmo, - confirmou o garçom. – E tem o anel no bolso.
– Passe o
anel para cá! – disse severamente Parkinson, dirigindo-se a Ponsonley.
Este, a princípio, ficou indignado,
mas depois, parecendo perceber a inutilidade dos protestos e vendo-se apanhado
em flagrante, na presença de testemunhas, não teve outro remédio. Tirou o anel
do bolso e colocou-o na toalha.
– É este
mesmo! – disse o proprietário da joalheria, entregando-o ao detetive.
O detetive
voltou-se então para Ponsonley:
– O senhor nega o que disse ao garçom?
– Que foi
que eu disse?
– Que
comprou este anel por 300
libras na Joalheria Safires e lhe ofereceu à venda por
40.
– Claro que
sim! – disse calmamente Garret. – Não nego isso.
– Então, perfeitamente! – declarou o Sr.
Parkinson com firmeza. E virando-se para o detetive:
– Prenda
este homem sob minha queixa e responsabilidade!
– Mas,
prender por quê? – interrompeu Ponsonley. – Que foi que eu fiz?
– Você
saberá na delegacia, – disse Parkinson.
Na chefatura, o dono da loja
registrou a queixa e Ponsonley foi detido para ser levado ao tribunal na
segunda-feira seguinte.
Na manhã desse dia, o proprietário da
joalheria esperava seu advogado na sala do tribunal, quando Ponsonley pediu ao
detetive que o deixasse falar com ele.
– Senhor
Parkinson, lembrei-me agora de lhe fazer uma pequena pergunta, – disse Garret.
– Que é? –
respondeu secamente o joalheiro.
– Uma coisa bem simples, – murmurou
Ponsonley com um sorriso. – O senhor já mandou descontar o cheque?
– Não! – foi
a resposta de Parkinson.
– Então?!
Qual o motivo da minha prisão?
Parkinson ficou meio confuso e saiu à
procura de seu advogado. Encontrou-o e contou-lhe a conversa com o acusado. O
advogado aconselhou-o a dar um pulinho no banco.
No banco, Parkinson apresentou o
cheque ao pagador, que nem foi verificar se o signatário tinha fundos.
Perguntou logo:
– O senhor quer receber o dinheiro agora ou
prefere que depositemos na sua conta?
– Como?! O
cheque tem fundos?
– Claro! O
Senhor Ponsonley é um de nossos melhores clientes e sua conta é excelente.
O joalheiro
não quis receber o cheque. Colocou-o no bolso e foi falar com o advogado.
– E agora?
Que papelão nós fizemos!
O advogado
respondeu-lhe:
– Acho que foi tudo um golpe bem
dado. E sabe o que pode vir daí? Um processo por detenção ilegal, acusação
indevida, prejuízos morais etc. O assunto ainda pode lhe custar um bom
dinheiro.
E custou mesmo. Parkinson teve de
pagar a Ponsonley nada menos de 5.000 libras de indenização por tê-lo mandado
prender.
(Texto do livro
“Comunicação Interpretação”, de Roberto Augusto Soares Leite, Amaro Ventura Nunes e
Rosa Erman – Companhia Edita Nacional)
Nenhum comentário:
Postar um comentário