TV Tupi (RJ) - Década de 1950
Ari Barroso, o gongo e Macalé*
No inicio dos anos 1950, Ari
Barroso abandona a política e vai para a TV Tupi onde comanda dois programas: Calouros
em desfile e Encontro com Ari. Inicia também sua carreira de locutor
esportivo irradiando corridas de automóveis no Circuito da Gávea e mais tarde
partidas de futebol.
Neste
programa, Ari Barroso batia em um enorme gongo quando escolhia um candidato.
E quem era o Macalé?
* (Tião) Macalé → Augusto
Temístocles da Silva Costa, mais conhecido como Tião Macalé, (Rio de Janeiro,
17 de dezembro de 1926 – São José do Rio Preto, 26 de outubro de 1993) foi um
humorista brasileiro, célebre por suas participações no programa Os Trapalhões.
Com sotaque característico, era conhecido pelo bordão “Ih, Nojento, tchan!”.
Na década de 1960, trabalhou com Ari
Barroso, no programa Show do Gongo (TV Rio), onde ao comando de Ari,
"gongava" as pessoas.
Ficou nacionalmente conhecido no
programa humorístico Balança mas Não Cai, como o “crioulo difícil” ao lado da
atriz Marina Miranda, a "crioula difícil". Tião Macalé era personagem
de poucas falas, tendo inclusive alguma dificuldade na articulação das
palavras, fato que aumentava ainda mais a sua eficiente performance como
humorista.
Histórias de Ari Barroso
(Umas são
verdadeiras; outras, nem tanto...)
No show Eu sou o espetáculo, José Vasconcelos imitava Ari Barroso, no
momento em que este estaria recebendo um candidato em seu programa de Calouros em desfile:
Ari:
– O que você vai cantar?
– O que você vai cantar?
Calouro:
– Vou cantar um sambinha.
– Vou cantar um sambinha.
Ari:
– É sempre assim. Se fosse mambo, não seria um mambinho. Se fosse bolero, não seria um bolerinho. Mas samba é um sambinha. E que sambinha o senhor vai cantar?
– É sempre assim. Se fosse mambo, não seria um mambinho. Se fosse bolero, não seria um bolerinho. Mas samba é um sambinha. E que sambinha o senhor vai cantar?
Calouro:
– Aquarela do Brasil.
– Aquarela do Brasil.
Algumas vezes era o calouro que
derrubava o apresentador.
Ari:
– O que o senhor vai cantar?
– O que o senhor vai cantar?
Calouro:
– Escrava Isaura.
– Escrava Isaura.
Ari:
– E quem são os autores desta Escrava Isaura? Aqui toda música tem autor.
– E quem são os autores desta Escrava Isaura? Aqui toda música tem autor.
Calouro:
– Ari Barroso.
– Ari Barroso.
Ari:
– Quem?
– Quem?
Calouro:
– Ari Barroso, sim senhor.
– Ari Barroso, sim senhor.
Ari:
– Sendo assim, vamos todos conhecer Escrava Isaura, de Ari Barroso.
– Sendo assim, vamos todos conhecer Escrava Isaura, de Ari Barroso.
Calouro (cantando):
– “Quem se deixou Escrava Isaura...”*
– “Quem se deixou Escrava Isaura...”*
* “Quem se deixou escravizar...”
Outro calouro resolveu cantar um
sucesso recente, Se todos fossem iguais a
você.
Ari:
– E os autores? Quem são os autores?
– E os autores? Quem são os autores?
Calouro:
– Vinicius de Moraes.
– Vinicius de Moraes.
Ari:
– E o Tom?
– E o Tom?
Calouro:
– Lá maior.
– Lá maior.
Um dos mais famosos diálogos de Ari
Barroso e Antônio Maria ocorreu na Cantina Sorrento na presença de um numeroso
grupo de boêmios (uma versão mais repetida diz que o bate-papo ocorreu na casa
de Ari, num dia que Maria foi visitá-lo quando ele (Ari) já se achava muito
doente. Mas foi mesmo na Sorrento). Ari Barros perguntou:
– Na sua opinião, Maria,
qual foi o meu maior sucesso?
– Sei lá -
respondeu o cronista, arriscando, em seguida, um palpite: – Deve
ser Aquarela do Brasil.
– Então, me faz um favor -
pediu Ari. -
Canta Aquarela do Brasil.
Antônio Maria achou ridículo o
pedido, mas Ari tanto insistiu que acabou cantando:
– “Brasil, meu Brasil
brasileiro/Meu mulato inzoneiro/Vou cantar-te nos meus versos...”
– Ótimo – cortou Ari
Barroso. -
Pergunta pra mim qual foi o seu maior sucesso.
– Está bem, Ari. Qual foi o
meu maior sucesso?
– Ninguém me ama. Agora, me peça para cantar Ninguém me ama.
Embora desconfiado, Antônio Maria
pediu:
– Canta Ninguém me ama.
– Não sei – berrou,
provocando imensa gargalhada de todos os presentes.
(Do livro “No tempo
de Ari Barroso”, de Sérgio Cabral)
Ari e outras histórias
Um dia, no
programa, um pretinho se apresenta, Ari pergunta:
– Que
música o senhor vai cantar?
– Aquarela do Brasil, de Ari Barroso.
– Muito bem! Vamos lá então.
O calouro:
– “Brasil, meu Brasil brasileiro, meu mulato inzoneiro, vou cantar-te nos meus
velsos...”
Quando soa o
gonzo e Ari, zangado, ao candidato:
– O
senhor pode até cantar nos seus velsos, mas nos meus versos não canta não!
Outro
candidato, um músico se apresenta no programa.
Ari:
– Que acompanhamento o senhor vai precisar?
– Que acompanhamento o senhor vai precisar?
Calouro:
– Um pandeirista.
– Um pandeirista.
Ari:
– Que venha um pandeirista.
– Que venha um pandeirista.
Calouro ao
pandeirista:
– Atenção, lá maior.
– Atenção, lá maior.
A hoje cantora famosa Elza Soares vai
se apresentar no Calouros em desfile e consegue emprestado um vestido maior do
que ela. Faz algumas adaptações e vai ao programa. Ari, ao ver aquela figura
franzina e com um vestido esquisito, pergunta à jovem:
– De
planeta você veio, minha filha?
– Do
planeta fome, seu Ari.
Elza cantou, foi aprovada com a nota
máxima e se tornou, a parti daí, uma grande cantora da MPB.
Um dia, uma senhora, muito fã de Ari Barroso, reclamou com
ele pelo fato do compositor nunca ter escrito nada em homenagem à sua cidade
natal, Ubá, no interior de Minas Gerais.
− Como não, minha senhora?
E Ari canta para ela uma parte do samba-canção “Risque”, dele mesmo:
Mas se algum dia,
talvez,
A saudade apertar.
Não se perturbe,
Afogue a saudade
Nos copos de Ubá.*
* Na letra: um bar
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