Uma lenda grega atribui a descoberta
da videira a um pastor, Estáfilo, que, ao procurar uma cabra perdida, a foi
encontrar comendo parras. Colhendo os frutos dessa planta, até então
desconhecida, levou-os ao seu patrão, Oinos, que deles extraiu um sumo cujo
sabor melhorou com o tempo.
Por isso, em
grego, a videira designa-se por staphyle, e o vinho por oinos.
A mitologia romana atribui a Saturno
a introdução das primeiras videiras; na Península Ibérica, ela era imputada a
Hercules.
Na Pérsia, a origem do vinho era também lendária: conta-se que um dia, quando o rei Djemchid se encantava refestelado à sombra da sua tenda, observando o treino dos seus arqueiros, foi o seu olhar atraído por uma cena que se desenrolava próximo: uma grande ave contorcia-se envolvida por uma enorme serpente, que lentamente a sufocava.
O rei deu imediatamente ordem a um
arqueiro para que atirasse. Um tiro certeiro fez penetrar a flecha na cabeça da
serpente, sem que a ave fosse atingida.
Esta, liberta, voou até aos pés do
soberano, e aí deixou cair umas sementes, que este mandou semear.
Delas nasceu
uma viçosa planta que deu frutos em abundância.
O rei bebia frequentemente o sumo
desses frutos.
Um dia, porém, achou-o amargo e
mandou pô-lo de parte; alguns meses mais tarde, uma bela escrava, favorita do
rei, encontrando-se possuída de fortes dores de cabeça, desejou morrer.
Tendo descoberto o sumo posto de parte, e supondo-o venenoso, bebeu dele. Dormiu (o que não conseguia havia muitas noites) e acordou curada e feliz.
Tendo descoberto o sumo posto de parte, e supondo-o venenoso, bebeu dele. Dormiu (o que não conseguia havia muitas noites) e acordou curada e feliz.
A lenda do vinho
Pássaro, leão e burro
Conta uma lenda que Baco, o deus do vinho - também conhecido por Dionísio - encontrou certo dia uma planta muito delicada e pequenina. Como ela era ainda muito nova e frágil, para protegê-la, colocou-a dentro de um osso de pássaro. Porém, como a planta começou a crescer e o osso ficara pequeno, colocou-a em um osso maior, dessa vez de leão. Continuando a crescer, a planta necessitava de um lugar ainda maior. Baco colocou-a dentro de um osso de burro.
Adulta, a planta deu frutos, as uvas.
Sua contínua dedicação àquela experiência, conduziu-o à descoberta do modo de
transformar uvas em um licor delicioso. Foi aí que nasceu o vinho, com a
qualidade dos seres que haviam participado de seu desenvolvimento, o pássaro, o leão, o burro, que
correspondem à alegria, força e estupidez.
A partir daí, o uso do vinho ficou
condicionado à seguinte norma grega da arte de beber (meden agán) ou seja (nada
de excessos). Aqueles que bebem vinho adquirem as duas primeiras qualidades: -
desfrutam momentaneamente de uma alegria
de pássaro e de uma audácia de leão.
Para aqueles que excedem, fraqueza e embrutecimento os esperam. Tornam-se burros de duas patas, infinitamente
mais inúteis e estúpidos que os de quatro. Embora esta lenda seja de origem
grega, povos da Índia, do Egito e da Espanha já conheciam o vinho desde os
tempos remotos.
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