Casa-te
Fico triste quando não te vejo.
Casa-te, por que não? E vem viver comigo. Eu te farei tão feliz quanto possa.
Não precisarás trabalhar muito; e, quando estiveres cansada, poderás recostar
em meu colo e eu cantarei para que descanses... Tocarei para ti uma melodia ao
violino quantas vezes me pedires e tão bem quanto eu possa; e largarei de
fumar, se o quiseres... Creio que eu sempre seria muito bom para ti, porque te
amo muito. Não te farei trazer água e madeira, nem alimentar o porco, nem
ordenhar a vaca, nem ir aos vizinhos pedir leite emprestado. Queres te casar?
(Carta de um
pretendente norte-americano, século XIX)
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Meninas Travessas
As meninas travessas o espiavam,
Fitando algum tempo seu traje
incomum;
Aí uma delas abaixou-se depressa
na água,
Envergonhada porque um estranho
a vira;
Mas a outra se ergueu mais alto,
E seus dois seios claros
apareceram,
E tudo, que poderia atrair dele
o coração quente
Para seus prazeres, ela a ele
mostrou;
O resto escondeu embaixo, para
que mais desejoso ficasse.
(Rainha das Fadas,
Edmund Spenser, 1552-1599)
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Quando ela voltar para casa
Quando ela voltar para casa! De
mil maneiras
Imagino a ternura
De minha alegre acolhida; sim,
vibrarei
E a tocarei, como quando, nos
velhos tempos,
Toquei suas mãos de menina, sem ousar erguer
Os olhos, tal era minha doce
aflição.
Depois, o silêncio. E o perfume
de seu vestido.
A sala oscilará um pouco e, por
algum tempo,
Enevoados ficarão meus olhos –
até mesmo minha alma.
E haverá lágrimas, sim. E um nó
na garganta,
Por saber que tanto desmereço o
lugar
Que seus braços preparam para
mim. E o Tom soluçante
Acalmo com beijos, antes que a
face lacrimosa
Mais uma vez se esconda no velho
abraço.
(James Whitcomb
Riley, 1849-1916)
Soneto
Que à união de espíritos puros
Eu não aceite impedimentos. Não é
amor o amor
Que muda quando mudanças
encontra,
Ou se curva a quem quer
extingui-lo.
Oh, não! O amor é um marco eterno
Que inabalável enfrente as
tormentas.
É a estrela de todo barco
errante,
De brilho certo, mas valor
inestimável.
O amor não é joguete do tempo,
embora
Ao envelhecer os lábios nos
entorte.
O amor não muda conforme o dia e
a hora,
Mas chega inalterado até o fim
dos tempos.
Se me provarem que isto está
errado,
Então nunca escrevi nem ninguém
jamais amou.
(William Shakespeare,
1564-1616)
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Um Aniversário
Meu coração é um pássaro canoro
Com o ninho em broto orvalhado;
Meu coração é uma macieira
Com os ramos pensos pesados de
frutos;
Meu coração é um arco-íris
Brincando em um mar sereno;
Meu coração é mais feliz que tudo
isso,
Porque meu amor chegou para mim.
Ergue-me um dossel de seda e
lanugem;
Pendura-o com veios e corantes
purpúreos;
Decora-o com pombas e romãs,
E pavões de centenas de olhos;
Borda-o com uvas de ouro e prata,
Em folhas de prata de
flor-de-lis;
Porque o aniversário de minha
vida
Chegou, meu amor chegou para mim.
(Christina Georgina
Rosseti, 1830-1894)
(Texto e poemas do
livro “A Linguagem do Amor”)
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