Nas primeiras horas da noite de
quinta-feira, 21 de setembro de 1967,
a chuva insistente que caía sobre Porto Alegre fez com
que a cidade se transformasse na “triste Veneza gaúcha”. A comparação foi
escolhida por Zero Hora para mostrar a gravidade da situação na capa da edição
do dia seguinte, que trazia como manchete outra frase sintomática: “águas vencem
asfalto”.
Por conta da terceira maior
enchente de sua história (até ontem, era a segunda), a Capital viu o Centro
Histórico, ainda sem a proteção do Muro da Mauá, invadido. Mauá, Sete de
Setembro e Voluntários da Pátria foram tomadas pelas águas. Alguns armazéns do
Cais do Porto foram evacuados. A cheia também chegou à Praia de Belas, que já
não era praia, mas ficava mais próxima do Guaíba do que hoje – a Padre Cacique,
cujos moradores tiveram as suas casas inundadas, era a via mais próxima do estuário
naquela região.
Sobrecarregada, a rede de esgotos
lançava água sobre as ruas. O número de flagelados no Estado chegava a 75 mil,
e 200 deles eram abrigados no antigo Parque do Menino Deus, ex-sede da
Expointer e onde hoje funciona a Secretaria de Agricultura e Abastecimento do
Estado, na Avenida Getúlio Vargas. A capacidade do parque, cujos novos
inquilinos receberam a visita do governador Peracchi Barcellos, estava
esgotada, e já se projetava que novos desabrigados fossem recebidos no Teresópolis
Tênis Clube.
Durante o final de semana, porém, a
situação melhorou. Na segunda-feira, dia 25, o jornal já fazia um balanço da
tragédia em meio a relatos de rios que baixavam e revelavam a destruição nas
cidades. O Estado começava a se recuperar do violento dilúvio, que só seria
superado 48 anos depois.
Muretas foram erguidas em frente
aos prédios da Caixa Econômica Federal e da Secretaria da Fazenda, onde o poço
do elevador foi inundado e o arquivo estava ameaçado. Na legenda de uma foto do
Cais do Porto publicada por ZH, ficava evidente o temor: “O Guaíba cresce e
ameaça repetir o drama de 1941” .
Fotos da enchente de 1967
(Do Almanaque Gaúcho de Zero Hora)
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