Preservar as tradições gaúchas é reavivar
no peito rio-grandense a chama do amor ao pago, é reacender em cada coração do
gaúcho aquele mesmo fogo de galpão em torno do qual se expande a alma do pampa,
altaneira e nobre, nos seus anseios de liberdade.” Dessa forma, Paixão Côrtes
inicia um texto intitulado Revivendo a Querência, que escreveu para a Revista
do Globo em setembro de 1953. Alguns poucos anos antes, em 1947, havia
germinado, no Colégio Júlio de Castilhos, com a criação do Departamento de Tradições
Gaúchas, a semente do que viria a ser o CTG 35, fundado em abril de 1948, e,
quem sabe, as origens do próprio Movimento de Tradições Gaúchas.
Paixão e mais alguns abnegados
defensores da cultura nativa do Rio Grande do Sul tentavam, naquele início da
década de 1950, com o esforço das suas pesquisas, esclarecer e valorizar os
mais diversos aspectos da vida do gaúcho em diversas épocas. Como ilustração da
reportagem, foram reunidos, para uma fotografia, dois gaúchos com diferentes
indumentárias: um seria o gaúcho “atual”. O outro, um gaúcho “antigo”. Uma
longa legenda identificava as diferenças. Antigamente, a “bota de garrão”,
rústica. Depois, a bota elaborada de cano sanfonado.
Antes, o chiripá, pano retangular
amarrado à cintura pela guaiaca (ou uma faixa), usado sobre as ceroulas de
crivos que caíam sobre as botas. Mais tarde, as bombachas, calças bastante
largas, apertadas nos tornozelos, com uma faixa na costura lateral com
pregueados (favos) e botões, feitas com 5 ou 6 metros de fazenda “não
enfestada”. Enfim, naquela época era preciso mostrar ao gaúcho como o gaúcho
era.
Talvez seja conveniente não incluir
um gaúcho contemporâneo nessa foto comparativa. É provável que, agora, em vez
de um bom chapéu de feltro, ele esteja usando um boné, vagabundo, de alguma
marca de fertilizantes, e, ao invés de botas, chinelos de dedo. As calças,
certamente, serão jeans. Um passado glorioso justifica o orgulho. E hoje? Somos
escravos vestidos de nobres, como no Carnaval? Ou ainda corre sangue farrapo em
nossas veias?
O futuro dirá.
(Do Almanaque Gaúcho
de Zero Hora)
Fototeste
gaudério
1 – O gaúcho está segurando um: arreador, rabo de tatu ou
rebenque?
2 – A tropilha que aparece na foto é de: tordilhos, alazões,
zainos, malacaras ou tobianos?
3 – Esta espora é uma: nazarena, pua ou chilena?
4 – Este pau de fogo era conhecido por: monte-cristo,
trabuco ou boca de sino?
5 – Estes oito paus que se erguem
do assoalho da carreta chamam-se: cambão, muchacho, fueiro ou cambota?
6 – Esta árvore é: uma figueira do mato, um umbu ou uma
corticeira?
Ontem, nos referimos a uma reportagem
de Paixão Côrtes para a Revista do Globo, de setembro de 1953, em que ele
valorizava as coisas do pampa e defendia o culto à tradição. Nessa mesma
matéria, a revista publicou um fototeste para que os leitores pudessem avaliar
seus conhecimentos e para ver se eles estavam sintonizados com os termos e
objetos do gaúcho. Parte desse teste, republicamos agora. Veja como você se
sai. As respostas estão no pé da página.
Respostas:
1 –
rebenque
2 – tobianos
3 – nazarena
4 – boca de sino
5 – fueiro
6 – corticeira
(Do Almanaque Gaúcho
de Zero Hora)
Laçador por Xico
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