(manhas e artimanhas)
Ora para a escolha de vereadores
e prefeitos, ora para a indicação de deputados, senadores, governadores e
presidente da República, os brasileiros sacam dos bolsos os títulos de leitores
e exercem o democrático direito de escolher seus representantes políticos.
Leia o texto do especialista em marketing
político, Ronald Kuntz, e conheça algumas das táticas que um candidato pode
utilizar para que o simples e decisivo X do eleitor recaia justamente sobre o
quadrinho com o seu nome.
Você sabe que um candidato é
mentiroso e tenta enganá-lo quando:
01 - possui solução para todos
os problemas e, pior, tenta provar que há recursos e que é possível resolvê-los
todos se for eleito;
02 - diz que vai realizar mais
obras e prestar mais serviços (aumentar as despesas) e, ao mesmo tempo, afirma
que vai reduzir impostos, ou mesmo que não vai aumentá-los;
03 - gasta mais tempo em
criticar os adversários e as propostas deles do que na defesa de suas própria
ideias;
04 – estimula a inveja e a
revolta dos eleitores, mostrando quanto é injusto “... tão poucos terem tanto,
enquanto muitos têm tão pouco...”, principalmente quando afirma ao mesmo tempo
em que, se eleito, os que têm pouco terão chances de ter muito;
05 – é incapaz de responder,
objetivamente a uma pergunta clara e direta ou, ao ser questionado sobre um
fato polêmico ou tema embaraçoso, finge que responde; divaga sem chegar à
conclusão; ou muda de assunto e responde outra coisa, insultando a inteligência
de quem pergunta e de quem assiste ao diálogo;
06 – tem a incrível capacidade de dizer, sempre, exatamente
aquilo que você quer ouvir;
07 – não faz nenhum inimigo; não
favorece nem contraria frontalmente os interesses de nenhum grupo ou segmento
social durante a campanha;
08 – tenta mostrar que é “macho”
e corajoso, afirmando que recebe ameaças de morte ou sofreu atentados
“covardes”, principalmente se oferecer como prova tiros na parede da
residência, do comitê ou do automóvel;
09 – ao ser alvo de boatos ou ser
criticado por erro ou fato desabonador presente ou passado, em vez de
esclarecê-lo, se esconde atrás da esposa e dos filhos, tentando fazer-se passar
(junto com sua família) por vitima de calúnia e ataques maldosos e eleitoreiros;
10 – se for um candidato
situacionista, nega que a máquina administrativa trabalhe a seu favor (ou, se
for ligado a sindicatos, nega que a máquina sindical esteja a seu serviço);
11 – as fotografias que aparecem
nos cartazes e outdoors de campanha mostram um candidato muito mais jovem do
que o que aparece na TV e nos comícios;
12 – já tendo ocupado cargos
públicos ou eletivos, ele insiste em criticar e denegrir a classe política,
como se não fizesse parte dela;
13 – ele afirma que seu único
compromisso é com o povo (ele sempre terá assumido compromissos com aliados,
apoiadores, cabos eleitorais etc.);
14 – ele tenta parecer mais pobre do que expressa a sua
declaração de bens;
15 – sem coragem de atacar
diretamente seu principal adversário, um candidato majoritário cede seu espaço
para que seu vice, ou candidato proporcional “pau-mandado”, faça o trabalho
“sujo”, veiculando a denúncia ou acusação, fingindo nada ter com o fato e
insistindo na necessidade de manter alto o nível da campanha;
16 – promete resolver problemas
fora de sua alçada (ex-vereador promete congelar o preço de bens alimentícios;
deputado promete reduzir os juros bancários etc...).
através delas o candidato também
tenta influir na formação de sua imagem junto aos eleitores. Eis o que vai por
trás de algumas de delas:
a) com criancinhas no colo ou afagando animais: boa índole,
sensibilidade;
b) abraçando pessoas de outras raças: ausência de
discriminação ou de preconceito racial;
c) trabalhando com pessoas idosas: valorização da força de
trabalho e experiência dos idosos;
d) candidato cercado de jovens: modernidade, capacidade de
compreensão dos problemas e aspirações;
e) candidato com esposa em eventos: companheirismo,
valorização da esposa como pessoa ativa e atuante (eventualmente, demonstrar
que boatos relativos a adultérios ou desvios de conduta sexual são falsos);
f) candidato com esposa e filhos
em casa: bom marido e pai, equilíbrio e harmonia familiar, apego aos valores
tradicionais;
g) candidato em templos religiosos: expressa respeito aos
credos;
h) apoio de padres, professores: atestado de boa conduta,
aval à moral pessoal;
i) candidato em mangas de camisa,
suando e com cabelo desalinhado: dinamismo, ação, disposição para trabalhar,
simplicidade;
j) candidato de terno, com
autoridade e personalidades: preparo para funções executivas, trânsito,
influência;
k) candidato em reunião de
trabalho (sempre de pé ou em posição de destaque): demonstra que tem equipe,
liderança, preparo, conhecimento superior, autoridade;
l) apoio de intelectuais: cultura superior;
m) confraternização com gente
pobre ou operários: simplicidade, fácil acesso, ausência de arrogância,
humildade;
n) abraçando ou beijando mulheres feias: bondade; simpatia;
o) com os pais: atestado de bom filho;
p) com a família inteira: harmonia e união familiar;
q) com artistas, atores,
cineastas, escritores, desportistas etc.: aval de que dará atenção e estímulo
às atividades artísticas ou culturais e desportivas.
Ronald Kuntz. In
Gilberto Dimenstein.
“Como não ser
enganado nas eleições”
Editora Ática
Nenhum comentário:
Postar um comentário